4.9
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Não posso falar sobre algo que não vi. Falo do jogo de ontem, obviamente. Aliás, não vejo o Inter jogar há dois meses, ainda que futebol mesmo não sei há quanto tempo o Internacional não desempenha. Um caso raro aqui e acolá e nada mais do que isso. Mas, eu poderia falar sobre o jogo mesmo sem ter visto, afinal, é sempre mais do mesmo: Patrick, incontestável, não sai do time de jeito algum; incontestável, obviamente para o treinador Aguirre.

Ontem, ao que li por aí, chegou a colocar o jovem Gustavo Maia do lado errado do que sempre jogou para não tirar o “craque” do time; Moisés já ter vestido a camisa do Inter (e seguir o fazendo) beira o escárnio; Daniel e Bruno Mendez devem ter sido os (únicos) destaques positivos. Errei? Acho que não, este time do Internacional é muito previsível. E só isso.

Ou seja, até os mais condescendentes da torcida já devem ter chego a mesma conclusão que eu venho aqui falando antes mesmo da contratação: Diego Aguirre não serve para treinar o Internacional. Simplesmente não aconteceu na carreira, perdeu o time. Simples. Quem duvida disso não quer enxergar a verdade e que siga então no seu mar de ilusão; que é boa pessoa eu não duvido, mas futebol é negócio que visa RESULTADO. Não se pode fazer do Clube uma confraria de amigos com a indolência da torcida.

Pois bem.

No meu divã, ao menos no meu, cheguei a pensar que o Internacional deveria ser uma espécie de ansiolítico às frustrações da vida diária. Até que num belo dia, ou cinzento – quem sabe, eu descobri que o Internacional na realidade se mostra a maior frustração do meu dia-a-dia. Sei que torcer para um time de futebol é saber conviver com o passional, com alegrias e tristezas, mas a verdade é que torcer para o Internacional é como se algo sugasse tua alma pouco a pouco e o que deveria ser um momento de lazer, sentar defronte à televisão para assistir um jogo de futebol, passou a ser para este que vos escreve algo dispendioso.

É como se fosse aquele brinquedo que duma hora pra outra perdeu a graça. Parece que torcer e sofrer para com o Inter perdeu a graça.

Claro que isso não é culpa do Aguirre, tão somente. Mas ao certo é que o que se esperou dele foi sempre uma falácia, uma expectativa em cima duma campanha pontual e que acabou de forma melancólica também por causa dele. Essa é a verdade nua e crua. De fato ele foi demitido na hora errada, naquele momento, mas seria igual mais para frente porque já não mais oferecia algo de producente ao time. Então, pouco ligo para os que acham que exagero, pois, como dois mais dois é quatro, o treinador Aguirre por certo tem seus dias contados no comando do Colorado.

Não sei se tem tratamento essa minha heresia de querer largar o Inter; ou quem sabe seja até um ato de sanidade. Talvez eu deva mesmo frequentar um divã para o fim de conseguir olhar o futebol do Inter de forma esperançosa, com olhar para o futuro. Falo desse time. Passar a pensar (sonho, provavelmente) que é só uma fase, que no final do campeonato nos livraremos de algumas tranqueiras e que em 2022, enfim, possamos entrar nos eixos. A começar pela tranqueira Diego Aguirre.

O grande problema é que não é um divã para dois. E o Internacional, que precisa bem mais de terapia que eu, para se reencontrar no rumo efetivo de sua história, este parece que jamais vai buscar análise. Daí não adianta, seguiremos apenas na velha roda gigante: girando, girando, girando, para sempre voltar pro mesmo lugar ao final.

Tudo na vida cansa e torcer para o Internacional é só mais um episódio que, mais cedo ou mais tarde, vai acontecer pra todo mundo. Todo mundo.

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