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Nas minhas idas, vez ou outra, pra matar a saudade de São Chico, rever algum patrício que ainda teima em estar vivo e nesta época quem sabe até mesmo juntar algum pinhão, a caminho de Cambará ou até Capela dos Ausentes, andava apenas cruzando pelo Vale sem adentrar. Visitar Novo Hamburgo me traz boas lembranças dum passado não muito distante e um bocado de desalento do que virou a cidade. Lembra um pouco daquela música cuja poesia quando aplicada à realidade não nos demonstram tanta “Gentileza”: “Apagaram tudo. Pintaram tudo de cinza…”.

Só que daí, imbuído naquele singelo pensar na lembrança de tudo que de bom que a gente já viveu, enfim – entrei, e segui rumando para os locais que eu conhecia, cujo caminho – ao menos, permanece inalterado – em que pese alguns radares caça níquel maculando dentre árvores que ainda insistem em estar ali.

Fui recordando do Beto, que já retratei alguma vez por aqui, e por mais que não tenha sido um amigo daqueles do peito, merece minha especial reverência, afinal, foi o árduo trabalho dele que fez-se assegurar a esperança numa porção de jovens Colorados, num tempo que vestir o manto alvirrubro era quase que um demonstrar de sofrimento que parecia nunca chegar ao seu fim.

O trabalho a que o dia de hoje reverencia nunca foi somente aquele braçal.

Falando em trabalho, penso que a torcida Colorada neste momento esteja apreensiva com o serviço prestado pelo Professor Roger e o desempenho do time em campo, a partir daí. A instabilidade se mostra evidenciada quando passamos ‘trabalho’ para vencer de um time que, embora mereça todo nosso respeito, deveria ter feito do Beira Rio um mero turismo encantador pelo Sul do Brasil. Batemos recorde de cruzamentos à área adversária, infrutíferos pelas razões expostas e, embora afanados por decisões desastrosas do soprador de apito, precisando se preocupar mesmo é com o já dito desempenho, afinal, tivéssemos feito o dever de casa, a relevância das decisões da arbitragem seriam apenas “ponto e contraponto”.

A vitória miserável de terça-feira foi culpa única e exclusiva do desempenho sofrível do time do Inter. Ponto e sem contraponto.

Adentrei no bairro Vila Nova e antes mesmo de cruzar na rua do Beto fui até a esquina, que outrora detinha uma farmácia, cujo dono era fiel no carteado, e hoje está um Posto Ipiranga. A velha Sociedade Palestrina segue lá, firme e forte, embora tenha perdido parte da sua história, eis que trocaram o verde esmeralda da fachada por um cinza água morna desses da moda. Aliás, pago um liso de canha pra quem me provar onde está a criatividade de pintar qualquer coisa de cinza. Nos finais de semana sempre tinha galeto na Palestrina e o Beto era um dos assadores. Foi em volta daquela churrasqueira, a propósito, que o vi pela última vez há mais de vinte anos. Não deu tempo de lhe dar um abraço, afinal, o dever lhe impedia de abandonar aquele local sagrado.

Voltei a pé, tentando relembrar o que mais não tinha mais naquelas ruas em que vivi e fui feliz; e descobri que até mesmo a casa de madeira onde morava o Beto se foi. Hoje é apenas um terreno quem sabe a espera de um novo sonhador e com sorte Colorado em prol das gerações que ainda virão.

Não pensei o pior. Naqueles instantes que ali defronte fiquei com os olhos fechados, apenas voltei no tempo para relembrar das peripécias daquele amigo Colorado, um trabalhador como poucos que conheci na vida.

Um trabalhador dos sonhos e da esperança de uma porção de crianças Coloradas que, graças ao Beto, aprenderam a ter resiliência para esperar tudo de bom que logo depois fez pintar toda uma Nação de vermelho.

Um trabalhador de fé. Fé no Internacional de Porto Alegre.

 

CURTAS                                                                              

– Professor Roger Machado merece os louros do trabalho desempenhado até aqui. Contudo, tem flertado com um discurso que tem sido bem mais bonito que o que seu time faz em campo;

– Fez bem em defender o Valencia, ao mesmo tempo que “cutucou” os atacantes, em geral, que precisam de uma luz alta;

– Defesa institucional é, sim, necessário. Torcedor, todavia, não precisa deter o mesmo pragmatismo;

– Por exemplo, embora um entusiasta com a chegada de Enner, já não nutro mais esperança de que este jogador, ainda, vire uma certeza no Internacional;

– Wesley, que lembremos perdeu o pai de forma trágica e não vai muito, ainda me parece que vai se reencontrar, todavia;

– Vou torcer pelo garoto da F1, como nunca, porque no futebol tudo é questão de oportunidade. Tem dois na frente dele que quando se precisa não aparecem. Que seja o destino conspirando a favor do guri;

– Já disse mais de uma vez que a Direção precisa restar sempre atenta, diligente e atuante. Ou, vão nos afanar mais uma vez;

– Apesar das últimas atuações, estou surpreendentemente confiante para este mês que se adentra. Vamo, Vamo, Inteerr!

 

PERGUNTINHA

Tu conheces alguém que “trabalhou” pelo Internacional?

 

Trabalhar sempre, Colorado, para seguir no topo!

 

PACHECO

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