TUDO ERRADO
Foi um péssimo jogo do Inter durante todo o tempo, seja quem estivesse em campo, e novamente com o dedo do treinador.
Sim, era time reserva, e claramente o resultado não era o mais importante na ideia de preservar e preparar para o jogo de quinta-feira pela SulAmericana.
Só que não há justificativa para montar um time reserva totalmente desconexo e diferente do que joga o time titular, tanto na disposição tática como nas peças escolhidas.
Se a ideia era preparar Alan Patrick e Romero pra o jogo contra o Melgar, poupando o resto do time, no mínimo o mesmo esquema tático deveria ser utilizado, mas Mano montou uma salada com maçã, além de forçar jogadores a fazer o que não sabem ou nunca fizeram.
A primeira linha era um pouco óbvia, embora não poupar Bustos é um erro novamente cometido. Soma-se ao erro de não termos outro zagueiro ainda, canhoto, mas essa não é conta do Mano.
O problema começou em alinhar dois volantes e deixar o meio vazio, abrindo dois pontas, contra um time que joga no 4231. Ou Mano não sabe que o Fortaleza joga assim desde que perdeu Tinga, ou o erro é maior.
Os pontas eram controlados pelos laterais (que não sobem tanto quando o time joga sem Tinga), o atacante pelos zagueiros e o único criador de jogadas do time, Alan Patrick, tinha dois para marcarem, já que nem Johnny nem Liziero, ainda mais alinhados, eram criadores ou capazes de conectar as jogadas, com o meio ou com os pontas.
Disso resultou que o Inter não ficava com a bola, porque, quando com ela, não tinha opções de passe. Mano, aos 17 minutos, dava bronca em David, que se isolava na ponta esperando uma bola longa, sem ter que pudesse passar a bola longa, já que Tahuan ficava preso na marcação. O time não se aproximava, não tocava passes, e havia um buraco imenso entre os dois volantes e os quatro atacantes.
A opção de Mano deveria ter sido Estevão no lugar de Liziero. Estevão é o que pode proporcionar movimentação mais aproximada de Edenílson, assim como Taison no lugar de um novamente inoperante David. O time titular joga no 442, ou 4132, com dois jogadores próximos de Gabriel, Edenílson e Pena, ajudando na saída de bola e organização das jogadas, um centroavante brigando pela bola longa e um atacante mais agudo, mas que sabe fechar o meio na marcação, liberando um meia pra criação das jogadas.
Nada disso se viu ontem. Johnny não sabia pra quem passar, e Alan Patrick perdia todas bem marcado, e os pontas não tinham vitória pessoal, exceto PH algumas poucas vezes que recebeu a bola no 1×1. Romero, que não tem as mesmas características de Alemão, não conseguia jogar de costas para os zagueiros. Liziero foi quase inexistente durante todo o jogo.
Aí veio a justa expulsão, já que a ofensa clara foi dirigida expressamente ao árbitro, depois de deixar o jogo seguir por conta de falta inexistente. Infantilidade do jogador, mas fez com que o árbitro perdesse o próprio controle, e a falta de um capitão no time, de alguém com experiência para falar para o time, deixou o jogo nervoso. Após um cartão injusto para Romero, o Inter passou a cometer faltas em vez de ficar com a bola trocando passes, e em uma dessas o bom batedor Crispim fez 1×0, já no final do jogo.
No Intervalo, Mano conseguiu piorar a situação. Tirou Romero, que sequer teve a possibilidade de tocar na bola, e colocou Alemão para trombar. Com um a mais, e contra um time que, tendo vantagem, iria se retrair e jogar em contra-ataques, movimentação e velocidade seriam importantes, mas Mano preferiu a trombada. Alemão foi muito mal, novamente tentando resolver tudo sozinho.
Tirar David e Liziero era importante, porque foram os dois piores do time, e Liziero ainda estava amarelado. Mas queimou 4 substituições de uma vez, sabendo que Kaíque poderia ter problemas, como efetivamente teve.
Tahuan não precisava sair, até porque A Patrick já mostrava falta de ritmo. E a organização do time também não foi boa para o retorno, já que a saída de bola seguia sem alternativa, embora Edenílson mais presente. Mano acumulou o time pelo lado esquerdo, facilitando a marcação em um só setor. Por ali, caíam PH, Renê, Taison e A Patrick, mais os deslocamentos de Alemão, deixando do lado direito apenas Bustos como um ponta. A marcação ficava por conta dos zagueiros e Johnny, amarelado.
O Inter até tentou, mas sem sucesso, e o Fortaleza era perigoso nos contra-ataques, já que a superioridade numérica parece ter ligado o dispositivo de que não era necessário marcar.
Aí, na saída de Kaíque, mano improvisou Johnny na zaga, onde possivelmente jamais tinha treinado. Muitos defendiam Dourado na zaga, e sempre defendi que volante jogando como zagueiro precisa de muito treino, pois volante sempre presume ter um zagueiro atrás. Aí tomamos um gol de lateral, algo inexplicável em qualquer situação de jogo, e outro gol de contra-ataque, desta vez bem construído, em que havia dois atacantes para dois defensores, já que o resto do time não precisava marcar mesmo.
Foi um jogo diferente do Botafogo, pois naquele estávamos na frente do placar e levamos gols esporádicos. Ontem, estávamos atrás do placar e concluímos menos que o Fortaleza, e acredito que o goleiro não tenha feito nenhuma defesa difícil.
É certo que o time tem dificuldades em jogar com um a mais, mas parece ter dificuldades em jogar contra defesas postadas e contra-ataques rápidos, porque a recomposição é ruim e desorganizada, além de o time se jogar para o ataque sem nenhum equilíbrio.
Trabalho para nosso treinador.