4.9
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Quando bate a Semana Farroupilha não revive em mim o sentimento gaúcho, eis que esse carrego comigo desde sempre. Eu sou um gaudério de bota, bombacha e lenço no pescoço e se uso menos que gostaria (as bombachas) é porque não tenho mais adentrado nelas com a facilidade de outrora. Aliás, quem não gosta de bombacha é claramente desprovido de esperteza: nada é mais confortável e com bolsos que cabem de tudo e mais um pouco como uma bombacha. E quem duvida é louco.

Como eu ia dizendo, o que sinto falta é da minha relação com a música e o palco. Saudade daqueles mosquedos que só a semana farroupilha é capaz de proporcionar. Como meu tempo de música passou e o palco hoje em dia é pra gente jovem, ocupo minha mente desocupada em relembrar de estórias de tudo que é tipo; nesta época, de fandangos que toquei por este mundéu afora.

Numa das tantas eu tinha um sócio que não entendia nada de música e por gostar e ter dinheiro pensava que lhe bastava. Dados seus contatos, tocávamos mensalmente num CTG frequentado por gente mais abonada, povo com os cobres sobrando na guaiaca; dançadores de valsa. Por mais de uma vez discutimos sobre isso, eu alegando que quando chegasse o fandango bom de verdade, com cachê honesto, seríamos preteridos pelo fato de estar sempre tocando por lá, gastando nossa (já desgastada) beleza.

Até que num final de ano o CTG não conseguiu contratar o conjunto que queria e alternativa não teve senão chamarmos para o baile de encerramento. Eu já meio ‘anojado’ de tocar naquele lugar, sem o Lobo saber, combinei com o gaiteiro e o baterista de começar diferente, pelo menos uma vez. Em vez daquele trancão de dançar de lado, íamos embalar o povo, já no padrão da juventude da época. Meus parceiros, com medo do Lobo, ficaram “meio assim” de fazer o que pedi, mas matei no peito e disse que a bronca era minha. Afora que o CTG só retornaria em março e até lá já teriam esquecido de qualquer “provocação” à chatice.

O baile começou valendo, gaiteiro moendo e baterista suando já na primeira música. O Lobo queria me matar com um olhar fulminante de raiva, desespero e nervosismo. Azar o dele, pensei. Em suma: foi a única vez que recebemos elogios naquele lugar. Gostaram tanto que saímos de lá acertados para tocar o baile de março. Arriscamos o diferente e alcançamos, enfim, o já tão merecido elogio. A nossa vitória.

O Internacional, aí por sua própria incompetência, é um visitante bondoso na arena da baixada. Nas últimas duas décadas, quando muito, joga pelo empate. No início do campeonato já conta como derrota o jogo no potreiro sintético e nós torcedores acabamos por acostumarmos a essa rotina derrotista. O engraçado é que, salvo engano, fomos o primeiro time de primeira linha a vencer deles lá, no longínquo ano de 2000; e o time deles no papel era melhor que o nosso. Só não tinham o goleiro Hiran, que naquela tarde/noite foi um gigante (ele era grande também) dentre as traves. Uma das maiores atuações de goleiro que vi, aliás; pegou demais e vencemos de virada por 2×1, gols de Elivélton e Diogo Rincón, num gol de raça.

Penso que desde então só ganhamos mais uma vez, em 2014.

Pois bem. É chegado o dia de arriscar o diferente e ir lá e vencer mais uma vez, com potreiro sintético e tudo mais. O de sempre já conhecemos bem; eu conhecia bem tocando naquele CTG: arrisquei o calor do aplauso e saí com ele de lá. O Inter que arrisque a vitória hoje, portanto, que algo me diz que traremos ela de volta pro Rio Grande.

Arriscar o diferente é vencer! Basta a virtude aquela, tal qual consta no nosso hino Riograndense… E viva o Rio Grande!

 

CURTAS                                                                              

– Eduardo Coudet teve bastante tempo para treinar. Parte tática já não me assusta, mas sim a mental. Vencer no campeonato nacional é também deveras importante;

– Boatos que só jogam Rochet e Bustos hoje. Prenúncio de linha defensiva reforçada na semana que vem(?);

– Torcer para alguns dos nossos jogadores se reencontrarem. Tipo Carlos de Pena;

– Brasileirão tá mesmo feio, mas “pareio”. Na ruindade;

– Tem gente que perde dois pontos em joguinho qualquer e faz tempestade em copo d’água depois. Ahh vão se afumentar. Não tenho pena, mas … (vetado pelo jurídico) de hipocrisia;

– Perdemos o grande Marinho Chagas. Um zagueiraço sem a mesma fama de Figueroa, mas que jogava tanto quanto;

– Mas o exemplo é bom pra nossa direção aprender que tem que berrar e o berro tem que ser com bastante eco;

– Concordo com quem é contra poupar por poupar titulares. Mas gramado sintético não é gramado, vamos combinar. Na várzea se encontra piso mais honesto. Deveriam ter mandado a Escola Rubra pro Paraná.

 

PERGUNTINHA

Vamos arriscar o diferente e vencer hoje?

 

Nunca duvidem do Inter. Nunca duvidem do Colorado!

PACHECO

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