4.9
(21)

Voltaire escreveu essa comédia de erros simplesmente maravilhosa, que também tem o título de “O Otimismo”. É uma espécie de Polyana mais antigo, onde, mesmo tudo dando errado, o protagonista ainda acredita que tudo vai ficar bem.

Confesso que não estou otimista, ou talvez mais apropriado seja dizer que estou meio ressabiado, tal qual gato escaldado, pois dava como certa nossa vitória sobre o Athlético na Copa do Brasil.

O fato é que nossos adversários vem tropeçando, alguns  em jogos improváveis, outros com perda de pontos já vaticinados, permitindo ao Inter seguir em vantagem, e, em relação a uns, até ampliá-la.

E segue tudo dependendo apenas de nossas forças e nossos méritos, seja contra adversários mais fracos, seja no embate contra o Flamengo.

É certo que não temos o melhor elenco entre os concorrentes, que temos jogadores dos quais não confiamos nem para bater lateral, mas é certo na mesma medida que esse time engatou nove vitórias, quebrando recorde da era dos pontos corridos, que já teve timaços como o Cruzeiro e Palmeiras, e o próprio Flamengo  do ano passado. Esse time que talvez não inspire tanta confiança tem ganho jogos mesmo sem atuações soberbas, e, fato que considero muito importante, tem ganho jogos mesmo jogando pior que seus adversários.

Porque ganhar jogando melhor é teoricamente mais fácil, e a façanha desse time que se ajeitou está na sequencia de vitórias e resultados aceitáveis sem exuberância, sendo pragmático e eficiente, sim, talvez essa seja a melhor palavra: eficiente.

Claro que essa eficiência passa por algumas escolhas corretas, como um atacante veloz que incomoda a defesa, mas não tem muita aptidão para a marcação e passe; ainda assim, Caio Vidal é muito melhor que Marcos Guilherme, e se Marcos Guilherme cumpre função tática melhor, nada que Caio não possa ser instruído a fazer, já que a velocidade de ambos é bem parecida.

Lindoso não é uma escolha, mas é o que temos para substituir Dourado, já que Abel entende Jonnhy como rendendo mais em posição um pouco mais adiantada, ou simplesmente não quer colocar o guri em um jogo muito decisivo, considerando que todos os jogos serão muito decisivos até o final.

Dourado, aliás, parece dar outro espírito ao time, o tornando mais ofensivo sem perder de vista a recuperação de bola, e sem ser um jogador com aptidões ofensivas. Esse é o Inter atual, meio contraditório, cheio de ressalvas como Rodinei, mas eficiente.

A receita segue sendo a mesma, de encarar o próximo jogo como o mais importante da rodada e do campeonato e obter uma vitória, seja como for, esquecendo os outros jogos, os especialistas, as fofocas e as teorias conspiratórias, focando nos 90 minutos dentro das quatro linhas, em busca da eficiência.

Não estou otimista, mas nunca ganhei nada com otimismo.

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