5
(25)

Cada vez mais nostálgico, reconheço que a vida ficou bem mais breve, mais efêmera e subjetiva nos dias atuais, de modo que o problema (em não concordar com isso) não está nos adventos da realidade e, sim, em mim mesmo. E quando eu acho que vi de tudo, uma churrascaria que sempre frequentei pois era daquelas tradicionais, cujo único tempero é o bom e velho sal grosso e com direito a tonel de banha e tudo mais, implantou “ilha de sushi” no seu “portfólio”. Nada contra o sushi (e muito menos a favor), mas o que fez o restaurante existir e se manter no mercado até hoje é aquela palavrinha mágica que tem antes do nome do estabelecimento. A palavrinha mágica? Churrascaria.

Logo, colocar sushi em meio a um case de sucesso, afinal ninguém dura mais de uma década sem qualidade, é muito mais uma questão de (falta de) personalidade do que de necessidade, convenhamos.

E o futebol não foge, igualmente, desta dura realidade. O craque Colorado da Camisa 7, o gigante Valdomiro Vaz Franco, foi muito criticado quando ascendeu aos profissionais do Sport Club Internacional. Era vaiado ainda no velho túnel do Gigante da Beira Rio, antes de adentrar em campo. Poderia ter esmorecido, pedido para ir embora, ter isso ser feliz e reconhecido com a camisa de outro clube. Contudo, fracassar vestindo o manto do seu Clube do coração não era uma opção. Não fazia parte de sua personalidade. Então, Valdomiro se dedicou mais, treinou mais e nas horas de folga ainda calçava uma espécie de sapatos de ferro para tornar suas pernas mais fortes e com isso alçar mais bolas na área para consagrar seus colegas centroavantes; ou para torná-lo o exímio cobrador de faltas que foi.

O resto a história nos conta e ele também. Qualidade sim, obviamente. Como também, personalidade. Muito disso.

Pois hoje em dia, assim como na vida, o futebol e a relação do jogador para com a camisa que veste é breve, efêmera e subjetiva. Comprometimento é momentâneo, pontual e, diante dum eventual insucesso, logo o desejo de sair do Clube a qualquer custo para que possa se tentar enganar em qualquer outra agremiação. E de preferência ganhando ainda mais dinheiro. Nem preciso elencar aqui: somente no grupo atual temos pelo menos três ou quatro que claramente parecem não querer estar mais no Beira Rio, preferindo buscar “novos ares” à luta pela integridade e a felicidade da “volta por cima”. Uns já até o fizeram. Quase ninguém quer mais assumir o “risco” de fazer história, de ter sua foto no museu do Clube ou nos corredores a caminho do campo e do vestiário.

Falta personalidade ao jogador de futebol atual até para o mais básico de uma carreira na área: querer vencer.

Exagerado e rancoroso que sou, peguei um ranço tamanho com essa história de sushi em minha churrascaria de predileção que simplesmente decidi que não mais boto os pés lá tão cedo. Para não ter de ver aquele peixe colorido sobre uma mesa que chamam de ilha, mas também para não ter de faltar com educação com o dono quando vir até mim com aquela cara cínica para avisar que “agora temos uma ilha de…” Arrghhh!

Deveria o Internacional também investigar sempre o passado dos jogadores que quer trazer e, para além dos salários pomposos, ter a certeza de que o boleiro tem a personalidade necessária para envergar suficientemente uma camisa com o tamanho e o peso da nossa. Não é só o jogador de futebol que tem que querer jogar no Inter, mas sim, o Colorado ter a certeza absoluta que o jogador merece estar e jogar aqui.

E por falar em personalidade e ilha, creio que nada mais resta a um velho Colorado e rabugento como eu do que se mudar, o mais breve possível, para uma remota e deserta ilha para bem longe da pobreza da realidade da vida atual. Basta ter lá uma boa e velha churrascaria de verdade…

“Vou-me embora pra Pasárgada. Lá sou amigo do Rei…”  

 

CURTAS                                                                              

– Professor Roger Machado, enfim, parece ter apresentando o seu cartão de visita no campo tático;

– Mas seguimos desperdiçando muitas chances de gol e com uma dificuldade homérica de colocar a bola na casinha;

– Proposta por Wesley e que deve ter mexido com o jogador, afinal, não é mais guri e talvez não detenha outra chance. Problema é que atacante não veio na janela e já se precisava antes mesmo dessa notícia;

– Chegou Braian Aguirre, vulgo Café, e parece que a principal virtude para um lateral o rapaz tem: a feiura;

– Ouvi ou li por aí que apostamos num jogador de Gana. Incrível como o Brasil é limitado nesse quesito de prospecção em mercados alternativos. Tomara que dê certo;

– Não sei vocês, mas eu teria dado ao menos um gauchão nos profissionais para o garoto Enzo, filho do Fernandão. Teria realizado o seu sonho (e o do pai, certamente). Personalidade mostrou que sempre teve, para bem além de muito guaipeca que já vestiu nosso manto sagrado…

 

PERGUNTINHA

Acreditas que agora vai, Povo Colorado?

 

Tem que ter personalidade para jogar no Internacional! E para torcer por ele…

PACHECO

How useful was this post?

Click on a star to rate it!

As you found this post useful...

Follow us on social media!