CAMISA VERMELHA
Numa das minhas tantas andanças por aí quebrando galho pela repartição conheci o filho do Carlos, o Bento. Hoje virou moda reviver algumas alcunhas do passado, mas naquela época quando o guri chegava atrás do pai naquele prédio velho em que trabalhávamos, pensava que logo ele bradaria uma nova revolução.
E de certa forma, talvez a tenha feito mesmo.
O guri era muito Colorado. Lembrava, inclusive, o meu filho do meio que igualmente havia alicerçado amor pelo Clube em meio a dor e a desesperança daquela maleza que foi a década de 1990. Mas já era 2000 e a coisa não havia mudado muito: afinal, era o Caxias na final contra eles.
Disse-me o Bento que precisava reagir ou os Colorados já escondidos em sua classe da escola iriam acabar por desaparecer. Os azuis eram mordazes, presunçosos e bobalhões. Seu ideal de revolução era um só: tinha que ter uma camisa do Caxias para vestir no dia seguinte à derrota deles.
Mesmo que jamais tivesse sonhado em usar um manto que não fosse o Colorado, aquilo seria um bofetão tão grande nos gremistas, uma submissão à humilhação, que era um “escárnio” que estava disposto a fazer. Complementava ele que os deuses colorados iriam lhe perdoar (e a conversa chegava a me assustar, afinal, era um guri com aquelas estórias…).
Não lembro quantos telefonemas tive que dar, era outro tempo, mas consegui uma camisa grená e lhe dei de presente. E não é que o Caxias venceu mesmo o campeonato?
Fui relembrando dessa história ao longo do primeiro tempo do nosso último jogo. Isso, pois, já que o toque de bola do time da serra me fez dar conta que não vi o Internacional fazendo o mesmo ainda neste ano, véspera de abril – mês de aniversário do Clube e do nosso Gigante.
E mês em que as crianças, enfim, terão de sair da sala.
Começarão todos os campeonatos importantes do ano e esse início nos dirá como vai terminar 2023. E ainda não temos o time que precisamos, o grupo, o treinador parece que se perdeu sem meio aos seus próprios discursos. O time parece sem fôlego e força. Uma vez mais estamos à cata de qualquer cidadão que pareça com um jogador de futebol, para fichá-lo nos últimos minutos do período de contratações. Na esperança que cheguem, saiam jogando e endireitem o time.
Enfim, seguimos tentando montar na égua pela cola.
Dias antes daquela final me mandaram para outro canto do Rio Grande e eu não pude presenciar a revolução colorada do jovem Bento. Mas penso ter sido libertadora, triunfal e de lavar a alma. Chegou agora a hora de uma nova revolução colorada, por nossas pernas, desta vez partindo do próprio time em campo. Libertadora. De lavar a alma.
A diferença é que para isso vestiremos o nosso alvirrubro manto, esta camisa vermelha que tantas e tantas glórias já presenciou. Relembrando como se encanta o mar velho colorado, se joga bonito e se dá show de bola.
A revolução neste momento é nossa! De camisa vermelha. Com uma cachaça na mão, é claro. Para começar a festa.
E não deixar que ela termine tão cedo.
CURTAS
– Mano Menezes me pareceu acuado. Ou, então, preparando o bote para mostrar que quem manda é ele. Não sei… Mas torço para que seu ego seja o vitorioso. Assim, ganharemos também;
– Boatos que não conseguimos sequer tirar um jogador do “pujante” futebol japonês. As vezes é cansativo, confesso;
– Fim de março e alguns jogadores ainda não jogaram em 2023: Bustos e Vitão, por exemplo;
– Não vai muito elogiei aqui Carlos de Pena. Começou como um refrigerante 2 litros, com todo o gás. Mas, inexplicavelmente, já está sem o mesmo;
– Nosso goleiro Keiller precisou tomar uma bochada nos beiços para lembrar a razão de ter virado o guarda redes titular;
– Vai ver tem mais uns ali que precisam resolver suas crises numa boa troca de socos. Nada é tão revigorante…;
– É preciso de paciência com a base, falo de Matheus e seu erros na última partida. Mas, também tá faltando voltar ao tempo que jogador mostrava logo a que vinha. É muito paternalismo;
– Entendo que a atual direção privilegie o respeito às contas do clube e busque sempre o melhor negócio. Mas camisa 5 não temos há 6 meses. Não me passa outra definição pela cabeça senão esta pura e simples: incompetência.
PERGUNTINHA
Casa cheia no domingo. Todos ao Gigante, Nação?
A hora é agora Torcedor Colorado. Veste teu manto e nos vemos no Beira Rio!
PACHECO