ESTRATÉGIA

Depois do Tropa de Elite, o conceito de estratégia: “em grego strateegia, em latim strategi, em francês stratégie…”, quase que ficou redundante – ainda que no âmbito do futebol nem todos saibam da sua real utilidade. Se é bem verdade que a bola as vezes premia os preguiçosos, essa não é a regra e tal exceção será cada vez mais remota nos tempos atuais. Digo isso para alertar acerca da maratona de jogos que teremos nos próximos cinquenta dias, sem a mesma condição financeira que boa parte dos nossos adversários diretos em âmbito nacional e, tanto por isso, a mesma capacidade e qualidade de reposição.
Logo, optar pelo foco em uma das competições que disputaremos (ou duas), talvez seja mais que a lógica, e sim, uma estratégia de sobrevivência e de sucesso.
Quando alcançava cerca de três décadas de serviços dedicados à repartição, entendi que era hora de começar um processo de transição para atuar na profissão a qual busquei me capacitar por anos infindáveis nos bancos universitários. Como povoava minha mente um receio explícito de meramente largar o “certo pelo duvidoso”, de início busquei conciliar ambas as atividades. Para tanto, tive a perspicácia de alugar uma sala no mesmo prédio da repartição, com uma brevíssima diferença de oito andares dentre ambas. Pensei que aquilo me faria estar presente e, ao mesmo tempo, ser um fantasma em ambos os locais. A forma como me apresentaria (ou não) e superaria (ou não) os desafios, dependeria da exigência de cada atividade.
Começou dando tudo certo. Ou ao menos eu achava que estava dando certo. Com o passar dos meses, todavia, meu próprio escritório passava a me consumir cada vez mais e, por outro lado, eu tinha o meu compromisso para com a repartição. Não demorou para eu entender que estava na ‘velha encruzilhada da vida’ onde o caminho a ser tomado depende do relacionamento com uma também veterana: a escolha.
Ainda que eu tenha aprendido uma vez só que: escolher é perder sempre.
Eis que é muito provável que o Sport Club Internacional esteja trilhando a trote largo pelo caminho cujo destino (ao menos) inicial seja a ‘velha encruzilhada da vida’. E chegando nele, para um Clube de futebol que tem uma dívida que só aumenta e cujos recursos para formação de, pelo menos, dois times combativos para colocar em campo são inexistentes – ainda aliado talvez a um pouco de falta de perspicácia dos nossos comandantes – seja a hora de refletir qual caminho a seguir: as Copas ou o Campeonato Brasileiro.
Dum lado, uma Copa do Brasil apenas, já no longínquo ano de 1992 e amparada no foguete em forma de pênalti do zagueirão Célio Silva. Em paralelo, a busca pelo tri da América que já nos teve ao alcance das mãos não vai muito tempo, afora que renovada a oportunidade pintar o mundo de vermelho novamente a partir daí, fazendo a torcida chorona do nosso rival ter engolir, ainda que na marra, quem realmente manda e desmanda por aqui.
Do outro lado, mais de quatro décadas esperando para ver o Internacional ser campeão brasileiro e erguer a taça das bolinhas uma vez mais, ainda que sabendo que nem é mais assim, para o lamento da estética futebolística. Afora que estando usando uma camisa em homenagem a 1975 e a nossa primeira glória do desporto nacional, é chegada a hora de encarar esta sina que deve ser muito nossa por justiça: o título do brasileirão.
Todavia, ter de escolher é perder sempre. E estratégia, também, é saber reconhecer que quem tudo quer, tudo perde.
Tanto por isso que depois de mais de trinta anos de serviços prestados à repartição, entendi eu que era chegada a hora de dedicar a mim mesmo, por uma razão de lógica e amor próprio, no mínimo. Segui em frente e fui escrever outras histórias de glória.
Tanto por isso que depois de mais de quarenta e cinco longos anos, eu enquanto torcedor Colorado também não tenho dúvida qual estratégia seguir na ‘velha estrada da vida’, entendendo o Sport Club Internacional que é chegada a hora de reviver sua própria história e se voltar ao destino, por amor próprio, onde tudo começou. Escrever novas páginas da glória do desporto nacional.
A estratégia – portanto, “em grego strateegia, em latim strategi, em francês stratégie…”, é ser tetra campeão brasileiro.
O Inter precisa e merece ser TETRA!
CURTAS
– Professor Roger não estava numa boa noite, na terça. Escalou mal e, ao menos em parte, mexeu mal também;
– Tirar Wesley e Bernabei para colocar Nathan e Ramon precisando ganhar de um time horroroso diz pouco do resultado do jogo, mas evidência que faltou ao Professor Roger uma boa dose de ambição;
– A estratégia de buscar o empate a qualquer custo e garantir o mínimo pareceu mostrar que o mínimo bastou quando alcançado;
– Resultado de terça-feira valeu pela capacidade de reação do time e só. Nossa atuação, a rigor, beirou à mediocridade;
– Oscar Romero é bom de lançamentos e uma boa arma para o segundo tempo;
– Se precisa agora entender que há muito não jogamos nada na primeira etapa dos últimos oito jogos, pelo menos. Que esta última patifaria sirva, enfim, de parâmetro definitivo para acordar pra vida;
– Fernando é um senhor (literalmente) jogador de futebol!
PERGUNTINHA
De novo: qual o limite do time do Inter?
Eu quero ser TETRA!
PACHECO