OUTRA HISTÓRIA
Não tem muitas coisas na vida que permitem tão rápido a redenção tal qual o futebol. As vezes bastam alguns minutos de distância entre a falha e a glória; entre entregar um gol e fazer um gol. E o passionalismo do torcedor permite a solução mais simples, basta o saldo ser positivo ao final da partida que todo o resto pouco importa. Nós somos práticos e lúdicos. Iludimo-nos por pouca coisa, afinal.
Aquele povo que mora do lado de lá da fronteira, a que chamamos de castelhano (não me venham com “hermano” que não sou irmão de quem não gosta de mim) consideram que a Copa Libertadores da América começa, a rigor, agora. A fase de grupos eles levam quase que sempre em “banho maria”. Jogam o suficiente (quando muito) para se assegurarem na próxima fase e nem a benesse de poder jogar a segunda partida do mata-mata em casa os faz se animar um pouco mais.
E vejam que ainda que com esse ar de indolência (na realidade é presunção, típico desta gente), ainda assim eles têm muito mais títulos que nós brasileiros. Aliás, nós também não podemos nos queixar, afinal, com a história do “futebol arte” vivemos “deitados em berço esplêndido” há bastante tempo.
Não, não podemos nos orgulhar do futebol apresentado pelo Internacional na primeira fase da competição, mas não há do que falar do resultado. Jogamos no máximo pro gasto e ainda assim lideramos o grupo. Não difere das últimas partidas no campeonato nacional, jogamos meramente pro gasto e ganhamos de times que conseguem ainda jogar pior que o futebol que o Inter vinha apresentando. O melhor primeiro tempo na temporada foi ontem, ainda que já havíamos mostrado outros lampejos de futebol até mesmo na Libertadores.
No cômputo geral quem sabe até foi a melhor partida, se alinharmos desempenho e (necessidade) de resultado. Não sofremos efetivamente, soubemos fazer transições de qualidade, melhoramos no sentido coletivo do que significa jogar futebol e achamos algumas peças que, se não são a oitava maravilha do mundo em matéria de jogador de futebol, ao menos sabem fazer um feijão com arroz honesto. Falta bastante? Sim. Ainda tenho desconfiança no trabalho do treinador? Muita. Mas vou me permitir sonhar, afinal, não tem muitas coisas na vida que permitem, tão rápido, a redenção tal qual o futebol; as vezes, bastam alguns minutos de distância entre a falha e a glória.
Certa feita treinei o time do meu guri mais velho numa interséries de futebol de salão. Era o melhor time, disparado, mas eles perderam o primeiro jogo para uns piás de bosta. Entraram desligados e meu guri, como goleiro, falhou num dos gols sofridos. Trabalhei somente o mental e troquei o goleiro. Sim, coloquei meu próprio filho no banco. Por problemas no joelho (que lhe acompanham até hoje), não treinava há quase dois meses para poder disputar a competição. Perdeu reflexo e agilidade, crucial para um goleiro de salão. O time não perdeu mais e terminou a primeira fase jogando “pro gasto”, porém ganhando.
Antes do primeiro jogo da fase final fomos pro vestiário e eu só disse uma coisa: “a cota de sorte vocês já usaram toda, agora é outra história. Joguem futebol que ninguém vai segurar vocês”. Foram campeões.
A cota de sorte o Internacional já usou toda nesta primeira fase da Libertadores. Agora é outra história. Se jogar futebol e com o acréscimo de qualidade, ninguém segura um campeão.
Que saibamos que a Libertadores começa mesmo agora. E agora é outra história.
CURTAS
– Mano Menezes melhorou em relação a ele mesmo. Faz dias que vem enxergando a mesma ‘falta de futebol’ que eu. Torço para que seu ego seja vitorioso. Assim, ganharemos também;
– Maurício é um bom jogador para os padrões atuais. Deveria ser melhor reconhecido;
– Satisfeito com a ‘estreia’ do Luiz Adriano… O que não faz uma luz alta…;
– Mas tem dois que seguem devendo e muito: Carlos de Pena e Vitão.
– Já Renê precisa se reencontrar depois da lesão. Lição que também vale para Bustos;
– É preciso reconhecer que Rômulo é uma grata surpresa, operário da bola. Tal qual Jean Dias, ainda que as vezes as pernas lhe atrapalhem;
– A sinergia da torcida com o time voltou. Que todos aproveitem para transformar isso em momentos mágicos;
– E que a diretoria aguente o rojão financeiro e tome coragem. A hora é agora!
PERGUNTINHA
Vamos de novo, Nação Colorada?
Nunca duvidem do Inter, do Beira Rio e de seu Povo. Nunca duvidem do Colorado!
PACHECO