Mauro Loch

O VESTIÁRIO É FODA, PARCEIRO

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Jogar com três volantes, em casa, contra o Mirassol, é inexplicável. Jogar com três volantes ruins contra o Mirassol, é mais inexplicável ainda. Não há o que justifique, nem as lesões dos atacantes (Gabriel e Raikkonem não estavam lesionados).

Não assisti à entrevista de Roger depois do jogo, mas parece que foi um monte de explicações sem nexo, principalmente para um teórico do futebol.

Roger, na defesa de sei lá o quê, inventa teses e quer mantê-las, mesmo contra todas as contraprovas exaustivas. Com três volantes, levamos o primeiro gol. O jogo contra o Nacional foi exceção.

E levamos vários gols.

A questão é quando Roger vai deixar essa pardalice de lado, como quando insistiu na linha de 5, e voltar ao que deu certo no ano passado e início desse ano.

Ano passado, jogamos de forma que todos os jogadores estavam à disposição ontem. Era Gabriel ou Tabata na direita, e o time marcava e atacava, principalmente considerando que Aguirre vem muito bem, tanto na marcação como no apoio, embora os cruzamentos estejam ruins, não é Bruno Gomes que faz falta.

O primeiro lance do jogo ontem foi emblemático. Mathias e Wesley cercados por seis defensores, e no quadro não se via um só volante perto deles, nem Alan Patrick. Sem gente na área, ou perto dela, o time não faz gols, e isso também explica porque o Inter não conseguiu fazer mais de três gols em um único jogo (até porque Roger tirou Bernabei e Wesley contra o Nacional, quando o quarto era iminente).

A única explicação é o vestiário. O vestiário é foda, parceiro. Nos tempos de D’Alessandro, um baita jogador, o Inter não contratava nenhum reserva para a posição, e os guris que subiam eram adiantados para ponta ou ataque, nunca na função de D’Ale. E repetimos o erro.

Quando AlanPa se lesionou, Wanderson foi a melhor alternativa, e funcionou, e logo foi vendido (não se trata de defender ou não o jogo de Wanderson). No sufoco, Gabriel Carvalho entrou fora da posição, e todas as vezes em que AlanPa não esteve disponível, o guri nunca foi utilizado como meia, nem Tabata.

Roger chegou a improvisar Carbonero, e quando deu certo, mudou a escalação. Maurício fez excelentes jogos na falta de AlanPa, e logo começou a ser cogitado como venda.

Não acho que AlanPa seja problema para o time, muito pelo contrário, é tão importante que Coudet mudou a forma de jogar para mantê-lo no time. A questão é que o vestiário determina, e estamos vendo um treinador promissor uma vez mais sucumbir ao vestiário.

No caso, os volantes T Maia e BH são os preferidos, e estão enterrando o time. Não há sentido usar um volante como meia, deslocar Wesley para o outro lado e matar um lado do time para que T Maia jogue ou se recupere. Nunca fez uma boa apresentação pelo Inter, não será agora, ainda mais que é jogador com poucos fundamentos. BH tem mais fundamentos que ele, mas é nítido que cansa cada vez antes, e pouco produz. Se era pra jogar com 3 volantes, que usasse Diego Rosa, que caiu bem pela direita como lateral, tem mais fôlego e velocidade; mas o vestiário é foda, parceiro.

O time sempre melhora quando abandona os três volantes ou linha de 5, e a explicação de que o time que faz o gol se retrai é de uma burrice cavalar. O time se retrai porque o Inter resolve jogar bola sem os jogadores que não sabem jogar bola.

Treinador tem mercado no Brasil, ontem o do Mirassol, que fez o gol e se retrancou, foi elogiado pela narração como um destaque da nova geração, mas matou o time recuando com medo de levar gol. Perder o emprego normalmente é só garantia de uma indenização.

Jogador é diferente, tem prazo de validade, e umas duas temporadas ruins o levam ao ostracismo. Carreira curta. Clemer tem uma entrevista naquele programa da TVCOM ainda, que falava sobre vestiário, e da fila dos guris, que levava em conta o tempo de carreira do veterano, e que os guris tinham que esperar a vez porque a carreira era curta e tinham que fazer o pé-de-meia. E ele era o treinador da base.

O pensamento é incrustado no futebol, e muito forte aqui na aldeia. O Cruzeiro sacrificou um jogador badalado para prestigiar o treinador, aqui os treinadores não têm coragem de fazer isso.

A única coisa que me anima é que Roger mudou o esquema da linha de 5, porque todos viram que não dava certo, e ainda tem chance de mudar o esquema com três volantes, mesmo que ache certo, como disse ontem. Mas o vestiário é foda, parceiro.

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