FUTEBOL
Depois de muito tempo desorganizado e sem nenhuma estrutura de jogo, foi muito bom ver o Inter no estádio, jogando como um time que sabe o que fazer com a bola, embora ainda falte saber fazer gols.
A diferença é gritante, jogadores posicionados, saída de bola organizada, linhas visíveis o tempo todo. É um time do Coudet, dois zagueiros com o volante no meio para a saída de bola, laterais mais avançados, três jogadores no meio e dois atacantes com movimentação, troca de passes e recomeço de jogada na marcação mais forte do adversário. Em ou outro momento, passe longo dos zagueiros. É sua assinatura, não adianta esperar outra coisa.
Marcação mais alta quando ataca, o time todo avança, a ponto de jogar com 10 do campo adversário.
Em 10 minutos, já tínhamos concluído duas vezes no gol do Cássio, uma delas explodindo no travessão. Maurício chuta, por isso é importante.
Claro que a mobilidade de Maurício e a velocidade de PH ajudaram em relação ao time de terça, mas Gabriel e Bruno Henrique também foram muito importantes para o esquema.
O Inter dominou o jogo, controlava o Corinthians e levou um gol em bola desviada no zagueiro.
Em seguida, o empate, e novo domínio, até encurralar o Corinthians e levar o gol de contra-ataque em passe bem equivocado de Nico. O empate veio no final, em belo cruzamento de Enner e cabeceio clássico de Luiz Adriano.
Com todo respeito ao John, Rochet é um baita goleiro e devolveu à zaga a tranquilidade na bola aérea, coisa que não tínhamos desde Alisson.
Igor Gomes, para quem eu torcia no nariz ao ver como lateral, vem desempenhando muito bem a função, principalmente no ataque, sendo opção de passe e jogadas pela direita, inclusive individuais.
Vitão não é o mesmo do ano passado, parece inseguro, meio atrasado na marcação. Nico foi afobado no passe, mas muito bem durante o jogo. A gana de ganhar o fez avançar além da conta, mas ficou claro que é uma boa opção também para a saída de jogo.
Não foi jogo para testar De Pena na lateral, o Corinthians pouco atacou pelo lado direito, mas foi bem defensivamente e se projetou bem no ataque. De Pena também chuta.
Gabriel voltou em grande estilo, e, na minha modesta opinião, é titular desse time, forçando Johnny para o lado direito. Gabriel empresta velocidade ao time na saída do jogo, se apresenta mais que Johnny e marca melhor e com mais velocidade. Creio que chegaria na frente de Yuri no segundo gol deles.
Matheus Dias é bom jogador, bom passe, seguro, fez um lançamento excelente para o gol de empate, mas parece estar em rotação abaixo do resto do time, faltando um pouco mais de intensidade e vibração.
Bruno Henrique fez estreia de gala, com gol e distribuindo o jogo no meio, aparecendo na frente, marcando bem. Jogador que, acredito, será titular em breve.
Maurício sempre foi jogador de movimentação, jogando por todo o meio. Pareceu muito empenhado no jogo, buscando lugar no time titular, tem qualidade, chuta, passa, dribla, constrói jogadas. Coudet precisa achar um lugar para ele no time.
PH tem na velocidade sua maior arma; e acredito que nenhum zagueiro o vença com a bola projetada na frente, mas o time usou muito pouco essa jogada. Foi essencial no gol de empate, mas esperava um pouco mais.
Já do Luiz Adriano, espero quase nada, e foi o que entregou no jogo. O gol de empate no final apagou uma atuação medíocre, sem participação, envolvimento, e até mesmo movimentação. Infelizmente, parece ter se alçado a um dos líderes do time, o que não parece bom.
Coudet mudou a mentalidade do time em poucos dias. De um time apagado, conformado com o resultado, o Inter passou a ser um time que morde na marcação, com disciplina tática e busca jogar o tempo todo, talvez até demais, como contra o Cuiabá. Johnny não fez a falta fora da área, seria expulso, porque jogar com um jogador a menos dificulta ganhar o jogo, e o empate não servia. Em outros tempos, levar gol aos 35 do segundo tempo geraria conformismo e culpa do árbitro.
Aliás, muito mal intencionado, como sempre, o árbitro da partida, invertendo faltas, quebrando o ritmo do jogo. Não achei que errou no pênalti, mas quebrou o jogo nas paradas de jogadores caídos, nas faltas inexistentes, como árbitro matreiro. Ainda bem que o VAR mostrou o lance no telão e provocou a reação da torcida, senão era certo que iria confirmar um impedimento nitidamente inexistente.
Coudet tem 15 dias e nenhuma vitória, mas é outro time jogando futebol, com os mesmos jogadores. O time, mesmo os jogadores voltando de lesão, correu o tempo todo, destruindo a balela do preparo físico ruim, que não era e nunca foi o problema do time.
A confusão no final do jogo não tem inocentes. Ser cobrado por Luiz Adriano é quase um acinte, e ninguém sabe o que Magrão falou para que Enner tivesse interrompido a caminhada e voltado para o empurrão.
De qualquer forma, prefiro um time que brigue do que um bando de conformados encontrando nos outros a desculpa para maus resultados, parece que Coudet, no mínimo, trouxe um pouco de sangue para o time do Inter.
Ninguém está satisfeito com os resultados, mas a diferença do time de 30 dias atrás é muito grande, há organização, movimentação, e mais vontade. Infelizmente, a mudança ocorreu muito tarde e o time poderia estar mais azeitado. Não há mecânica de jogo ainda, os jogadores precisar se posicionar para iniciar as jogadas, mas isso só vem com o tempo.