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Quando morei na serra pela última vez decidi retomar minha faculdade. Na época uma associação de estudantes fora criada para o fim de arrecadar subsídios da prefeitura para custear o transporte que, saindo praticamente de graça, me motivara a retomar os estudos, completados depois de – ainda – alguns anos pela frente. Morava numa casa um pouco afastada do centro da cidade, então deixava meu carro – um Fusca branco, estacionado pela avenida principal.

Naquela época era tudo diferente. Recordo que um cidadão famoso na cidade deixava seu Opala aberto e com a chave na ignição e nada acontecia, afinal, ninguém haveria de querer afanar o carro do doutor fulano de tal.

Eram outros tempos, afinal.

Numa das tantas noites de viagens cansativas, principalmente, na volta da faculdade, um temporal medonho atingiu a cidade, talvez até pior que este que tivemos na madrugada por todo o Rio Grande. Recordo que o susto já fora grande na estrada, com muitos galhos caídos. Ao chegar ao destino, já com a coisa mais calma, peguei o meu ‘Fuca’ e fui pra casa: mulher e filhos a me esperar.

Ao chegar na minha rua, um poste de luz caído e, obviamente, tudo tomado por um quase breu. Não tinha como chegar de carro até em casa, ainda que faltando pouco mais de 400 metros. Por um momento pensei em voltar, dormir no sofá da repartição no centro da cidade. Todavia, pensei na aflição da minha senhora e quem sabe até dos guris pela chegada do pai. Um deles, certamente, afinal, sempre detestou o breu e a escuridão…

Foi naquele instante em que notei um clarão e era fogo. Algo ardia em chamas e era próximo da minha casa. Recordei que, horas antes, o terreno em frente tomado por mato e capoeira havia sido limpo e o dono mandou roçar e queimar tudo. Não tendo apagado direito, o vento restara de alimento a alguma centelha escondida no meio do mato e que voltou com tudo e não era brincadeira.

Pois aquele poste que me impediu de chegar em casa talvez tenha sido um sinal: sem telefone na vizinhança, não fosse eu voltar ao Centro e buscar os Bombeiros, não sei o que teria acontecido à casa do outro vizinho, lindeira daquele fogaréu todo. Para chegar ao local os bombeiros amarraram correntes ao poste e conseguiram acesso com o próprio caminhão feito de guincho. E dali se seguiram horas de trabalho para apagar aquele fogo.

O boato de uma possível volta de Alexandre Pato ao Internacional nada mais é do que aquele fogo posto no mato e na capoeira que não se apagou e, se bater um vento, vai virar num incêndio de proporções inimagináveis. Colocar Pato no nosso vestiário, que parece azeitado para o bem – um jogador que há bastante tempo deixou de ser atleta e que possui o ego mais inflado que o futebol que desempenhou em uma década, parece-me uma fagulha perigosa, como estopim a “um incêndio de proporções inimagináveis”.

A falta de títulos do Sport Club Internacional, aliada ao saudosismo de muitos e a angústia de uma nova geração pela glória, nos colocas nestas encruzilhadas entre a razão e a emoção, quando o coração parece querer falar mais alto com o sonho e a esperança de ver o fenômeno Alexandre Pato acontecendo mais uma vez.

Só que são outros tempos.

A verdade é que Pato desistiu de ser um fenômeno da bola e não é de hoje, tampouco de ontem ou anteontem. Ele já desistiu do Inter em outra oportunidade, igualmente. O futebol não é mais o mesmo e Pato também. São outros tempos e o Alexandre do nosso imaginário não existe mais.

São outros tempos, pois, e montamos um time enfim para comprovar isso. Pato, data vênia, é passado.

Vamos em frente Colorado, que é para frente que se anda.

 

CURTAS                                                                              

– Espero que não passe de boato essa história. Principalmente a de que Coudet gostaria de ter o Pato no seu time;

– Em campo o time segue criando bastante, mesmo numa jornada ruim como a última. Falta estufar mais as redes, contudo;

– Na partida da serra ficou explícita da sonolência em campo que já venho falando aqui e vai algumas semanas;

– Apresentaram Bernabei e ele pareceu saber aonde está. Que tenha sucesso com nosso manto sagrado;

– Falando em manto, confesso que ainda não me decidi sobre ter aprovado ou não do mesmo. A quantidade exagerada de branco ainda me pega um pouco. Vou esperara para ver como ficará com o Rafael Sobis vestindo e me defino;

– Rochet pediu a camisa 1, algo natural. Só espero que sua estrela consiga superar o trauma dos últimos que usaram deste número pesado, que anda parecendo quase que um fardo;

– Gosto do Pato, não nego. E tanto por isso quero que fique, somente, no imaginário – do guri craque de bola – e na história do Sport Club Internacional.

 

PERGUNTINHA

Gostaram do grupo do Internacional na Sula Miranda?

 

Sigo confiante de que se o Inter quiser ganhar, vai ganhar. Tudo!

PACHECO

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