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Dizem por aí que o diabo é famoso não por ser o diabo, mas por ser velho. Como não o conheço (e nem pretendo – ao menos tão cedo), fico com a versão que dizem. Já eu sou velho, também, embora nada famoso (ainda). Da minha parte, ao menos, ser velho dá a vantagem de poder vir aqui e contar todo o tipo de estória que vi e vivi com o Internacional. E outras coisitas mais. Quando a memória não me trai surge a possibilidade de refletir e chegar à conclusão que, em se tratando do Colorado, a história muitas vez não se constrói e sim meramente vai se repetindo de tempos em tempos.

Em 2008 o futebol do time do Internacional a esta época do ano, também, vinha caindo pelas tabelas. Até parece que íamos longe na Copa do Brasil, mas aí aquele segundo tempo contra o Sport lá no Recife foi irreconhecível. Mais tarde surgiu o boato que o Abel, então treinador, teria avisado no intervalo que havia cedido aos encantos da Arábia e era sua despedida. Eu sei que é boato, mas que no segundo tempo não parecia o mesmo time de antes, isso não parecia.

Abel se foi e ficamos no pincel, com o futebol de resto sendo mal conduzido nos gabinetes. Bem parecido como agora. Tanto que Fernando Carvalho foi conclamado a voltar e o fez. Também era fundamental a sua volta para conseguir domar o presidente (o inominável) e a torcida no quesito novo treinador. Tudo direcionava para a contratação de Tite, mas a pecha de gremista estava minando o Clube de dentro pra fora e de fora pra dentro. Este encontro de anseios, do Inter que precisava do Tite (como logo depois se viu) e do Tite que precisava do Inter, não teria ocorrido sem a interferência do Carvalho.

Naquele tempo eu morava na Getúlio Vargas em Porto Alegre. Como trabalhava num posto da repartição na zona norte e não mais era ressarcido por usar o meu veículo, virei um fiel usuário das linhas de ônibus da Capital. Coincidência ou não, por mais de uma vez estava na parada entre minha rua e a José de Alencar e vi o Tite cruzando na sinaleira com sua camioneta Ford Explorer, salvo engano. Ele estava parado há quase um ano, depois duma passagem sem muitos louros pelos Emirados Árabes Unidos; o frisson em torno do seu nome também havia arrefecido no cenário nacional, depois da campanha de rebaixamento do Galo e uma passagem mediana pelo Porco. Ou seja, ele precisava mesmo do Inter.

Tal qual, agora, Mano Menezes, nosso novo técnico, precisa do Internacional. Não o vi pela Capital enquanto esperava no ponto de ônibus, é bem verdade, mas todo o resto parece convergir para uma história que se repete na nossa história. Internacional que está caindo pelas tabelas no futebol, má condução da matéria nos gabinetes, chamada de um figurão (Paulo Autuori) para tentar dar um rumo pra coisa e um novo treinador que não é unanimidade nem na direção e nem na torcida.

Mas que o Internacional parece precisar dele, parece e muito. E ele, que já não goza do mesmo prestígio de outrora no cenário nacional, após campanhas medianas e de quase rebaixamento por outros times; afora passagem sem muito destaque pelo mundo Árabe, também precisa (e muito), repiso, do Internacional.

E se possível for traçar um mano a mano entre atualmente e antes, com o perdão do trocadilho infame com a alcunha do Luiz Antônio – entre este e o Adenor Leonardo, ambos com a Seleção Brasileira no currículo – gize-se, e agora com a história do Internacional. Que o resultado mais uma vez se repita com o Inter, então com Mano Menezes. Afinal, como eu disse a pouco, em se tratando do Colorado a história muitas vez não se constrói e sim meramente vai se repetindo de tempos em tempos.

E eu topo, pois, mais esta reprise.

 

CURTAS                                                                              

– Bastou meia hora de entrevista coletiva para Mano Menezes fazer o que a direção do Inter não conseguiu em dezesseis meses: levar a imprensa no bico;

– Futebol admite redenções, a todo tempo, e eu mesmo espero que isso aconteça agora com o novo treinador. Mas não venham me atochar Rodrigo Dourado, por favor;

– Meu amigo Airton Kwitko, permita-me lhe referenciar assim. Não nos conhecemos mas nutro profunda admiração pela tua história aqui no BV. Velho não só pode como deve beber whisky. O problema, no meu caso, é o que vem depois: o azedume da prenda. Sigo bebendo, admito, mas com uma moderação até certo ponto angustiante;

– A maioria aqui desgosta do D’Alessandro, eu sei. Só que ninguém chega onde ele chegou por acaso e isso todos temos de reconhecer. A despedida derradeira ainda lhe foi a total afeição, mostrando que tem estrela. Um velho como eu se permite à emoção e D’Alessandro assim me proporcionou algumas vezes. Valeu, Andrés!

 

PERGUNTINHA

A diretoria, enfim, contratou um técnico de verdade?

 

A PARTE

O diabo é SÁBIO não por ser diabo, mas por ser velho. E eu transformei em FAMOSO. A velhice, meu bom Cássio, permite-me fazer de conta que é licença poética quando, em verdade, é que estou esclerosado mesmo. Afora que nunca fui sábio. Grato pelo pertinente apontamento.

 

Nos iludamos, Povo Colorado!

PACHECO

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