4.7
(25)

Ontem fiz a bobagem de ouvir rádio após o jogo, e escutei a fala do Maurício Saraiva. Se não tivesse assistido ao jogo, pensaria que poderia ter terminado 8×2 pro Flamengo, com sobras, e deturpou a fala do Mano na entrevista, ao dizer que Mano assumiu que o Flamengo poderia ter ganho o jogo porque foi melhor. Mano não fala isso.

À noite, zapeando, parei no SporTV, falando sobre o jogo do Inter, e um dos comentaristas (???) disse que tinha sido muito injusto o placar, porque o Flamengo teria sido melhor, e que o time que finaliza mais deveria ganhar. Nisso o apresentador fala que ambos tiveram o mesmo número de finalizações, e o dito comentarista insistiu na tese.

A subserviência ao Flamengo é algo inacreditável, principalmente do comentarista aqui do sul, que a todo custo quer manter seu espaço na rede Globo, e fica lambendo as botas do time da emissora, sem pudor nenhum de deturpar o que todos viram.

Entendo quem acha que o Flamengo foi melhor, a memória curta faz ver os últimos lances antes do segundo do Maurício, em que Keiller e a zaga salvam o gol, mas já esqueceram o primeiro tempo e o Fla satisfeito com o empate no final do jogo, enquanto o Inter marcava a saída de bola com 6 jogadores no campo de ataque.

Aliás, primeiro ponto, fodam-se os que cogitam problemas na preparação física do time, quem marca pressão aos 45 do segundo tempo e consegue vitórias com vários jogadores na área nos acréscimos, em dois jogos seguidos, pode ter outros problemas, mas não de preparação física.

Segundo, Wanderson, Renê, Vitão e Alan Patrick são titulares, e Mano pode montar o time em torno disso. Campanharo é acréscimo, Johnny é melhor com mais proteção, e o treinador precisa achar um jeito de fazer Maurício e Alan Patrick jogarem juntos.

Sou defensor de que o melhor time do Inter, ano passado, tinha ou Maurício, ou Alan Patrick, e já escrevi que é possível que os dois joguem juntos se o posicionamento mudar. O fato é que Alan Patrick tem qualidade sobrando, e, com o preparo físico em dia, não pode sair do time titular (sabendo que não jogará todas o tempo todo).

Já Maurício é efetivo, joga tanto na área quanto fora dela, aí o diferencial para PH, que joga muito, mas tem limitações dentro da área. Maurício é da turma do chutadores, como De Pena, como parece ser Campanharo, como Wanderson; PH é mais da finalização em velocidade, é o sujeito que busca a linha de fundo com a bola dentro da área, Maurício trabalha mais a bola.

PH é importante, é o homem para mudar o jogo, seja como centroavante (que ele não é), seja como atacante de velocidade, por dentro ou pelas pontas, e precisa de um centroavante.

Mas vamos ao jogo. O Inter começou bem melhor, postado, com Wanderson e PH fechando os lados e Alemão infernizando a posse do Flamengo. Com a bola, procurando espaços ou em velocidade, o Inter sempre soube o que fazer com ela. Alemão perde duas chances de abrir o placar. O Flamengo demorou para se encontrar e não conseguia furar o bloqueio do Inter. Johnny já havia perdido um gol (ou chance) por não chutar.

No segundo tempo, o Inter foi mais ofensivo, desmistificando o super time do Fla que a imprensa coloca em pedestal. É um meio campo “liso”, mas não tem sido eficiente. O gol veio em bola espirrada, apesar da pintura do Gérson. Contudo, antes disso, o Inter poderia ter aberto o jogo em duas jogadas com Renê pelo lado.

Mas Mano mexeu bem, e Maurício logo empatou em passe daquele que é titular em qualquer time do Brasil, Wanderson. Como sempre repito, é mais fácil fazer gols dentro da área, com jogadores dentro da área, e o Inter tinha, até porque Maurício é jogador que gosta de estar na área adversária.

Depois dos dois sustos com Renê, o Flamengo foi mais ofensivo, e o Inter recuou até tomar o gol. As modificações e o placar deixaram o Inter mais ligado no jogo, e buscou mais o gol. O empate ter vindo em seguida ajudou muito, e o time viu que era possível, retomando o ímpeto do início do segundo tempo. No final, o passe fantástico de Alan Patrick para o desperdício de Jean Dias, foi seguido de um golaço de quem chuta, sacramentando o placar, e a justiça para o time que não se acomodou com o empate.

Esse time que corre mais de 90 minutos é candidato a qualquer coisa. Tem jogadores que seriam titulares em qualquer time do Brasil, inclusive no Flamengo e Palmeiras, mas a síndrome do vira-latas pega forte. Não acho ruim que coloquem o Inter como franco atirador, até pelo que apresentou até antes do jogo, mas sei que o time pode mais, e mostrou isso  ontem.

Si tivermos os acréscimos da velocidade de Gabriel ou Cuellar, e um finalizador que saiba enfrentar um duelo simples contra zagueiro, faremos bons campeonatos, se os jogadores quiserem. Lástima é terem vindo tarde.

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