Mauro Loch

NÃO É POR VINTE CENTAVOS

4.7
(12)

Foi uma vitória importante, tanto pelos três pontos como para demonstrar, em campo, o que todos por aqui vinham comentando.

Não comentei muito sobre o motim, principalmente porque alardeado sobre atraso de pagamentos dos direitos de imagem. Macaco velho não compra a primeira versão da história, principalmente se incoerente com o histórico.

Atrasos são normais, e, acredito, em todos os times. Essa gestão sempre esteve preocupada com a saúde financeira e sabemos que herdaram a penúria, mesmo que tenham contribuído com ela também. Creio que houve atrasos anteriores, e até acredito que em valores e tempo maiores.

Na minha modesta opinião, o motim não teve nada a ver com dinheiro, e sim com escalação, com forma de jogar, com disputa por liderança.

Volto a dizer, nossa pior partida no ano foi contra o Globo, a primeira em que Dourado perdeu a posição de titular. A segunda foi contra o Goianiense, quando a fórmula para deixar Dourado em campo fez água e levamos um baile do quase lanterna.

Os números não mentiam, sem ganhar jogos com Dourado, levando gols em todos. Destaque, De Pena.

Mesmo o sacrificado De Pena, jogando mais recuado para que Ed pudesse desfilar seu futebol sem marcar muito, era o destaque do time, e começou a ser alardeado na imprensa, assim como as comparações entre Dourado e Gabriel. Aí o motim, e De Pena vai pro banco.

Talvez pura coincidência, talvez eu esteja vendo pelo em ovo, chifre em cabeça de cavalo, e por aí vai, mas ainda fico receoso de acreditar que Autuori e Mano teriam sido pegos de surpresa por um levante relacionado a dinheiro de direitos de imagem.

Mas vamos ao jogo. A primeira bola, mascada, parando na trave e se servido para Vitão afastar já dava notícias que o Red Bull não sairia feliz, mesmo com todas as tentativas de o Inter fazer o contrário. Mano, de propósito ou não, apresentou um time perdido, desencontrado, sem nenhum tipo de articulação defensiva ou ofensiva. O termômetro é Bustos, quando começa a errar é porque o time não se encontrou.

Daniel, novamente, fez milagres. Talvez não seja um goleiro que passe muita confiança para a torcida, em razão de recentes falhas, principalmente em bola parada, mas é o segundo jogo muito bom que faz e salva o Inter.

Mano começou com um meio em linha, Gabriel e Dourado alinhados, mas Ed e Wanderson, com A Patrick e David adiantados. Em linha, desalinhados. Nem Gabriel nem Dourado marcavam, nem um nem outro faziam a saída de bola, para ajudar, David não conseguia dominar uma bola sequer, quanto mais dar sequência a jogadas. Braga marcou, com faltas, Wanderson e A Patrick, e matou o time. Ed, como sempre, omisso, sem marcar, sem atacar, sem saber o que fazer com a bola.

O raciocínio de Mano, se é que foi dele, é da simplicidade do futebol. Se tem um jogador ineficiente na marcação, coloca outro para marcar, daí o ingresso de Gabriel, e daí o ajuste feito por volta dos 30 minutos do primeiro tempo. Desalinha, Gabriel é o primeiro volante, adianta Dourado e Ed.

O time melhorou, embora Dourado tenha errado tudo o que fez, e o Red Bull só não fez gol porque a zaga ganhou os embates individuais expostos pelos erros do goldenboy.

Até assustar conseguimos, com David e depois A Patrick, e o pesadelo do primeiro tempo encerrou.

Voltamos com a mesma postura no segundo, o Braga sentiu que poderia perder o jogo, mas o Inter errava demais, e não coordenava jogadas em sequência, até o ingresso de Alemão e De Pena.

David não é atacante pelo meio, Medina viu isso e o usou como atacante de movimentação quando arquivou Wesley e não tinha Alemão. Mano chegou dizendo que era atacante pelo meio, e errou feio, e espero que corrija sua visão. David, tendo que escolher o lado para o qual vai, erra sempre, precisa de uma linha lateral como orientação.

Alemão, por pior que seja, tem o posicionamento de um atacante pelo meio, e com ele nasce o gol perdido por Wanderson, apagado e sem companhia até a entrada de De Pena.

Nisso, uma digressão. Não admito que atacante chute, sem pressão, daquele lugar da área, e não faça o gol. Vale para A Patrick também, no primeiro tempo, que nem no gol acertou. Vale pra Ed que errou pifiamente contra o Galo e Avaí (se não me engano). Wanderson tem a desculpa de uma bela defesa do goleiro, mas, dali, tem que ser caixa.

Aí, já contente como empate, ingressam Johnny e Maurício. Imagino o quanto Mano não ouviu por escolher Johnny e não Estevão, e brilha a estrela. De Pena, que já tinha feito duas cobranças em bolas cruzadas que levaram perigo, mais perigo que todas as outras bolas paradas de qualquer jogador, cruza, Maurício cabeceia para trás, e Johnny acerta um petardo.

O pênalti, que só não ocorreu para o idiota do Sálvio, apenas corou o ingresso de De Pena, cujo nome foi gritado pela torcida no final do jogo.

Um exercício de imaginação é bom registrar: algum colorado imagina Ed cabeceando aquela bola para trás e não tentando um gol milagroso, ou Dourado chutando, vou ficar no chutando, de primeira? Ou Ed chutando sem ajeitar a bola?

A bola está com Mano, sabe onde tem que mexer, e como;  nada diferente do que todos aqui comentam. A questão é se terá forças para isso, já que a direção não teve forças (aí podem incluir o que quiserem) para se livrar desses jogadores.

Por fim, um detalhe que, acredito, esteja rolando forte nas redes, a recusa de Taison entrar, sendo chamado e apontando para…Moisés. Se eu achava que esse jogador ainda poderia contribuir com alguma coisa, desisti, por mim, pode encerrar.

P.s.: As gurias ganharam outro grenal, e o sub 20, com invenções, também ganhou.

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