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Alguns meses antes de deixar, em definitivo, a repartição em Porto Alegre, chegou por lá o Humberto. Ele não viera para me substituir, mas talvez tenha o feito (ou tentado) quando saí. Era um sujeito pacato, que tinha estudado cartografia (ou algo assim) na faculdade, não falava muito não por ser tímido, que até não parecia ser: falar não era uma atividade de predileção na sua vida, em suma. Fumava em quantia, todavia. Aliás, fumava muito mesmo para um jovem rapaz. Não sei o quanto era jovem, mas o era perto de mim, um veterano naquele lugar.

O problema todo é que o Humberto era indolente. Engana-se quem acha que o funcionário público, de regra, é descansado. Tem desses, reconheço, mas é um em vinte. Ou ao menos era assim na minha época. Pois o Humberto destoava daquela turma que, se estava longe de ser perfeita, funcionava muito bem a julgar que não tinha uma chefia imediata. O Humberto não fazia nada se alguém não mandasse. Nós mesmos, colegas do mesmo patamar, tínhamos de chamar sua atenção a toda a hora e ele sequer disfarçava sua falta de vontade de fazer o que lhe cabia e, além disso, ajudar os colegas. Vez ou outra se dedicava a contar algumas histórias, como da loja que sua família tinha ou teve no nosso litoral. Ao menos serviu para eu repensar e muito da ideia de ser senhor de mim mesmo com o próprio negócio.

Pois assistindo ao Internacional nesse último jogo logo lembrei do Humberto: que time mais indolente! O primeiro tempo parecia um amontoado em campo de jogadores que achavam que a qualquer momento iam desatar a fazer gols. Claro que isso ocorreu no segundo tempo, mas me preocupa muito essa mentalidade galgada na indolência. Times vencedores, de fato, esticam a corda ao máximo para sagrarem-se campeões. O time Colorado precisa esticar a mesma corda tão somente para ganhar dum timeco qualquer, lanterna do poderoso Equatorianão e que veio aqui para passear com os reservas e tirar fotos do nosso Beira Rio. E ainda assim tiveram de fazer força para ganhar, tomando um gol que surgiu de um erro de passe… indolente!

Ser indolente é diferente de ser presunçoso. Este segundo detém o rei na barriga, enquanto o primeiro sabe que seu talento é limitado, mas a preguiça lhe impede de buscar a superação disto. Essa parece a delimitação cognitiva daquilo que é o time do Internacional. Um time que é inimigo do gol e que precisa se dar conta que por vezes fazer o simples é o melhor caminho. Menos é mais. Já diria o grande Dadá Maravilha que “não existe gol feio, feio é não fazer gol”.

Bingo!

O time do Internacional tem que se preocupar em botar a bola pra dentro da casinha; jogar bonito, dar show de bola, talvez lá na frente, quando a coisa já tiver quase resolvida. Mas a indolência impede que o time mediano se esforce um pouco mais, eis que há a presunção de que são craques, a princípio. Isso na visão de dentro pra fora. Se acham craques os nossos “craques”.

Soube depois que o Humberto não foi longe na repartição. Aquele lugar não era para indolentes. Pois bem. O futebol também não foi feito para indolentes e espero que o Internacional, seu asseclas e seus “craques” se dêem conta disso logo. Logo mesmo.

Mal se corta é pela raiz.

 

CURTAS                                                                    

– Ganhar de goleada já não é fácil e ainda temos de assistir 3 gols do Rodrigo Dourado. Colorado não tem um dia sequer de paz. Nem mesmo nas vitórias;

– Divulguem o Dourado como centroavante matador e o vendam enquanto está no auge;

– Empates contra Avaí, Polenta e Cuiabá foram péssimos resultados. Discordar é passar pano em gelo;

– Disse aqui outrora que na falta do centroavante, David poderia ser o titular por ali mesmo. Esqueçam! Estou velho e claramente esclerosado;

– O time Colorado além de indolente é conformado. Adversário é adversário e não amigo que sofre. Quem tem pena no futebol acaba num galinheiro. E não como galo;

– Jogador que se acha estrela e depois de ganhar de um time de morto vai para as redes sociais mandar “recadinho” pra torcida, só mostra o “porquê” não ganhamos nada. Até parece que fazem favor em jogar no Internacional…

 

PERGUNTINHA

Segue a lua de mel com Mano Menezes?

 

Vamos nos iludir de novo, Nação Colorada!

PACHECO

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