GRANDES ESPERANÇAS
Grandes esperanças é o título de um livro de Dickens que conta a história de um rapaz pobre que consegue quase tudo na vida, a partir de um benfeitor, menos o que ele mais quer.
A amargura do livro é um sentimento parecido com o que os colorados deve estar passando neste momento, quando, depois de muito tempo, desde Aguirre, temos um treinador festejado, mas não temos time.
No post anterior, depositei esperanças em Coudet usando o Santos como exemplo, um time sem grandes jogadores, que fez um excepcional campeonato comparado com outros times mais badalados.
O Santos, porém, sempre teve um DNA atacante, revelando Robinho, Ganso, Neymar, Diego, e outros com menos história (boa ou ruim).
Já o Inter, mesmo com excelentes revelações, vem de muitos anos de futebol retranqueiro, jogando por uma bola, por um resultado mínimo, com o hiato de Aguirre.
Essa tarefa de Coudet, de trocar o DNA de volantes fazendo função de ponta, de zagueiros com excelente recuo de bola, e laterais impedidos de cruzar a linha do meio campo, será uma tarefa árdua, para a qual não vejo resultados a curto prazo.
Seria mais otimista se houvesse uma troca bem grande de jogadores, mas daí o grandes esperanças, pois começamos, salvo um ou outro, com o mesmo time.
Nao quero, aqui, demonizar este ou aquele jogador, pois acho que temos grandes talentos no grupo, mas também acho que muitos estão profundamente viciados na comodidade do recuo, do passe em vez do chute, da transferência de responsabilidade.
Talvez um dos grandes méritos da gestão Medeiros tenha sido desmontar o time rebaixado, o que é muito pouco, pois não conseguiu montar um time, em nenhum momento, que permitisse pelo menos ter a pecha de favorito ao título, como em anos consecutivos sem vitória alguma. Na verdade, deveríamos chamar a “reconstrução” de desconstrução, que, talvez , culmine com a chegada de Coudet.
Por isso minhas esperanças são poucas, sem pensar em título, mas apenas na montagem de um time que evite o recuo fácil, levante a cabeça, faça o giro e vá em direção ao gol adversário.
Como disse, as contratações e a falta delas, ainda que explicáveis pela falta de recursos, são pouco alvissareiras, e, mais ainda, a permanência de jogadores, e nem falo de D’Alessandro, não permitem que pense diferente.
Claro que a janela ainda não abriu, e Coudet pode promover jovens que sequer vimos jogar ou sabemos que existem, e isso pode mudar muito a fotografia do time. Já disse que o histórico do treinador me serve, e os episódios que as lendas sobre ele contam animam a possibilidade de medalhões frequentarem mais o banco do que eras atrás. Mas, por enquanto, são apenas esperanças, nem muito grandes.
Sigo achando que Coudet é nossa melhor contratação em muitos anos, e um treinador que veio pela diretoria ainda unida, e não como Aguirre, goela abaixo do Presidente cujo nome não deve ser pronunciado.
Aí as esperanças aumentam um pouco, e se tornam grandes, mas ainda com a amargura de Dickens, de quem tem quase tudo, menos o que mais quer.