QUASE
Quase não significa bom, na verdade, é bem ruim. Temos sido o time do quase nos últimos anos, e não foi muito diferente no grenal.
A superioridade foi evidente, tirando alguns poucos momentos de equilíbrio, o Inter mandou no jogo, cadenciou, atacou e perdeu gols que não poderia perder. A melhor notícia foi a recuperação de uma auto estima bem abalada pelos quase bons e maus resultados, e a esperança é que não tenha sido um jogo de entrega por ser clássico.
Daniel fez apenas intervenções, mas ainda inseguro nas saídas do gol. Bola lançada em profundidade, quando entra na área, deve ser do goleiro, mesmo no bico da área, e Daniel não tem se adiantado nelas.
Saravia retomou o futebol depois das péssimas atuações nos dois últimos jogos. Marcou, avançou, controlou seu lado fosse com Ferreira, fosse com Douglas Costa. Mas aquela bola na área é para chegar chutando, furando, errando, menos dominando.
Bruno Mendéz foi minha surpresa. Depois de uma estreia muito ruim, em que errou quase tudo, foi soberano na zaga pela direita, mostrando garra, determinação e ganhando todas as bolas aéreas. Visivelmente fora de forma e com pouco ritmo, deu a segurança que faltava na zaga. Só errou em perder na corrida para Diego Souza.
Cuesta também foi bem, mantendo a média de atuações, sem comprometer.
Moisés, outra surpresa no jogo, controlou bem as tentativas de avanço gremistas e pouco se aventurou no ataque, mas não é compreensível que canse da maneira que cansa em tão pouco tempo.
Dourado foi o protetor da zaga e algumas vezes recuou para a saída de bola. Segue o mesmo, lento e sem criatividade, mas seguro nos desarmes, se ajusta muito bem a esse esquema reativo, mas trava o time. Em alguns momentos, até se aventurou no ataque.
Edenílson foi o ponto negativo do time, com atuação apagada, burocrática. A síntese é o passe errado para Yuri aos 22 do primeiro tempo, na bola que era pra dominar, partir pra cima e chutar. Edenílson parece que sente o clássico e diminui seu jogo ao mínimo possível.
Taison, enquanto em campo, foi o melhor do time, tomando as iniciativas, procurando o jogo dos dois lados. Perdeu um gol que não poderia perder e duas bolas no meio que resultaram contra-ataques, mas dá uma vida mais agitada ao time.
Caio Vidal foi muito pouco acionado, e respondeu bem quando foi. Ajudou na recomposição defensiva, marcou e brigou muito, não deveria ter saído.
Yuri, depois de Taison, o melhor do time, parado apenas pelo goleiro adversário. Levou vantagem sobre Geromel e Kanemann, e mostrou que pode sim jogar pelo lado, mas precisaria de um atacante mais agudo com ele pelo meio.
Patrick foi Patrick, com lampejos, uma belíssima assistência para Taison, uma outra boa conclusão, mas pouco acrescenta ofensivamente para alguém que tem essa função. Seu posicionamento tático ajuda o time a bloquear investidas, mas segue desatento e com poucas vitórias individuais. E incomoda o monopólio das jogadas quando está em campo.
PV entrou nervoso, quase comete um erro desastroso, mas tem qualidade na parte ofensiva e vai crescer. Johnny tem pouca aptidão ofensiva, é o jogador do passe que acelera as jogadas, mas não é condutor de bola. Creio que se ajuste mais a um esquema com passes rápidos e deslocamento do que nessa ideia de transição rápida, e não o vejo na posição do Edenílson, mas sim como primeiro volante.
Boschilia está ainda receoso, travado, e também não é da função do Taison, mas chuta, tenta, se movimenta. Precisa de entrosamento para crescer, e talvez jogar em outra posição. E Galhardo pouco acrescentou, exceto por mostrar que Yuri pode ser uma alternativa pelo lado, se tivermos um centroavante que o acompanhe.
Aguirre achou um time no primeiro tempo, mas precisa orientar que os dois lados atuem no ataque, tirando o monopólio de Patrick. Errou na estratégia de não carregar Cortez com a velocidade de Caio Vidal, e errou ao sacar Caio do time. Também insiste com Johnny no lugar de Edenílson, sem ousar com Lucas, que jogava por ali na base. Mesmo que o guri não tenha feito nenhuma apresentação que encha os olhos, merece sequência comum time mais organizado.
Perdeu a oportunidade de colocar Caio, Galhardo e Yuri, sacando Patrick e tornar o time mais ofensivo, mas compreendo pela falta de treinos e do risco que era esse jogo. Tem muito trabalho pela frente, principalmente em manter o lado anímico fora do clássico. Precisa, urgentemente, de vitórias para dar tranquilidade ao elenco e ao trabalho, ganhando confiança. Espero que veja que achou um time seguro, e deixe para ousar quando estiver em posição melhor na tabela.
O ponto absolutamente negativo ficou por conta da arbitragem, que não considerou a agressão sofrida por Patrick, pelas costas, em lance de expulsão que mudaria o jogo, e ao não expulsar Bobsin pelo golpe em Caio Vidal. Pedro Henrique foi expulso em jogada muito parecida, cabendo ao Gaciba a falta de critérios da arbitragem brasileira.
Enfim, quase ganhamos, e não foi nem um quase bom, nem um resultado bom, embora em outros tempos teríamos levado um gol de chiripa, em bola desviada ou rebatida. O Inter foi seguro, soberano no jogo, e o placar foi injusto e insuficiente. Avançamos, mas falta muito ainda.