Nada vai ser diferente

Ao que tudo indica, do primeiro jogo da temporada, nada vai ser diferente, ou muito pouca coisa mudou.

Não falo propriamente do time, impossível exigir desempenho coletivo e até individual no primeiro jogo, ainda mais com um time que nunca jogou junto e com improvisações. Falo da postura de jogo.

O Inter foi o mesmo acomodado do ano passado, esperando o jogo definir em vez de tomar as rédeas da partida. Não faltava qualidade pra isso, e o adversário era o modesto São Luiz. Essa ideia de que vamos jogar de forma reativa, de acordo com o que o outro time vai fazer é que me incomoda sobremaneira. Seja qual for a postura que o time adotar, se defensiva ou ofensiva, acredito que isso tenha que ficar claro desde logo, nos primeiros 3 minutos de jogo, e não ficar naquela lengalenga de passes laterais inúteis, esperando  o que o adversário vai fazer.

Fora isso, o esquema do 4141 novamente se mostra covarde, com distância entre os módulos e uma lentidão que dá inveja a qualquer cágado.

Minha crítica principal vai ao Odair, que deixou de ser neófito com o terceiro lugar, e poderia avançar, mas claramente preferiu repetir o marasmo do meio da tabela, com alguma sorte. E não falo de posicionamento, mas de qualidade. Fomos terceiros, mas com futebol de meio de tabela, beneficiados por adversários com outras competições.

Ao jogo e aos jogadores.

Odair montou um time muito lento. Lindoso e o inseguro Rhytheli se movimentavam mal, deixando Sarrafiore sozinho com Bruno José, em vez de aproximar Alano deles. Lindoso errou tudo o que podia, ofensivamente e defensivamente, abrindo um flanco que não foi aproveitado pelo São Luiz porque a avenida Uendel/Paredes era maior, fruto de um posicionamento errado do Paredes e de erros de Uendel. Rhytheli jogou com medo, justificável pelas lesões, e, embora tenha passe mais vertical que Dourado, foi muito mal nas coberturas e errou muitas tentativas incompreensíveis de passe.

Mas temos boas notícias. Sarrafiore tem qualidade, que, demonstrada na primeira jogada individual, foi absolutamente abolida pelo time por conta de seu isolamento posterior, e que culminou com a ininteligível substituição.

Roberto mostra a mesma qualidade que tinha na base, e havia tempo que o Inter não apresentava um zagueiro da base inteligente sem físico avantajado. Foi o melhor da defesa. Bruno José já jogou várias vezes de lateral, não é novidade, mas sempre foi ofensivo. Tem muita velocidade, por isso marca bem, mas não dá pra exigir muito na marcação do drible, não é a dele. Serve como  alternativa de ataque, não de defesa, e, mesmo errando  um ou dois cruzamentos, vale a aposta.

O time melhorou com Neilton, que trocou de lado e ganhou a companhia de um Alano mais avançado, tudo que não aconteceu com Sarrafiore. Era Lindoso quem deveria sair, recuando Alano para sua posição de origem, mas a ideia de que o time fica baixo é algo muito arraigado nos retranqueiros. De qualquer forma, mostrou iniciativa e drible, esbarrando na falta de qualidade do Paredes, que também é fominha.

A melhor notícia parece que foi Pedro Lucas, um atacante também muito inteligente. Duas viradas dentro da área, não errou passes, conseguiu reter zagueiros bem maiores que ele, uma boa técnica de cabeceio e um passe perfeito pro Rhytheli, que ainda estou sem entender porque não chutou. Não faz o tipo grandão e fiquei animado.

O problema é a fila, e a manutenção de Lindoso deixa clara a opção de Odair pelos “veteranos” e pela incoerência. Durante a semana treinou Richard na lateral direita, e até elogiou o desempenho, mas colocou Klaus quando o lateral sentiu câibras. Essa é outra postura que me incomoda muito e faz acreditar que teremos uma repetição com outros nomes, preterindo os mais jovens por jogadores contratados.

Ainda que tenha sido o primeiro jogo, com todos os descontos possíveis já antes aventados, a postura do time foi um desalento; e tomara que não precise de uma catástrofe para mudar, como no ano passado.