TRANSIÇÃO
Não foi uma boa apresentação, o elenco apresenta deficiências, principalmente de opções, mas já dá para ver algumas mudanças do treinador.
Infelizmente, nossa defesa segue vazando na bola aérea, seja por mau posicionamento, seja pela dificuldade em saltar, mas muito por deixarem cruzar de qualquer lugar com pouca marcação. Ainda que o gol tenha saído de bola espirrada depois do escanteio, não é possível que um adversário tenha tanto tempo para dominar, ajeitar o corpo e cruzar.
Mas vamos desde o início, quando começamos bem, com o 4231 preferido do Aguirre. O time estava balanceado, travando o América e construindo, aos poucos, a chegada na área. Jonnhy e Lucas perderam boas oportunidades, mas, em determinado momento, o time mudou a postura e o posicionamento, permitindo avanços do time ruim do América.
O Inter ficou desorganizado novamente, sem se defender bem, sem atacar bem, e cedeu o gol em bola aérea na qual Lucas mal sai do chão e Cuesta é superado facilmente pelo atacante. Nos falta imposição na área, na nossa área.
O time seguiu desorganizado, e foi beneficiado pela correta anulação do gol, mas novamente um cruzamento facilitado e um atacante sozinho na área.
Até o intervalo, o time seguiu mal, até apático. Aguirre fez boas substituições no intervalo, retomando o controle do jogo, mas esbarrando na falta de velocidade e profundidade do time. Desenhado ainda no 4231, mas marcando mal no meio, deixava Galhardo isolado e o time com poucas iniciativas. Como no curto tempo de Ramirez, a substituição de Patrick melhorou muito o time, que passou a ter mais organização, mesmo com a função inusitada de Heitor pela direita. Embora ameaçasse pouco, tinha mais consistência no meio. Edenílson e Dourado passaram a se revezar na saída de bola e posicionamento, e Maurício aberto pela esquerda, mas ainda com deficiência na marcação, incomodavam o América. Yuri muito desaparecido pela direita, sem aprofundar, sem acompanhar Galhardo pelo meio, só veio a ser produtivo quando deixou a ponta e jogou mais avançado pelo meio, recuando um pouco Galhardo.
O gol de empate, que já se desenhava no erro de Galhardo, após domínio sensacional de Maurício, veio com a participação dos dois atacantes, e de um inusitado Dourado aparecendo dentro da área para concluir com um belo chute chapado, depois de toque inteligente de Edenílson.
Daniel, visivelmente ainda inseguro, salvou o Inter em três oportunidades, mas deve ter mais coragem para sair na bola aérea e se posicionar dois passos à frente nos cruzamentos. Pavan precisa trabalhar isso. Aliás, toda bola aérea na área do Inter tem assustado todo o time.
Saravia ainda não repetiu as melhores atuações, e foi confuso na defesa. Lucas Ribeiro faz faltas demais, e parece que já foi mais rápido do que está, além da dificuldade na bola aérea. Cuesta segue o mesmo padrão, mas tem sido pouco impositivo na área. Heitor segue marcando mal, mas melhor que no primeiro jogo como lateral esquerdo, e cumpriu função tática na substituição de Patrick. O meio foi confuso, Dourado com excelentes minutos contrabalanceados por desajustes no posicionamento, mas um belíssimo gol e muita raça no meio.
Jonnhy e Lucas começaram se entendendo bem, mas depois de 25 minutos, bagunçaram o posicionamento. Jonnhy tem passes rápidos e inteligentes, mas não compreendeu o esquema do Aguirre, ainda. Lucas já mostrou muita qualidade, mas ainda não se ajustou ao posicionamento pedido, e esteve perdido em alguns momentos. Maurício também se perdeu no posicionamento, junto com todo o time, mas vai se firmando como boa opção e deve crescer mais ainda. Os destaques negativos ficam por conta de Patrick e Galhardo, sem vitórias individuais, sem produção para o time. Galhardo ainda tem a recuperação da bola no gol, e a inteligente deixada para Lucas servir Jonnhy no gol perdido. Aliás, Galhardo é muito útil, com sua inteligência, quando acompanhado de perto por outros jogadores. Isolado, não rende nada. Perdeu um gol que mudaria o jogo, e um gol fácil de fazer. Patrick, depois de boa apresentação contra a Chape, voltou a perder jogadas, marcar mal e não produzir nada coletivamente. O time melhorou muito com sua saída.
No fim, após o desespero da saída de Daniel, quando Edenílson fez o que se espera de um líder, assumindo as luvas, perdemos um contra-ataque que seria fatal para o América, mas desperdiçado por Yuri que não passou a bola. Um empate que poderia ter sido uma derrota, mas que também deixamos de ganhar quando dominamos o jogo.
Sobre a bola na mão de Galhardo, parecida com a bola na mão de Edenílson, Gaciba deve ter orientado a não marcar essa bola nunca mais, depois de Ramiro contra o Corinthians.
Enfim, ainda não é o time de Aguirre, mas não é mais o time do Ramirez.