4.3
(14)

Pensei em tecer sérias críticas ao desempenho do time nos últimos jogos, mas, lendo um pouco da imprensa oficial, onde parece que estamos próximos da zona do rebaixamento, jogando um futebol ineficiente e sem nenhum conteúdo, mudei radicalmente de opinião.

Claro que fica um pouco difícil de elogiar um time que joga à base da paciência, seja do adversário, seja do torcedor, mas temos alguns pontos realmente positivos,  nos quais vou centrar atenção, deixando pouco espaço para críticas. Não significa que mudei de opinião sobre a necessidade de mudar a figura do time para o ano que vem.

Talvez nosso melhor ponto seja o goleiro, que foi criticado no início, e com razão, por algumas falhas. Com a titularidade ao que parece assegurada, Daniel cresceu. Diferente de outros que se acomodam, Daniel melhorou com a segurança de seguir jogando. Aos poucos sai mais do gol nas bolas aéreas, fala mais com os companheiros e segue fazendo defesas difíceis em momentos muito importantes. Foram anos sem jogar uma partida oficial, e, principalmente, sem sequência, o que mostra os erros do passado na insistência com um goleiro que vinha em decadência, e, como muitos, se sustentava no grupo.

Assisti ao jogo da Chapecoense, organizada com o bom treinador Pintado, e Keiller teve outra atuação de luxo.

Heitor cresceu também. Cravei sua expulsão depois de um cartão amarelo absurdo, mas se conteve, jogou corretamente, sem muitos riscos e seguro na marcação. A zaga foi soberana por baixo, tendo permitido três cabeceios, um salvo pelo Daniel, outros dois errados por Gilberto e pelo bom colombiano. Cuesta segue com um cruzamento mortal, em curva, tirando do goleiro.

A melhor notícia talvez tenha sido PV, bem na marcação, abandonado por Patrick, mas, sobretudo, mostrando mais desenvoltura no ataque, partindo pra cima e acertando mais passes. Ainda sem ritmo, mas não há necessidade de Moisés no time e no clube.

O meio foi seguro, lento como sempre, mas posicionado. O Bahia não exigia muito, também é um time lento e com pouca criatividade no meio, apostando na velocidade do Nino e Gilberto. O Bahia, acho, não concluiu no primeiro tempo. Buscou mais no segundo, e teve chances, mas criou muito pouco e parou no desarme de Dourado e Lindoso. Ambos ainda deixam um buraco na frente da área, e na defesa de Daniel, Dourado leva uma eternidade para chegar no lateral. Mas fez o gol da tranquilidade no jogo.

Edenílson fez uma partida horrorosa. Tirando o escanteio que cobrou e nem viu que foi gol, não acertou mais nada. Taison lhe entregou um gol, e Edenilson, mal posicionado e sem nenhuma vontade, desperdiçou. Errou passes simples, desperdiçou contra-ataques e marcou pouco um time que exigiu pouco.

Ao Taison faltou companhia. Só Yuri não resolve. Nas tentativas de imprimir velocidade, não foi acompanhado, e conseguiu uma troca de passes produtiva com Patrick. Mas Taison busca jogo, parte pra cima, acelera, mostra qualidade. Mesmo em um jogo ruim do resto do time, destoa.

Yuri foi novamente decisivo, gol na hora certa, bom chute, muita briga, mas também sem muito apoio. Assim como Taison, se via cercado por adversários, isolado. Errou o lado em uns dois contra-ataques, mas centroavante que faz gol não pode ser criticado.

Patrick fez, talvez, seu pior jogo do ano, e foi salvo pelo resultado. Repito, é um jogador sem recursos, não tem chute, passe, cabeceio, e está totalmente envolvido no grupo, escolhendo o passe errado para consagrar os integrantes da panela. Abandonou a marcação, tentou o meio para isolar PV, e cabeceou algumas bolas sem direção e força. É um jogador que não justifica a titularidade, muito menos a insistência, senão por questões de administração de grupo. Sequer as jogadas de efeito, de vinheta, conseguiu fazer.

Guerrero vem ganhando minutos consecutivos, é um grande jogador com a bola, segura zagueiros como ninguém, mas não consegue dar sequência nas jogadas. Hoje é jogador de um ou dois toques. Maurício ajustou bem o time no meio, ajudou PV bem mais que Patrick e também apresenta crescimento e segurança. Tem versatilidade para jogar em mais de uma posição do meio para frente.

E outra boa notícia foi o baixinho do Barcelona, que entrou em um jogo praticamente definido, junto com Palácios, e mostrou, como o chileno, personalidade nos dribles, e ainda fez a jogada tão esperada no time, o corte pra dentro e chute para o gol. Torci muito para aquela bola entrar.

Se o time não apresenta um futebol de encher os olhos, seja se defendendo, seja atacando, há uma consistência, um padrão, nitidamente uma opção por um tipo de jogo, com qualquer adversário. De longe não é o tipo de jogo que me agrada, que dá segurança de brigar por alguma coisa, mas, nos últimos jogos, tem dado resultado, mesmo que apoiado em defesas fantásticas do goleiro.

Não é um time desarrumado, há organização, talvez cadência em excesso, mas mostra que há um modo de jogar que vem sendo repetido. Os críticos não veem desempenho, e desdenham da posição que ocupa na tabela. Ao que parece, o time tem o desempenho que buscou, que escolheu, e que difere do desempenho que essa imprensa oficial quer. Não encanta, mas não desanda.

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