GABRIEL
Meu voto para a melhor contratação do ano do Inter é para Gabriel.
Sei que vou um pouco na contramão das opiniões, e acho que Vitão, Pedro Henrique, Bustos, Renê, Wanderson e até Alemão foram mais vistosos, e alguns apresentaram até mais futebol que Gabriel, considerando a temporada toda que estiveram.
Só que minha avaliação é pela importância no time e no clube, além das quatro linhas do campo. Isso não significa que prestei atenção nas caraterísticas de liderança e engajamento com o clube que Gabriel mostrou.
Minha escolha é pela mudança de paradigma, e, também, pela mudança do eixo do time que Gabriel proporcionou.
Explico. Os times anteriores do Inter eram defensivos, muito porque precisávamos de mais jogadores defensivos para frear ataques adversários. Dourado sempre foi lento, assim como Fabinho, Nilton e os outros que passaram por ali. Nosso último volante com velocidade tinha sido William, aquele que recuperava bolas com a mesma rapidez que a entregava ao adversário. Mas era rápido. E Guinazu.
Gabriel encerrou o ciclo dos volantes pesados, com dificuldade de movimentação e principalmente de cobertura. Dourado tinha um bom desarme pelas costas, que supria um pouco sua lentidão, mas não ajudava na saída de bola complicada.
Com essas caraterísticas, o time precisava de mais gente atrás para se defender, tanto no meio como pelas laterais. E o time era montado assim.
Com Gabriel, esse eixo mudou, já que sua velocidade permite estar em vários lugares no meio campo. O mapa de calor de Gabriel deixa isso muito claro.
É com Gabriel que passamos a ter um lateral direito que ataca muito, e a recomposição é possível fazer com dois meias, ou com só um segundo volante. Dourado precisava de dois, e seu melhor momento no Inter teve a velocidade de Aranguiz ao seu lado.
Já com Medina, seus melhores jogos foram com dois meias e apenas um segundo volante, e o time jogou bem defensivamente com Gabriel e De Pena marcando no meio, e Bustos atacando.
Méritos ao Mano, também, que soube encaixar Johnny pelo lado direito, para liberar Bustos, principalmente jogando com Maurício. O time ficava incisivo pelos dois lados.
Gabriel não tem gols, acho, não é o sujeito que vai para a bola aérea ofensiva nos escanteios, como Dourado fazia, nem é um grande chutador de fora da área, embora tente.
Mas é o jogador que dá segurança defensiva quando o time vai ao ataque, e é o jogador que oferece mais opções de movimentação quando a saída de bola complica com a marcação avançada do adversário.
Isso ficou evidente quando sofreu a lesão e foi substituído por Johnny, pouco à vontade na função, principalmente por ser mais lento na recomposição e saída de bola.
Assim, penso que Gabriel foi nossa melhor contratação do ano, responsável pela mudança na estrutura do time, proporcionando que os treinadores pudessem projetar mais jogadores no campo de ataque.
A lesão de Gabriel é um problema, são poucos volantes hoje com a mesma caraterística, e vejo no Cuellar (ex- flamengo) a melhor possibilidade de reposição, sem dar veredito final sobre Matheus Dias, que fez boa estreia.
A questão da mudança da estrutura é o que vejo de mais importante que aconteceu esse ano no Inter, e isso passa por Gabriel.