DECEPÇÃO

Depois de prolongadas férias, retorno ao BV para considerações sobre o Inter.
Consegui assistir ao jogo de ontem e não tem como não estar decepcionado.
Não com o resultado, pois é a primeira partida do ano e estávamos sem muitos titulares importantes, alguns que sequer estão no clube ainda.
Também não decepcionou a estrutura tática ou o desempenho técnico do time, mesmo os guris que falharam junto com alguns experientes; é início de temporada, nada responde fisicamente como quando estiverem mais prontos, e isso influencia no desempenho.
Minha decepção é que parece que o Inter não entendeu o que aconteceu no ano passado no Gauchão, e repete o mesmo equívoco.
Não se joga gauchão sem vontade, sem ímpeto, sem competitividade. Atribuo a desclassificação para o Juventude, na semifinal do ano passado ao salto alto do time, nitidamente melhor e mais preparado, mas jogou como se fosse fazer gols a qualquer momento, e jogou sem competitividade.
Ontem, vimos duas peças que deveriam emprestar competitividade ao time, principalmente no esquema utilizado por Roger, tentando fazer jogadas de efeito na frente dos zagueiros. Luiz Otávio tentou um drible plástico no círculo central, e a perda da bola não resultou em nada, mas mesmo assim, T Maia tentou nova firula na nossa intermediária, na jogada que resultou o segundo gol, em um momento em que o Inter precisava de seriedade.
Isso foi decepcionante.
Sabemos que esse ano vamos enfrentar a tentativa do Octa do nosso rival, e isso ficou claro tanto pela pauta negativa da narração, como na primeira falta inexistente marcada no nosso jogo, como pelos acréscimos dados no jogo deles.
Não há maneira de enfrentar tudo isso sem jogar com competitividade todos os jogos do gauchão, não importa se vai usar os guris ou titulares, e não vi isso em campo no primeiro tempo, quando, depois do gol marcado, parecia que o jogo tinha acabado.
O Inter voltou melhor no segundo tempo, espero que Roger tenha dado bronca no vestiário, e substituiu Luiz Otávio por Bruno Henrique, que não apenas melhorou o time como chutou até a sombra dos adversários, mostrando como se joga um campeonato com vontade de vencer.
Claro que esbarramos na falta de gente na área, Borré voltou a ficar isolado no meio de marcadores, e Wanderson ingressou pouco pelo lado direito. Isso tem explicação na falta de Bruno Gomes (que, parece, fica fora por seis meses) e Bernabei pelos lados. Nem Aguirre nem Pablo tem as mesmas características, e essas duas peças são essenciais ao esquema do Roger.
Os guris falharam nos gols, no primeiro, Vitor Gabriel cabeceou para a área, e no segundo, Luiz Otávio estava mal posicionado, tentando tirar uma bola de bicicleta na área. São guris, e o maior defeito de guris dessa idade, que jogam na defesa, é posicionamento. Ambos parecem ter bola no corpo, e por isso merecem paciência.
Essa mesma paciência não deve ter o treinador com a direção, pois a falta de contratações para resolver problemas vai prejudicar o trabalho do Roger, e estamos novamente lentos nesse quesito, embora tenhamos acertado a maioria nos anos anteriores, esse ano já deveríamos ter zagueiros e meias contratados, e concentramos nossos esforços no ataque, onde mais temos gente.
A inexplicável contratação de Kaique, que espero ter que pedir desculpas depois, não supre necessidade do time. Kaique tem todos os atributos para ser um bom zagueiro, talvez lhe falte futebol, pelo menos é o que mostrou nos últimos anos.
Rômulo é nitidamente uma aposta do treinador, e espero que o clube traga um meia e um zagueiro, pelo menos, com força para disputar titularidade.
Enfim, é o Inter dos últimos anos se repetindo, e vamos torcer para que a decepção do jogo de ontem não esteja apenas na torcida, mas reverbere no treinador e na própria direção.