TERCEIRIZAÇÃO
Não assisti ao jogo, tinha compromisso, e não fiquei sabendo do atraso, senão poderia ter visto o segundo tempo. Mas o jogo nem é importante em si, dado o momento do clube.
Eu nunca gostei de terceirização, até tem sua função em determinados casos, mas normalmente faz com que se perca a identidade entre empregado e patrão, e por melhor que seja o gestor da terceirização, o negócio dele não é o negócio da empresa, o seu negócio é terceirizar.
Alguns clubes e empresas terceirizam a gestão por meio de dirigentes pagos, os agora populares CEOs. Nesses casos, o sucesso do clube é o sucesso do CEO, mas sua função é técnica no sentido de administrar, mas não é técnica no sentido da finalidade do clube de futebol, ou baseball, ou basquete, ou o que seja.
Disse o que todos já sabem para focar no Inter, que tem feito a pior terceirização possível.
Desde o fracasso de 2016, onde tínhamos um dirigente forte que entregou o vestiário no momento de crise, a prática de os dirigentes eleitos entregarem a gestão para treinadores e jogadores tem sido costumeira, e, por óbvio, sem resultados.
O método é o mesmo, sempre, enquanto tiver bons ou aceitáveis resultados, segue no comando, e escolhe jogadores, e deixa os jogadores escolherem seus pares, e não vira um comandante técnico do time, mas um administrador de pessoas cujo interesse não precisa ser o mesmo do clube.
Jogador de futebol normalmente é um sujeito inteligente para determinadas coisas, e, assim como todos nós, com raras exceções, não tem inteligência suficiente para outras coisas, e é a inteligência que nos faz ser bons em alguma coisa.
Daí permitir que os inteligentes da bola administrem pessoas e a parte importante do clube, que é o resultado, trata-se de um erro gigantesco.
Foi o que Barcelos fez, seguindo seus antecessores.
A saída de Abel foi uma demonstração que isso não ocorreria, mas uma escolha foi errada, MAR veio em momento errado, e a direção não teve coragem de puxar o comando para si, e deixou com os jogadores. A necessidade da limpa era evidente, e foi feita, mas não com comando, e sim com complacência, deixando a semente plantada no comando do vestiário.
Seguiram os treinadores com suas indicações (e reitero, tragam Cacique Medina só para contratar jogadores) e suas dispensas, e na primeira crise em que os jogadores comandantes do vestiário não gostaram da decisão, devolve-se o comando técnico para eles.
Não digo que o presidente ou conselho gestor de um clube tenha que entender de futebol e jogadores mais do que o treinador; essa conversa entre eles na definição do contratado ou dispensado é essencial, e as janelas de contratações são ruins para a administração, mas nada justifica abandonar o comando e terceirizar a decisão para o treinador, comissão técnica e até jogadores. Isso porque nos fartamos das notícias de que Mano pediu, Mano disse, Coudet indicou, Coudet pediu, para citar os últimos, em vez de o Inter contratou ou dispensou.
Dirigente dirige, e dirigir significa assumir o resultado, bom ou ruim. Se o dirigente não assume, o treinador não vai assumir, e os jogadores menos ainda. E se ninguém assume, os resultados não aparecem.
É o que vemos no Inter, há tempos, a culpa dos maus resultados nunca é de ninguém, e enquanto seguir assim, pode trazer quem quiser, que não vai mudar.
Sobre o treinador novo, espero que venha algum novo, que não seja Roger, Lisca, Diniz, Dunga e outros cogitados pela imprensa. Roger, o mais falado, é treinador de retranca, que faz gol em contra-ataque e bola parada, não tem bons resultados fora de casa, mas é queridinho da imprensa porque passa informações e fala bem. Seria um erro muito grande.
Não tenho um nome na ponta da língua como era Coudet com a saída de Mano, então que venha alguma surpresa, ou assumam e joguem sem treinador, já que deixaram, de novo, o vestiário tomar conta do clube.