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Na minha época de ginásio (hoje, ensino médio) tive uma professora de língua portuguesa – a senhora Vera Lúcia, uma mulher alta e esguia e de descendência germânica. Rígida, mas muito rígida mesmo. Igualmente, excelente! Fui seu aluno mais de uma vez e procurava me comportar nas suas aulas, pois aquele seu olhar de repreensão parecia nunca abandonar suas feições.

Havia quem lhe odiasse. Eu, apenas, não gostava por achar que tudo nela era um exagero: a rigidez, o conteúdo de sua matéria, a dificuldade das provas (muitas orais) e sua cobrança pela excelência de seus alunos. Afora que ela vivia com uma cartilha debaixo do braço, onde supostamente continha um dossiê de todos seus comandados e a sorte de cada um estava lançada naquele seu caderno.

Aí certa feita, já ali nos últimos meses de aula e na escola – próximo da “liberdade”, a profa. Vera Lúcia nos orientou a fazer uma redação com tema livre, desde que fosse uma história realmente vivenciada por nós e que trouxe satisfação. Na minha mocidade, queria me ver faceiro era um bom fandango para dançar a noite inteira. Pois fiz a redação contando dum tal de “baile na serra” que fui, demonstrando detalhes dos companheiros que estavam comigo, do local onde se dera o surungo, da música que tocou por lá e das intercorrências ocorridas. Naquela época baile na serra sem peleia não era baile. Sempre tinha uma briga ou outra surgida “nos cantos”.

A mestra escolheu três redações que se destacaram para ler para a classe, sendo a minha a última lida. Já envaidecido por fazer parte daquele seleto grupo, ao final da última linha lida por ela o orgulho me tomou conta a partir de um elogio que a mesma me fez: que eu comprovara ao longo dos anos que a dedicação era o caminho do sucesso e que ela tinha certeza que eu teria muito sucesso em tudo que eu fosse fazer na vida. Aquilo talvez foi o maior e mais sincero elogio que já ganhei nesta minha existência e, passados mais de 50 anos, é tomado de emoção que vos conto dessa passagem da minha vivência, facilmente confundida com um daqueles – as vezes raros – momentos… de felicidade!

Tenho a impressão que Eduardo Coudet também caminha pelo Gigante da Beira Rio, pelo Parque Gigante e pelos estádios em que o Colorado desempenha seu futebol com uma cartilha debaixo do braço. Não necessariamente contendo a vida pregressa de seus comandados, mas com as diretrizes de como o time deve se comportar em campo a despeito do adversário e das próprias regras da competição em disputa.

E ontem, uma vez mais, o time por vezes parecia estar apenas jogando “pro gasto”, com jogadores aparentemente se poupando e já pensando na próxima partida. E diferente de mim e dos patrícios da época, os jogadores Colorados seguem a cartilha do professor Coudet à risca, de modo que quem está em campo demonstra entender e gostar do jeito que está desempenhando sua atividade.

A rigor na partida de horas atrás, não corremos riscos, e afora uma jogada mais uma vez as costas do lateral esquerdo, tivemos domínio da bola e do jogo. Seguimos perdendo uma quantidade expressiva de gols, circunstância esta a ser corrigida na cartilha do professor Coudet.

A profa. Vera Lúcia marcou a minha vida e mostrou com seus serviços porque merece meu respeito eterno. Penso que Coudet alcançará o mesmo destino em nossos corações.

Que o nosso Mestre siga à risca sua cartilha no que vem pela frente e que todos nós Colorados possamos, num futuro breve, receber daqueles títulos – neste caso em taças – que nos acompanham pro resto da vida, constroem uma mentalidade vencedora e dignificam a existência de todos.

E nos dão daqueles – as vezes raros – momentos… de felicidade!

 

CURTAS                                                                              

– Já disse, e me repiso uma vez mais, que não é de ontem que o time parece entrar sonolento em campo. Assunto para Coudet tratar (e muito) com a turma;

– Aos dez minutos da primeira etapa já tínhamos errados dez passes;

– O time segue criando bastante, porém converte em alegria muito pouco. Têm que enfiar a bola mais nos cordéis;

– Wanderson, novamente, não foi bem e ainda procurou um cartão infantil. Alan estava a caminho do enfeite demasiado e aí me dá um passe pornográfico no segundo gol, de modo que sou eu que busco perdão por qualquer heresia;

– Camisa 10 registrado na Carteira de Trabalho;

– Valência nasceu para jogar no Internacional. Bustos mais uma vez sobrou;

– Gostei bastante do Fernando. Leitura tática impecável e um senhor jogador de futebol;

– Gostando ou não de Chacho Coudet, é inegável que ele para o Inter representa o orgulho que temos pela história do Colorado. Reconhece e valoriza (e muito) a grandeza do Sport Club Internacional.

 

PERGUNTINHA

Já te caiu a ficha que Borré está mesmo no Inter, meu bom Colorado?

 

Com a cartilha debaixo do braço é nos braços da torcida que o time logo estará!

PACHECO

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