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Seguindo Kikito e seu texto sobre relacionamentos, falo de confiança.

Elvis cantava “we can’t go on together with suspicious mind”, se tirarmos o “together” vale pro futebol.

Esportes têm muito a ver com confiança e faz muito tempo que o Inter não tem confiança, nem da torcida, nem dos jogadores. Falo por mim, ontem, no Beira-Rio, aos 30 do segundo tempo, com 2×0 no placar, contra um time que só ameaçava por cruzamentos, fiquei com receio de tomarmos um gol e desandar a maionese.

O maionese também apresentava forte desconfiança, pois tirar D’Ale e colocar um quarto volante no time, contra um Bahia combalido, que ainda não tinha acertado uma finalização com perigo médio, é demonstrar muita falta de confiança ou no reserva do D’Ale, que não acredito ser Gabriel, ou no próprio sistema defensivo que monta.

Mas principalmente falo dos jogadores.

O Inter parece um time de cagões. Nossos jogadores não desaprenderam jogar futebol. Podem não ser craques, podem até ser todos jogadores ruins, mas a maior parte deles, ou sua totalidade, já apresentou um futebol melhor que o visto ontem e recentemente.

Nitidamente, falta confiança. Aquele passe mais vertical, aquele chute improvável, e principalmente o drible para o ganho pessoal. Isso anda ausente no Inter.

Ontem foquei minha atenção, entre um picolé e outro do meu filho de 5 anos, na movimentação e em quem aparecia livre para receber a bola, especialmente nossos volantes, posição sempre em profusão no Inter.

Edenilson e Patrick apareciam livres, e até a bola lhes era passada, mas a reação era sempre o recuo. O mesmo com Dourado, embora este fosse mais o primeiro passador. O reflexo é o recuo, o passe lateral. Algumas vezes, o volante se apresentava livre no círculo central, e até recebia a bola, mas, ao invés de olhar para o gol adversário, olhava para Lomba, e recuava. O mesmo passou a acontecer com os laterais.

Iago, que despontou no gauchão pelo arrojo e ousadia, estava quietinho no seu canto, e mesmo Patrick, elevado à extrema esquerda, usava mais do recuo do que o enfrentamento.

Nico fez dois, e é o ousado do time. É o que chuta errado quando a bola sobra na área, é que perde a bola no drible. Fez dois. Celebrei o chute do Brenner, forte, quase da intermediária, no meio do gol. Mais um que chuta nesse deserto de finalizadores. Confiou, isso é importante.

Se o time acha que vai se dar bem com toques laterais, e assim conseguir envolver o adversário, está muito enganado, será apenas mais um time cagão.

Certo que os passes, mesmo laterais e recuos, fazem a posse permanecer com o time, segue a doutrina do Cruyff: “se o jogo só tem uma bola, fique com ela”. Se o Inter fica com a bola, evidente que tem menos chances de levar gols, mas esse é a interpretação cagona da filosofia futebolística do holandês. Só vale a pena ficar com a bola se for para fazer gols.

Por certo que não achei o ingrediente que faltava para o time acertar, acho que ainda falta qualidade, e sigo achando um excesso de jogadores defensivos, seja em que função estiverem, e penso que isso fica mais evidente quando jogamos contra times mais fracos tecnicamente.

Mas acredito que é um elemento importante, longe de ser preponderante, mas importante. O time, como um todo, precisa ousar mais, entender que o erro é parte do processo de construção da jogada, do gol, e insistir no passe mais vertical, do drible, no chute. Isso também passa pela comissão técnica.

Ontem não havia necessidade alguma de três volantes, muito menos de quatro.

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