Guto chegou
O jogo contra o Juventude foi irritante, não apenas por cedermos o empate, mas também pelas declarações do nosso treinador que recém tinha assumido a casamata. O que se viu foi um time do Zago, jogando menos que contra o Payssandu, com substituições pouco explicáveis e consultas ao Odair e um primeiro tempo com inacreditavelmente Potker na esquerda. Piorou muito quando foi ao microfone agradecer o empate. Mais do mesmo.
A sequência foi pouco animadora, titulares poupados, entre eles jovens de 22, 23 anos, Fabinho, Roberson e Brenner como titulares iniciando o jogo contra o Figueirense.
O começo foi lastimável, 424, sem meio, compactação durante 15 minutos, Carlos sem saber o que fazer na frente e na marcação, Potker mais recuado que Junio. Quando o Figueirense se deu conta do que estava acontecendo, triturou nossos dois laterais com o básico do 1-2. Dois marcadores no meio, Charles e Fabinho, correndo de lado e um espaço gigantesco para a chegada dos laterais e meias adversários bem perto da área do Inter, onde entraram pelos dois lados, combatidos apenas pelos zagueiros.
O gol veio de bola parada, 4 no ataque significava pressão, e pressão sobre Leandro Almeida sempre deu resultado. Mas o time não trocava passes, era a esperada ligação entre defesa e ataque, 6 defensores, 4 atacantes, ninguém para “trabalhar” a bola. Jogadas individuais dos atacantes, facilmente marcados pela supremacia numérica adversária na defesa.
O gol adversário era pedra cantada entre canários, jogando pelo meio, pelas pontas, com ultrapassagem dos laterais e até volantes ingressando na nossa grande área, e o Inter sem conseguir segurar a bola, revendo um filme bem recente de nervosismo e balões.
Aí Guto chegou. Pôs fim às experiências mais radicais, tirou Brenner e fez ingressar Juan, ilustre desconhecido do time titular, e que jamais tinha entrado em campo, mesmo contra adversários mais fracos do gauchão e Primeira Liga ou Copa do Brasil. Juan só entrou porque os titulares estavam poupados. Com ele a mudança de esquema, variando o 433 e 442. Um pouco mais tarde, Diego, aquele que muitos pensam que só sabe bater pênaltis, e o faz muito bem, e Valdemir, saindo Carlos, depois de desperdiçar bisonhamente dois contra-ataques, um deles com um ridículo passe de três-dedos, quando a bola pedia um passe normal. Saiu Roberson também, que nada tinha acrescentado nos 3 esquemas anteriores.
Guto armou o time no 4141, com o esgotado Charles fazendo a proteção dos zagueiros, uma linha de 4 com Diego, Valdemir, Fabinho e Juan, e Potker liberado entre meio e direita. O time recuou e suportou o Figueira, com Junio salvando o time em duas oportunidades, mas teve saída de bola, e, encontrou num guri, a calma para recolher (essa é do radinho no estádio) a bola, limpar a jogada com dribles, e entregar para Potker, em velocidade, servir Diego, pelo meio, em velocidade, empurrar para nosso segundo tento. Ainda perdemos outros dois, frutos do novo posicionamento.
Guto, em 45 minutos, fez mais que Zago em 5 meses. Em vez de apostar em figurinhas carimbadas que todos sabiam não dar certo, tentou jovens que não tinham jogado ainda, ou jogaram pouco, em funções diferentes. Guto apresentou o time em 3 ou 4 esquemas no mesmo jogo, com linhas visíveis, mesmo que apresentassem falhas na marcação e cansaço (este ainda sem explicação séria, só desculpas). Os jogadores cumpriram o que o treinador mandou, variaram posicionamentos e foram suficientemente eficientes na empreitada, já que voltamos com a vitória necessária.
Guto não se limitou a trocar quem estava cansado, mas buscou a vitória tirando atacantes, tratando melhor a bola, o inverso do que tínhamos antes.
Pode ter sido sorte, pode ser que não funcione novamente com o retorno dos titulares, pode ser que descambe para pardalices como Potker aberto na esquerda, retorno definitivo de jogadores como Fabinho, ou escolhas pouco coerentes.
Não sei se vai dar certo, é muito cedo para avaliar Guto, mas terça ficou claro que ele chegou.