FELIZ ANIVERSÁRIO E DEJA VU?
Ainda chateado por perder o grenal, não posso abandonar minha ideia de deixar o homem trabalhar, até porque a evolução é nítida, e esbarramos em situações individuais.
De qualquer forma, mesmo com o revés, não podemos deixar de comemorar nosso aniversário, e lembrar como esse clube é grande e com feitos ainda inigualáveis. Não é apenas viver do passado, mas olhar pra trás e ver que é possível retomar as conquistas e um estilo de jogo impositivo.
Minha meta é aquele golaço do Falcão contra o Galo, na semifinal de 75 ou 76, com a tabelinha de cabeça com Escurinho. O detalhe daquele lance é que a bola sai do círculo central, de um zagueiro, pelo alto, e só toca o chão já com o goleiro vencido. Toques rápidos e jogadores em movimento. Dá pra fazer algo parecido, igual, nunca mais vi em lugar nenhum.
Dito isso pra celebrar nosso aniversário, vamos ao revés da perda do grenal.
Ninguém gosta de perder grenal, e minha frustração não está apenas na derrota, mas por ser derrotado com 69% de posse de bola na casa do rival. O primeiro tempo terminou com 70% de posse de bola do Inter, sim, constrangedores 70%. Se tirar o tempo que o rival teve com a bola nas mãos para cobrança de laterais e faltas, talvez estivessem com 15% durante o jogo.
Mas posse não é sinônimo de vitória. Demonstra, sim, consistência, e isso não pode ser desprezado. Ainda assim, perdemos chances com Praxedes e Yuri, sem falar na bela jogada de Lucas, com conclusão ruim. Aliás, poucas conclusões!
De resto, domínio, domínio constrangedor. As escolhas de Patrick e Maurício barraram a única jogada combinada que o rival tem, que é a ultrapassagem dos laterais. A outra é a jogada individual. Não considero bola alçada na área como jogada. Palácios bobeou na marcação e eles tiveram uma única jogada completa que ofereceu perigo. O resto foram lances individuais contando com nossas falhas, como Rodinei perdido na marcação e Lucas perdendo o pé-de-ferro pro Leo Chu.
O gol foi resultante de uma falha coletiva, Cuesta perde no alto, Lucas não dá combate e Heitor não encurta a distância. Falta de concentração coletiva no fim do jogo, não é a primeira vez. Não dá pra desmerecer o chute, raro, e acho que sem culpa de Lomba. Mas precisamos de um zagueiro com mais liderança e imposição.
Lomba até surpreendeu com mais desenvoltura com os pés, mas ainda não tenho confiança.
O esquema ainda carece de desenvoltura e da compreensão de alguns jogadores como Patrick, que não gosta de jogar aberto pela esquerda sem conduzir a bola. Suas tentativas individuais foram todas equivocadas.
O meio precisa também de maior poder de fogo. Edenilson foi mediano, não mais que isso, e Praxedes, embora tenha ido bem, não poderia ter errado o gol com um chute fraco. Yuri também perdeu vários combates individuais e abusou dos passes com o peito. Maurício pouco fez e Caio Vidal mostrou o que é partir pra cima quando entrou.
Esse ímpeto que tem Caio falta ao time, seja pra chutar, seja pra arriscar. Os lances emblemáticos são as não cruzadas de Rodinei e a parada de Moisés, mesmo em velocidade, em vez de correr o risco. O Inter define pouco suas jogadas, arrisca pouco.
Imprescindível notar, também, que Patrick puxou pra si as reclamações contra os guris que chutam.
Ainda gostaria de ver Yuri e Guerrero juntos, mais Palácios, que, embora tímido, parece muito bom jogador, e inteligente.
O Inter demonstrou avanços no controle do jogo, já tinha feito isso contra o São José. Ainda não temos a definição de um time titular e claramente o treinador testa o elenco que não pode ser testado durante a pré-temporada inexistente, no novo esquema.
O próximo passo tem que ser a aceleração, mas isso somente será possível com a movimentação dos jogadores, e alguns ainda tem preguiça de fazer isso o tempo todo, alguns simplesmente não tem habilidade para isso. Moisés compreendeu bem o ingresso pelo meio, mas Rodinei ainda não. Vejo Praxedes melhorando, mas ainda nos falta um jogador mais incisivo, que talvez seja Taison.
Definitivamente, não é um time pronto; necessitamos de ajustes e mais velocidade, com mais opções de passe. Teremos riscos, sim, mas a outra opção é se fechar e esperar um contra-ataque, como jogou o rival. Dá certo? Sim, muitas veze, mas quando sai em desvantagem, não recupera.
As declarações de Dourado no pós jogo mostram que o Inter, além de um volante mais rápido, precisa de um capitão. Inaceitável que 70% de posse, jogando no campo adversário, tenham sucumbido a um certo “medo de chutar”, e ainda que fosse, é frase para vestiário, não pra imprensa.
Ramirez precisa repensar a lateral direita, de preferência com a sinalização da direção de que Rodinei não ficará, e precisa repensar as extremas, que precisam de mais velocidade e enfrentamento. Os nomes se apresentam, Caio Vidal e Palácios. Se não ao mesmo tempo, um dos dois tem que jogar!