Roger
Roger deve ser um baita ser humano, daqueles forjados a provações. Tem uma filha com deficiência, e, na minha curta experiência de vida, só isso é motivo para enaltecer alguém (e toda a família). Recentemente sua profissão foi ameaçada por uma doença, e ele ainda é negro em um país preconceituoso. Não conheço seu histórico familiar, mas é bem provável que não tenha sido bem nascido, como grande parte dos nossos jogadores. Recente reportagem aponta que é dedicado, bom profissional, daqueles que os treinadores gostam no grupo.
Bem, Roger foi anunciado como nosso primeiro reforço. Sintomático, ou diria melhor, previsível.
Roger tem 32 anos, passagens por vários times, exterior, mas nunca ganhou nada de relevante, nem mesmo chamou atenção por alguma coisa relevante que tenha feito na carreira, exceto pela regularidade de um jogador regular, e nada mais.
Para a posição, ao que parece, o titular é Damião, e Roger, segundo notícias, viria para suprir eventual ausência do titular, já que o Inter de Guto, Melo e Medeiros, só conseguia fazer gols com Damião em campo, e não havia outro jogador do perfil no elenco.
Na verdade, havia, e há, mas está/estão jogando o sub-23.
A primeira contratação do Inter para 2018 é desalentadora, mas é a cara da direção e do grupo que se instalou no comando do clube nos últimos anos, e tanto faz a dança de nomes, porque os procedimentos são os mesmos, com raras exceções que comprovam a regra.
Roger é algo como Rafael Moura, algo como Wellington Paulista, jogadores que também vieram em circunstâncias não salvadoras, para suprir eventual necessidade e mostraram que nunca deveriam ter vindo.
Roger é tal qual Ariel, Carlos, Brenner, Roberson, jogadores que ocupam espaço de um nome que já foi importante no Beira-Rio, mas que tem sido relegado à coadjuvante, a auxiliar de uma defesa bem postada, que começa pelo centroavante. É a típica grande lição entendida de forma totalmente equivocada.
Mas Roger não tem culpa nenhuma, e minha esperança é que se torne um Geraldão, um Nilson, um nome que possa ser lembrado pelo período que jogou no Inter por alguma coisa que fez, e não pelo que não fez, fato que tem se repetido com nossos atacantes. Roger é um profissional que busca um contrato e um trabalho, o problema está em quem o escolhe.
Eu sei que é repetitivo e cansativo culpar a direção, Melo, Medeiros e o resto, por suas escolhas que achamos equivocadas, mas estamos um pouco além disso. Estamos vendo uma repetição de padrões que nos levaram ladeira a baixo, ao pior ano da vida do Sport Club Internacional. Estamos observando, de uma forma até passiva, um descalabro de contratações desprovidas de lógica de um time vencedor, ou mesmo minimamente competitivo. A ineficiência da direção está se transformando em incompetência generalizada e vem abatendo o ânimo do torcedor, a única razão pela qual esse clube deve existir.
Roger, a primeira contratação para 2018, parece uma flor sobre uma lápide.