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Mesmo passados muitos anos sem adentrar na velha casa centenária que foi da minha bisavó e depois dos meus pais, poderia descrevê-la com certa riqueza de detalhes, afinal, os momentos únicos que passei ali a memória nunca teve a audácia de querer me tirar. Indo mais além, sou capaz de afirmar que quase tudo naquele meu rincão continua do mesmo jeito que sempre foi, afinal, nós do interior (e preciso me incluir nisso) não somos muito adeptos a mudanças.

Daquela velha casa, parte de madeira e parte de barro, tenho tantas ótimas lembranças, principalmente dos meus pais. A Senhora minha mãe tinha uma cozinha que era um brinco, fecho os olhos e vejo ela sob o fogão à lenha na sua arte de cozinhar que era incomparável; nos cafés da manhã fazendo ovo frito para bajular os netos esfomeados, eu sentado no lado da mesa que tinha o banco, eis que nunca tive coragem de sentar na cadeira que foi de meu pai. A velha geladeira a gás ao lado da janela que dava pra invernadinha do fundo ou a televisão à bateria que eu já conheci visitando os meus.

Quando faço uma retrospectiva da minha vida, fecho os olhos e me vejo lá fora, onde a felicidade era uma parte constante a cada novo dia que raiava após o berro do gado na janela do meu quarto. Sei que está tudo como deveria estar e sempre esteve. Por isso reconheço que o que passa na minha imaginação não é ilusão, mas sim reflexo da realidade.

Pois olhando o Internacional, ontem, a disputar a sua última partida deste já quase derradeiro ano de 2023, penso que tudo está como deveria estar. Falo, obviamente, da presença de Eduardo Coudet no comando técnico do time. Claramente não é infalível, tem suas teimosias como qualquer bom treinador as tem, mas enxergo naquilo que propõe Chacho o mais perto do futebol histórico que levou o Internacional aos seus feitos mais relevantes.

Não quero aqui ensinar padre a rezar missa. Contudo, se eu voltar no tempo para além das lembranças da minha terra e minha gente, recordo-me que aquele time da década de 1970 além de desfilar técnica em campo, detinha algo primordial em mente: vencer sempre. O primeiro gol era apenas o cartão de visita ao adversário, quase sempre outros tantos viriam. Não difere do time de 2006, ressalvado o mundial por razões óbvias, ou mesmo 2010. Nossas equipes campeãs para além da técnica tiveram sempre coragem.

Um time para ser vencedor precisa para além da técnica e da vontade de vencer, coragem!

E coragem ao Chacho Coudet nunca faltou, mesmo nos momentos mais difíceis desde seu retorno. Jogar com time alternativo o campeonato nacional porque, sim, era possível ganhar la copa, foi um ato de coragem. Aguentar “no osso” as críticas da nossa malfadada imprensa, dos gaiatos do “caça click” e dos torcedores desafortunados que se prestam a acreditar nesse tipo de gente, foi um ato de coragem. Diria mais: aceitar assumir o comando do time e ter de desfazer aquela gororoba tática foi o maior ato de coragem da carreira de Coudet e, só por isso, já se sabe que é muito mais Colorado que uns que se dizem assim por aí.

Tal qual a cozinha da senhora minha mãe onde tenho absoluta que tudo está no mesmo lugar em que sempre esteve, Eduardo Coudet também o está. E é assim que deve permanecer.

Que não nos falte a serenidade e a…coragem de reconhecer que o 2024 precisa começar sem mudanças. O futuro, mesmo, já começou meses atrás.

 

CURTAS                                                                              

– Repiso-me: Chacho Coudet pode ter alguns defeitos e sim, obviamente os tem. Mas sua maior qualidade supera qualquer ranço negativo: quer vencer sempre;

– O que não significa que não precisamos reforçar (e muito) o time. E qualificar (e muito) o plantel;

– Fosse meu o talão de cheque, viriam dez jogadores: goleiro, zagueiro titular, LE titular, centromédio titular, meia pro lugar do Maurício titular, meia pra reserva do AlanPa, dois centroavantes e um ponta de lança;

– Sim, a conta deu nove e não dez. O décimo jogador deixo à escolha dos Nobres Amigos do BV;

– Depois daquele impedimento criminoso no primeiro gol do nosso 10, digo sem medo: o VAR tem que acabar (!);

– Gabriel Barros claramente sente ainda o peso da nossa camisa. Mas me conferiu uma ponta de esperança depois daquela bela assistência;

– Sábado tem eleição. Gostei do que li no último texto aqui do meu bom Bruno, um guri ainda que sei que vai contribuir bastante com o nosso Inter. Pelo que tenho visto sua Chapa 9 está fazendo barulho, tal qual fiz quando tentei presidir a associação do funcionários da Repartição. Se faz barulho é porque está no caminho certo. Tens meu apoio, portanto;

– Não existe mágica ou milagre no futebol. Já disse aqui que em matéria de futebol, e somos um Clube de futebol, ambos os candidatos à Presidência do Internacional são inqualificáveis. Então, para nós torcedores qualquer decisão é muito difícil. Todavia, ainda assim, é possível visualizar claramente, a meu ver, que tem um que é um pouco menos pior que o outro. É o caminho menos torto!

 

PERGUNTINHA

Alguém tem coragem de não querer Coudet de técnico?

 

Coragem aos sócios que irão votar no sábado. Coragem!

PACHECO

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