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Quis o destino que minha formatura na graduação em Direito tenha sido justamente no dia do advogado, numa noite fria de agosto na época em que inverno era inverno mesmo. E nos idos da década de 1990 ainda não era comum a contratação de produtoras para realizar as solenidades, quando as faculdades se responsabilizavam também por isso. Logo, creio que minha turma foi uma das primeiras que usou deste artifício.

Sequer recordo se fez alguma diferença. Não havia música de entrada, sessão de fotos pra isso e aquilo. Eram duas fotos, apenas: uma com toda a turma e outra individual, de toga. A expectativa da solenidade era o tão sonhado e esperado diploma e a obrigação o prestar de juramento, este que já desde aquela época muitos colegas não seguiam, admito. Mas piorou de lá pra cá, também é verdade. Simples como a vida, de modo que a participação da tal produtora era muito mais importante para ela mesmo do que para nós os formandos.

O “porém” da história foi a única exigência da produtora: já no dia das fotos referidas e depois a se repetir na solenidade, e apesar da toga, deveríamos estar no pleno uso de gravata e na deveria ser na cor vermelha, cor do curso de Direito. Imprescindível. Sempre gostei de vermelho por motivos óbvios; usar uma gravata vermelha era quase que uma honra. Só que achar a tal gravata “lisa” e toda vermelha foi um exercício naquele tempo. Não sou afoito a moda, mas já consegui perceber sozinho que tudo é um ciclo, e na década de 90 só se viam gravatas listradas, de todos os tipos e gostos. Não havia estas gravatas de fresco tipo slim, importante referir.

Ora, moda é não inventar moda; convenhamos.

Por falar nisso, custei muito a acreditar que, de fato, o Internacional ia permitir o lançamento de uma camisa nestes moldes, tipo a nova branca lançada dias atrás que tem uma listra vermelha que parece uma gravata mal parida. Aliás, até mesmo para mim, um arredio das redes sociais, já chegou a montagem com o icônico personagem do “Seu Madruga” usando uma roupa de marinheiro que, verdade seja dita, é bem parecida com esta nova camisa do Internacional. Aliás, não somente a listra é o problema, como também a tal “borda de catupiry” que diz a torcida: cada vez maior, chegará o dia que será mais representativa que o próprio escudo Colorado.

Nem aquelas camisas que encontramos em camelôs teriam tamanha audácia de diminuir a marca do Clube como faz a atual fornecedora de material esportivo ano após ano.

Quem me conhece aqui e na vida real sabe que apoio o Sport Club Internacional sob todos os aspectos e enquanto meus guris moraram comigo, ganharam um novo manto oficial a cada novo lançamento. Nem no momento mais esgualepado dos cobres eu deixei de cumprir deste ritual; de modo que o que eu vou falar aqui, o faço com um aperto imenso no coração: conseguiram deixar medonho um manto sagrado Colorado. Que coisa mais despropositada.

Pois depois de muito bater perna na época, da Capital ao Vale do Sinos, achei uma lojinha de porão dum velho Senhor alfaiate no bairro de Hamburgo Velho que, avesso a modismos e gravatas com listras, tinha da gravata toda vermelha pra mim e um ou outro Colega que também lhe recorreu. No fim, enfim, deu tudo certo e todos estavam elegantes com suas gravatas vermelhas na solenidade.

Não gostei nada da camisa, mas, se vier algum título este ano usando-a não serei o hipócrita que seguirei achando feia. Moda é não inventar moda, todavia, paixão de torcedor admite lá suas exceções.

Ao certo é que ficar ou não elegante nesta nova camisa vai depender mesmo é do time do Internacional. Somente ele pode querer estar numa cerimônia em que será o próprio homenageado.

E neste dia, sem sombra de dúvidas, estaremos todos nós aqui na plateia aplaudindo.

 

CURTAS                                                                              

– Quero crer que Coudet já tenha reparado que o mais do mesmo não tem surtido muito efeito. Ora de arriscar um pouco;

– Contra time cambaleante tem de vencer sempre, a começar por hoje;

– Contra um time de veteranos, sobremaneira a meia cancha, tem de ser povoada por jogadores leves;

– Noite para Rômulo, Bruno Gomes, Robert Renan, Gabriel Carvalho e por aí vai. Começaria até com o tal Lucca Drummond, o poeta;

– Apesar da mediocridade do time sub 20 que perde até para a sombra, cai de maduro o grandalhão Ricardo Mathias no grupo profissional;

– Victor Wolff, o menino prodígio do BV, não gostou da camisa titular e detestou esta reserva. Mal dorme direito à noite. Não julgo;

– Se tem estreia do hermano por lá, mais uma razão para vencer e vencer bem;

– Domingo é dia de Gigante da Beira Rio. De camisa vermelha e cachaça na mão!

 

PERGUNTINHA

Gostou da gravatinha vermelha, Colorado?

 

Pelo passado recente, hoje só a vitória interessa. Pelos anseios do Inter, também.

PACHECO

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