4.8
(25)

É com olhar de indiferença que assisti mais uma atuação patética do Internacional. Não olhei o primeiro tempo e soube do resultado no intervalo. Dei azar de conseguir ver os “melhores” momentos e, numa simbiose sadomasoquista, resolvi acompanhar o resto, afinal, a derrota havia sido sacramentada na escalação. Aliás, mais uma pra conta do perdido Diego Aguirre.

O lado bom de estar indiferente ao que está acontecendo é que a raiva até existe, mas já não passa mais raiva vendo o Inter jogar. Jogar? Tá bom, forcei a barra, admito. Colorado em campo é um amontoado de boleiros. Não tem nada. Absolutamente nada. É uma essência perdedora consagrada.

Muitos relacionamentos se encerram com brigas, discussões e divergências insuperáveis dentre as partes. Mas quando acaba pela indiferença de um para com o outro, ou de ambos entre si, parece até mais triste, afinal, é como se uma vida toda vivida fosse jogada fora.

Pois bem, não vou dizer aqui que eu avisei que a esperança em Aguirre era só mística mesmo. Não farei tão somente para tentar ter um pingo de coerência, afinal, eu disse neste espaço, na sequencia, que ia apoiar, mesmo não concordando. Vou me permitir, todavia, dizer o que penso enquanto sócio eleitor dessa atual gestão: me sinto enganado.

O espúrio ‘ideal’ de projeto de clube, no pós eleitoral, parece configurado de tal forma que a raiva, aquela que me parece adormecida, até tenta aparecer por um breve momento; mas reluta, afinal, ali no processo de escolha, a coisa era feia. Se corresse o bicho pegava, se ficasse comia. Esqueceram estes que lá estão (ou não sabiam – o que é ainda mais grave) que o projeto administrativo de um clube de futebol começa sempre pelo… futebol.

Moral da história o torcedor Colorado está próximo de ser apenas um zumbi, que sonha em retornar à vida mas é passado para trás dia após dia. A cereja do bolo, neste contexto, foi a cena (hipotética ou não) da última alteração promovida pelo treinador:

Narrador: “Inter vai pra última mexida, agora é tudo ou nada”

Repórter: “Vem aí Lindoso”.

Narrador: “É, o Inter vai pro nada mesmo!”

Obviamente a brincadeira (com fundo de verdade) não é minha; tá rolando por aí, mas é irretocável. E cereja do bolo para ser cereja do bolo tem de vir com garbo e galhardia: Lindoso não só entrou, fez seu sétimo jogo (ou seja, não sai mais como já se previa), mantendo dois volantes perdendo em casa, como foi capitão.

C A P I T Ã O !

Perdoai-vos, Fernandão, eles não sabem o que fazem. Literalmente.

Sei que chego ao final com um texto meio psicodélico, que até parece emprestar pouco sentido aos parágrafos, mas que lógica de vida tem de ser Colorado, afinal?

Sábado tem clássico e não existe time que não ganhou. Existe time que não enfrentou o Internacional. Definição simples como uma básica conta de adição. E na soma dos pontos, ao final, nobres paisanos Colorados, não será nada fácil alcançar o número mágico de 45.

Nada mesmo.

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