O lugar onde tudo termina
O título é nome de um filme não muito famoso, mas com bom elenco, e o que escrevo não tem nada a ver com o filme.
É algo parecido com uma frase que me incomoda muito, tanto quanto é repetida no Inter: o lugar de onde nunca deveria ter saído. Não sei se é o marketing, se é cartilha de contratados, mas é o que se tem ouvido no Inter; dos recentes, Potker e Guto a proferiram. Voltar para o lugar de onde nunca deveria ter saído.
Bem, deveria sim.
A frase revela que a queda teria sido um acidente, que nunca deveria ter acontecido, e, como acidente, facilmente consertada.
Nao é. Não está sendo. A queda foi esforço comum, reiterado e amadurecido. Não foi ocasional, foi fruto de um trabalho, da repetição de práticas nefastas e daninhas, que algumas podemos enumerar.
O Inter se esforçou na contratação de jogadores ruins, se esmerou em contratos longos e caros, em treinadores que não tinham qualificação, no desprezo da base e na titularização de inexplicáveis nabas.
Mathias, o espetacular, foi um dos primeiros, e uma sucessão de erros da direção e dos treinadores culminaram em 2016, o ano que nunca termina.
A meu ver, a redenção passa por saber que a queda não foi obra do acaso, mas de um trabalho bem feito para esse fim. Nao estou dizendo que quiseram a queda, estou afirmando que fizeram o possível para que isso acontecesse, com Roths, Andersons e Cearas, representando um todo comandado pelo MIG.
Sair da série B passa por reconhecer que o Inter está exatamente onde deveria, pois trabalhou muito pra isso. Então, chega de falar no lugar de onde nunca deveríamos ter saído, e vamos às práticas diferentes daquelas que aqui nos trouxeram.
Minhas sugestões passam por colocar os jogadores onde sabem jogar, sem improvisações. Por afastar os dirigentes do treinador, afastar os empresários do campo, ambas estas últimas de difícil concretização.
Também passa por um esquema onde os jogadores saibam exercer a função. Não há tempo para treinar Carlos e Cirino no 4231, e não há mais tempo para ensinar Fabinho a jogar em qualquer posição. Zago e Guto repetiram escolhas incompreensíveis, tanto quanto Argel e Roth, e a direção, mesmo com a renovação do plantel, repete erros daquele cujo nome não se deve pronunciar.
Um ano na série B não é o lugar onde tudo termina, dois talvez seja.