Malandro
Acaso eu cantasse numa roda de samba, talvez acordasse já cantarolando, com uma adaptação que vem a calhar com uma realidade latente ao povo Colorado:
“Malandro, só peço favor de que te tenhas cuidado As coisas não andam tão bem pro teu lado Assim você mata [a torcida] de dor”
Tomei a liberdade poética de começar este post parafraseando, com a licença no final, um samba de raiz de Jorge Cruz e João Batista de Alcântara. Sou gaudério, com orgulho, mas acima de tudo um admirador da arte verdadeira e de música boa. Pensei justamente nesse trecho da obra para falar do Internacional e a vitória de ontem; mas também se encaixa no Patrick, que bastou um bafo na nuca da vaia da torcida para fazer dois jogos menos medíocres e dois gols, sendo o primeiro um daqueles da categoria golaço.
Aliás, já vos disse aqui mesmo nos momentos em que já fora, em tese, taticamente importante pro grupo, que no meu Internacional Patrick não jogaria, por ser um jogador insuficiente, a meu ver, para o tamanho e as pretensões do Colorado. Mas, a verdade é que até bem pouco tempo atrás eu era uma voz dissonante e para a maioria o Patrick de ontem é um jogador valoroso para o grupo.
Então tá… Malandro é ele que leva uma galera no bico e que ontem foi a desforra com dois gols. Será que a lesão muscular também foi malandragem? Com todo respeito, é muito pouco um jogador desse perfil para sonhar com, enfim, algo a mais. Por falar em algo a mais, malandro também é o Moisés que resolveu tentar jogar futebol quando enxergou a torcida beirando o gramado… Há quem diga o melhor em campo, o que só posso interpretar como heresia.
Em linhas gerais, Daniel falhou no gol mas salvou depois; Gabriel Mercado ainda parece sem ritmo de jogo, porém, pelo segundo tempo mostrou a que veio; PV foi invenção de novo no meio; Maurício é um jogador com perspectivas e ferramentas; Yuri Alberto é um centroavante com certeza, alcançou o modo matador!
No mais, preocupa essa onda de lesões musculares e Johnny talvez tenha, finalmente, mostrado o futebol que se espera dele. Talvez. Rodrigo Dourado deu duas assistência, uma belíssima para o primeiro gol Colorado e uma patacoada para o gol adversário (é um jogador que para o bem de todos deveria encerrar seu interminável ciclo ao final desta temporada); falando nisso, Saravia foi mole no começo da jogada do gol e piorou quando não conseguiu fazer a cobertura.
Nos demais casos, o normal da espécie ao que concerne ao futebol já característico de jogadores e do time, como um todo, do Internacional. Apenas um adendo: desliguei a TV (no VT) quando vi Zé Gabriel se preparando para adentrar em campo. Foi demais pra mim.
Malandro, ao fim e ao cabo, talvez seja eu que tenho vivido de VT e não vi futebol para 3 gols; corrigindo-me: para uma vitória que ao final pareceu maior do que foi; sofremos muito e de forma desnecessária. Todavia, a essa altura do campeonato, preciso admitir, que malandro mesmo é quem vence os seus jogos.
E se por acaso eu ainda tivesse pensando na roda de samba, talvez pudesse cantarolar:
“Malandro, eu ando querendo falar com você
Você tá sabendo que o [preencha a lacuna] morreu…”
Ué… Não tinham dito que era imortal?