3.5
(25)

O jogo da serra (ou sera, no dialeto), na terra do vinho gaúcho, no sábado foi de grande utilidade, algumas verdades foram escancaradas, mas também algumas dúvidas surgiram. Ou seja, foi um jogo extremamente positivo.

A começar que empatamos com o time ainda melhor organizado do campeonato, campeão do primeiro turno e de boa campanha na primeira fase. Não é nenhum bicho-papão, como de resto não acho que haja no futebol brasileiro, nem de longe deveria oferecer perigos, mas, no atual estágio, apresentou-se como melhor do gauchão.

Contra esse time, entramos com os reservas, e, talvez, alguns que nunca jogaram juntos, alguns que provavelmente fiquem como terceira opção no resto da temporada.

O time apresentou o mesmo desenho, mas com uma pequena diferença, com Jonnhy mais avançado do que Musto, e uma linha de 3 meias também mais avançada e movediça. Mesmo na saída de bola, Jonnhy não recuou tanto como nos primeiros jogos, e isso pode ser uma tendência.

Nonato, que seria o distribuidor das jogadas, esteve um pouco mais à frente, e um pouco mais pelos lados. Não à toa fez sua melhor partida na era Coudet, o que não significa que tenha jogado bem, mas esteve mais móvel, apareceu mais e esteve mais perto da área. Talvez pela juventude do time, a intensidade apareceu, meio tímida, ocasional, mas se buscou mais a perseguição ao homem da bola do que nos outros jogos.

Zé Gabriel, pelo jeito, deixou de ser improvisação e passou a ser zagueiro. Não comprometeu e ainda trocou de posição com a saída de Jonnhy. Acertou um passe longo no início do jogo, e depois errou todos os outros que tentou. Moledo foi o Moledo de sempre, com muita força e velocidade, mas com muita dificuldade com a bola nos pés. Pela convicção de Coudet, acho que Bruno segue titular, mas Moledo não deve ficar acomodado.

Heitor segue sem aproveitar as chances, embora tenha se saído bem na marcação, o plus que a torcida pede não apareceu, e o apoio não surtiu efeito pelo seu lado.

Do outro lado, Natanael ainda não justificou sua contratação. Tem velocidade, e parece que é só. Ainda que tenha jogado desentrosado, não mostrou qualidade nenhuma que possa o alçar para reserva imediato, e olha que seu concorrente é Uendel.

O meio ficou travado com muitos volantes, como era de se esperar. Jonnhy, ainda meio nervoso, mas com personalidade, fez uma partida regular, sem grandes arroubos ofensivos, mas seguro na marcação e na distribuição de bolas no meio. Falta ainda a coragem de uma bola mais agressiva.

Patrick perdeu dois gols por pura incompetência, e, embora sempre elogie o fato de o jogador estar ali, nem isso merece nota, porque demorou, no primeiro lance, uma eternidade para sair correndo, e tinha todo o ângulo para o chute, escolhendo o lado errado e a força errada. Mas é volante, não é meia, não é atacante, e só algo muito estranho faria um comentarista o cogitar pela lateral esquerda.

Nonato fez sua melhor partida, mas ainda lhe falta agressividade, coragem e um pouco de ganho pessoal. Teve erros de passe bisonhos, mas mostrou-se um pouco mais à vontade com liberdade para jogar mais pelos lados e distante do círculo central. É um jogador que gostaria muito de ver recuperando seu futebol do ano passado.

Marcos Guilherme se movimenta muito, como diz o Bruno, nosso colunista, tem feito escolhas bem equivocadas, tanto no passe como finalização, mas tem o mérito de sempre se apresentar como opção e tentar o jogo. Talvez mais entrosado, mas calmo, consiga um futebol melhor.

A melhor verdade do jogo foi Galhardo, que cava um lugar no time titular com seu futebol. Tem bom chute, se desloca, tem bom passe e ganho pessoal. Ainda parece não estar acostumado com a nova função, um híbrido de atacante com armador, e não se entendeu com Gustavo, mas seria minha primeira opção no lugar de D’Alessandro.

Gustavo teve poucas chances, bem marcado pelos zagueiros grenás. Não apareceu muito, mas incomodou bastante. Nas poucas oportunidades que teve, mostrou boa movimentação no ataque, mas é finalizador, não dá pra esperar grandes construções com bola no pé.

As maiores verdades ficaram por conta de Pottker, que conseguiu entrar e não jogar. Definitivamente, é um jogador que atrapalha o time e o clube. O time porque nunca faz o que se espera, e quando, faz, faz errado. O clube porque está travando a subida de alguns guris. Acho impossível que Netto seja pior que ele, em qualquer situação. Não consigo ver porque entra e porque é opção. Se há a tentativa de vende-lo ou negociá-lo, que fique no banco e mostrem vídeos da Ponte Preta, pois jogando só se prejudica.

Pato é outra verdade. De reserva na copinha, para não apenas titular como jogador decisivo, alçado aos profissionais, entrou muito bem, com personalidade e coragem, além de muita dedicação tática. Certamente vai ganhar espaço e oportunidades, ainda que não tenha usado sua velocidade, talvez sua melhor característica.

Já falei de Patrick, mas é outro que parece atrapalhar o clube e o time. Não consigo ver lugar pra ele no time e no esquema, pois é um jogador com muita dificuldade no passe, mas tem uma capacidade de renascer, como foi ano passado substituindo Nonato.

O time não apresentou futebol exuberante, nem médio eu diria, mas gauchão tem essa serventia, de buscar alternativas, formar grupo e testar jogadores que devem ficar arquivados, figurando apenas na relação de jogadores na internet, até serem negociados.

Espero que Coudet tenha visto isso.

Na finaleira do domingão, assisti ao jogo do Botafogo e Boavista. Sempre digo que a boa administração de futebol é achar bons jogadores em times ruins, como o Santos fez com o Coritiba anos passados.

No Botafogo, ante nossa carência ofensiva, há dois Luízes que comporiam o grupo e brigariam pela titularidade. O Fernando e o Henrique, e, de quebra, Pottker poderia entrar no negócio. Atenção aí Caetano, fica a dica.

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