COPA SE GANHA

Obviamente o jogo de ontem era um “simples” confirmar de vaga à próxima fase, cuja propagação de terror passou mais pela imprensa, todavia lembrei um pouco – uma vez mais – daquele 16 de agosto de 2006. Um dia chuvoso, como ontem e hoje que segue. Havia, igualmente, toda uma desconfiança no ar, seja naquele tempo porque nunca havíamos ganho uma Libertadores, seja agora pela “ausência” da equipe dentro de campo em matéria de desempenho, por vezes uma caricatura do time que ganhou o regional não vai muito.
Revi dias atrás um velho Defensor Público que conheci numa Comarca de interior há bastante tempo. Já aposentado, hoje está na advocacia privada, no gozo dos seus mais de 1500 plenários de Júri já realizados. Observador que sou, notei que na bancada de Defesa, representando um dos outros réus, um jovem Advogado no início de carreira. Com cara de pavor sei bem, afinal, também já passei por isso. O jovem advogado estava meio sem saber por onde andar, porém tudo mudou quando aquele experiente Tribuno começou sua explanação.
Professoral, com gestos e histórias que prendiam a atenção dos jurados; sem deixar de ser combativo a enfrentar apartes tendenciosos de promotores que só visavam quebrar-lhe o raciocínio e facilitar o sorver de sua sanha (quase) sempre punitivista. No atuar do velho Tribuno, o jovem Advogado pôde aprender e entender como poderia e deveria desempenhar o seu papel naquele Plenário. E, principalmente, perceber que em meio aquela peleia infausta entre o bem e o mal, não estava ali sozinho.
Lembrar daquela final de 2006 é lembrar de Fernandão, sempre. Poderia fazer muitos textos abordando a admiração que sem exceção tive (e tenho) por ele, mas hoje me apego a questão da “presença” que ele representava. Dentro e fora de campo. Explico.
Obviamente a sua liderança, por si só, não assegurou aquele título. Só que foi por causa dela que galgamos a possibilidade de disputar a taça. Nos momentos difíceis e quando as derrotas superavam as vitórias, lá estava ele emprestando a si mesmo em prol do resto do grupo; quando nos tomaram título na mão grande, lá estava ele para assegurar que os dias de tempestade um dia iriam acabar; e quando a festa parecia contagiar mais que a própria glória, lá estava ele para lembrar aos seus pares que foi com os pés no chão que tudo de melhor foi alcançado.
Sem a mesma pompa e jamais tentando traçar alguma comparação, enxergo em Rafael Borré um jogador extremamente necessário para um grupo que almeja ser vencedor. A personalidade não é a mesma de Fernandão, mas os objetivos, sim: alcançar a glória com a camisa Colorada. Marcar seu nome e sobrenome na história do Clube.
E para tanto entrou em campo ainda longe de sua melhor forma física. Combateu, voltou para marcar, atacou a bola e fez gol de centroavante. Fez gol decisivo. Ele que fora contratado para ser decisivo, fez cumprir sua promessa contratual. Muito antes, fez gol da vitória em clássico e, na final quando a coisa precisava acabar duma vez, entrou para apatifar o jogo e assim o fez com valentia e maestria.
E assim vai marcando seu nome e sobrenome na história do Internacional.
Após seu gol da virada e a já tradicional continência à torcida, fez um sinal pedindo calma para nossa hincha que, a meu ver, soou muito mais como uma demonstração de que todos poderiam se sentir em paz, afinal ele e o time sabiam o que precisava ser feito. E na manifestação do jogador que gosta de ganhar, o jovem Torcedor Colorado que estava ali e ainda tem muito para viver, pôde aprender e entender que Copa Libertadores não se joga, se ganha. E, principalmente, perceber que em meio aquela peleia infausta entre o bem e o mal, não estava ali sozinho.
Copa Libertadores não se joga, se ganha!
CURTAS
– Professor Roger Machado resolveu retomar o case de sucesso que lhe trouxe até aqui e o time, enfim, pareceu o velho Inter a que nos acostumamos;
– Em que pese a falta de posse de bola e um contra-ataque adversário perigoso na primeira etapa, quem ditou mesmo o ritmo da partida foi o Inter, do início ao fim;
– Não gostei do Bruno Henrique no primeiro tempo, mas melhorou no segundo e deu passe pra gol. Um bom reserva e nada mais. Maia segue enfeitado e a cabeça continua longe;
– Anthoni, ontem, mereceu os elogios. E Café Aguirre está jogando mais que Bernabei;
– Wesley fez um cruzamento à lá Uh Fabiano e está voltando aos poucos a ser decisivo. Assim como Vitinho tem de estar no grupo pois é útil;
– Alan Patrick a meu ver segue devendo, Vitão, Bernabei e Fernando ficaram na média e Ronaldo nem deveria ter entrado. Aliás, concordo com quem diz que nem precisava ter vindo;
– Falou bem o Presidente, contudo ainda assim temos lesões musculares para (muito) além do razoável;
– Passada a euforia da classificação, vencer domingo é obrigatório e fundamental;
– Agora é que são elas, Sport Club Internacional!
PERGUNTINHA
Preparados para ganhar La Copa?
Digo e me repiso: coragem, Internacional. Coragem!
PACHECO