A CAMISA 11
Foi Lula o camisa 11 do melhor Inter que eu vi jogar. O time bicampeão brasileiro. Que timaço! Logo, não me parece heresia afirmar que Lula talvez tenha sido o maior camisa 11 da história do Sport Club Internacional. Um ponta esquerda craque de bola, agudo, que ia pra cima do adversário e fazia gol (o primeiro contra a dita “máquina tricolor” na semifinal em 75). Baita jogador! Pois, infelizmente, Lula morreu na semana que passou, talvez merecendo até mais reconhecimento pela sua história no Colorado que, é bem verdade, ele tinha só que merecia mais.
Lula era um ponta esquerda da época em que atacante atacava. O objetivo era atentar contra o gol adversário e vencer. O Inter de Lula ainda fazia isso desfilando bom futebol em campo: Vacaria, Carpegiani e Lula – que lado esquerdo! Vejamos, hoje: atacante tem que ajudar na marcação (???). Um bando de bagre correndo atrás de lateral, deixando as coxas grossas e mortos em campo na hora de passar pelo adversário e chutar a gol. Nem falo em fazer, aí já é querer demais dessa geração de videogame segunda linha. Falo em chutar no que chamamos desde sempre de goleira.
Foi Lula um camisa 11 com galhardia. Que entusiasmava o torcedor. Que jogava futebol de verdade. Aliás, pouco se fala no peso da camisa 11 na história do Internacional, mas, se pararmos para analisar, em todas as campanhas vitoriosas quem usava esse número sagrado era destaque do time. Em 1979 não tinha mais Lula, mas tinha Mário Sérgio. O vesgo era outro que jogava demais. Em 1992, na única Copa do Brasil que temos, ela foi usada por Caíco que, se acabou não vingando como se esperava, era sim promessa de craque. Foi o golaço (de craque) dele na final nas Laranjeiras que nos trouxe vivos para Porto Alegre. Depois, tomo a liberdade para falar dum camisa 11 que era um baita jogador, mas por aqui marcou seu nome apenas num gauchão: Sandoval. Aquele time de 1997 fez fama pela dupla de ataque, com razão, mas que Sandoval jogava o fino da bola, jogava.
Aí veio 2006 e o título da Libertadores ganhamos já em São Paulo com dois gols antológicos do camisa 11: Rafael Sobis. No Japão a 11 era envergada por outra promessa de craque, Alexandre Pato (também na Recopa do ano seguinte), que fez o primeiro gol Colorado no Mundial de Clubes que nos levou ao topo maior do futebol. Já em 2010, o gol mais importante daquela Libertadores, na fumaceira de La Plata, foi do camisa 11. Antes disso, na Sulamericana de 2008, a 11 era do Magrão que era um jogador de raça e qualidade. Agora, a maior venda da história do clube até então foi do camisa 11. Yuri Alberto não ganhou nada, é verdade, mas nos deu alegrias dentro de campo em alguns jogos e talvez esses pilas possibilitem em breve um novo ciclo vencedor.
A camisa 11, portanto, representa muito mais na história do Inter que qualquer um aqui lembrava. E toda lembrança da 11 do Inter em campo, para mim, começou vendo o Lula. Lula que nos deixou, mas não seus feitos com o manto sagrado número 11 do Internacional. Esses são eternos.
Valeu, Lula! E muito…
CURTAS
– Assistir o Inter jogar me faz lembrar os replays em câmera lenta da Band, nos anos 90;
– Edenilson parecia uma barata tonta em campo, ontem. Logo ele reencontra os amigos Moisés e Dourado. No banco. E nas vaias;
– De nada adianta ter um armário de centroavante e não cruzarem uma mínima bola pro rapaz;
– Caio Vidal desperta em mim o pior dos sentimentos: saudade do Mazinho Loyola;
– Internacional já trocou tanto de técnico e de projeto nos últimos anos que o melhor negócio que podemos fazer é torcer muito para que agora dê certo. Senão será uma eterna roda gigante. Mas Cacique tem que se ajudar para que possamos fazer o mesmo por ele.
PERGUNTINHA
Demora pro Taison desembarcar no Beira Rio seria fruto do impasse entre Rússia e Ucrânia?
Fraterno abraço povo do Inter!
PACHECO