4.9
(9)

Desinteressado foi a expressão que encontrei para resumir o jogo do Inter ontem. Desde o início, o time pareceu desinteressado no jogo, no placar, na exibição.

Sim, o gramado era horrível, muito longe de permitir uma partida de futebol com toques e movimentação, principalmente pela dificuldade em dominar a bola, mas isso não poderia ter sido empecilho para uma demonstração mínima de maior interesse pelo jogo e resultado, tanto que, após tomar o gol, até houve mais empenho e tentativas.

Claro, não é geral, Heitor e Moisés até tentaram, mas jogaram uma de suas piores partidas pelo clube, com menção extra a Moisés. Dourado também esteve muito retraído em seus avanços para receber a bola dos zagueiros, que também estiveram guardando as linhas, sem a projeção quando o volante recua.

Edenílson praticamente não teve seu nome pronunciado pelo narrador, e quase nada se lembra de sua participação no jogo, recebendo mais atenções em sua saída meio decepcionada do campo do que por algum lance que tenha feito, seja na marcação, seja na construção. Aliás, seu entendimento com Palácios foi nulo, inexistente, deixando o lado direito do time quase sem participações no jogo.

Maurício até tentou, mas produziu quase nada também, embora tenha sido responsável pela conclusão após o entrevero com Yuri. De resto, bem apagado, muito longe do Maurício que atuou pela Libertadores. Patrick seguiu com seu aproveitamento pífio, notadamente o jogador que mais tem dificuldades em se adaptar ao esquema de Ramirez. E o oásis no deserto ficou por conta de Yuri, tentando se movimentar e concluir, mas com poucas chances, e abusando dos passes com o peito.

No segundo tempo, um breve alento até o pênalti desmarcado. Mas, até o gol, foi só o que o Inter produziu. Na minha opinião, pênalti. O fato de o goleiro ter batido na bola não o exime de ter atropelado Palácios, e sem que a bola tenha saído do jogo. Sim, toca, na bola, mas depois que Palácios tenta desviar, e aí derruba o jogador. Aliás, está meio ridículo o VAR atuar depois que o comentarista de arbitragem da Globo opina, seguindo suas orientações, que, usualmente, são contra o Inter.

Mas pênalti não marcado não é desculpa para jogar mal. O time só melhorou com o ingresso de Praxedes, junto com Yuri, os melhores em campo, o que demonstra o quão o time foi mal. Praxedes se movimenta, puxa as jogadas, tenta o drible, e chuta, coisa rara no time.

O desinteresse também dos jogadores nos faz pensar que precisamos de contratações e de dispensa de jogadores pouco satisfeitos com o tratamento que recebem e dos métodos do novo treinador. Não falo apenas de Guerrero, mas da displicência de Edenílson e da baixíssima produtividade de Patrick, remanescentes dos últimos anos, mais Lomba e Cuesta, mas estes, pelo menos, têm demonstrado vontade.

Edenílson protagoniza, há anos, tentativas de sair no meio do campeonato. O Inter precisa aprender a jogar sem ele, atual termômetro do time, e que joga em posição fundamental no esquema de Ramirez. As tentativas com Nonato não têm dado resultados, e, na carência de contratações, está na hora de testar Lucas Ramos por ali.

A questão de Patrick acho que se resolve com Taison, independentemente de onde jogar, ou mesmo com Boschilia, que até pode ser usado na do Edenílson, mas não vejo isso. Também lembro que Praxedes era usado, por Coudet, como substituto do Edenílson. Mas Maurício aberto pela esquerda não funcinou ainda, e não creio que funcionará.

Por isso o clube precisa contratar ou apresentar caras novas vindas da base. Se a ideia é não contratar zagueiro, Dourado não serve para a função, pelo menos não sem muito treino, e, na minha opinião, nem com muito treino, porque lhe falta velocidade, o que ficou nítido no gol do Juventude. Esse esquema do Ramirez exige zagueiros e laterais rápidos, e não apenas um. Dourado não tem esse requisito, que também deveria ser do nosso volante que ainda não temos.

O ataque, que parecia abastecido, reduziu bastante com a provável saída de Guerrero, limitando a Galhardo e Yuri no comando, e reduzindo as chances de ver os dois atuando juntos, ou Guerrero com Yuri aberto pela esquerda, no time ideal que tinha na cabeça.

Mesmo em época de reconstrução financeira, o clube precisa apresentar alternativas, pois alguns nomes carimbados não têm se apresentado a contento, não apenas do ponto de vista tático, mas de próprio desempenho pessoal técnico. O momento é agora para aproveitar quem demonstrou alguma coisa nos estaduais de SP e Rio. Mesmo nas boas vitórias, ainda faltam alternativas de mudança de jogo para Ramirez.

Embora não me preocupe muito com Gauchão, creio que a virada sobre o Juventude deve ser buscada, para que se tenha um teste melhor contra o futuro adversário, mesmo com o VAR ao seu lado. Gauchão serve para testes, mas principalmente para descartar ideias que não deram certo nem mesmo no estadual.

Sobre a polêmica de Guerrero, não mudo minha opinião seja lá qual foi o jogador, se não quer jogar, que vá procurar outro time, sem nenhum tipo de chantagem. Já sofremos e erramos com D’Ale, Alex e Danilo, espero que tenham aprendido. E se outros manifestarem descontentamento, com calma e planejamento, que nos livremos deles.

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