A DOUTRINA UNITÁRIA
Tenho falado muito, nos comentários, sobre a doutrina unitária, e vou dissecá-la um pouco mais.
Há muito tempo que, no Inter, 1 é o número mágico. Fosse acompanhado do º, seria o ideal, mas assim não tem sido. Vejo uma certa predileção pelo 1, exposta em diversos comentários de treinadores contratados, certamente porque se ajustam ao que pensam nosso dirigentes, e dos próprios dirigentes do MIG, que tem o poder no Inter há mais de década.
1 vai desde jogar por uma bola, passando por 1×0 significar 3 pontos, até sempre termos 1 título no ano nestes últimos decadentes períodos.
Culminamos por dizer que perder de 1×0, fora de casa, não é um resultado ruim.
Sim, foi 1×0 que nos deu nosso maior título, mas, definitivamente, não pode ser parâmetro para os demais jogos, já que aquele Barcelona também era exceção, indiscutivelmente o melhor time do mundo não apenas naquele ano, mas também naquele período.
Bem, por essa doutrina, o Inter, em campo, se acostumou a estar satisfeito com 1. Um gol é suficiente, e na verdade é, se o outro time não fizer.
O que reiteradamente temos visto em campo é a acomodação a partir do gol, e não a busca desenfreada por mais de um, por algum resultado confortável, que permita um erro de nossa defesa, um escorregão de nosso goleiro, e, aí digo em letras garrafais, PRINCIPALMENTE, para que, em campo, possamos testar nossas alternativas de jogadores vindos da base, de esquemas táticos diferentes com os mesmos jogadores, em situação real de jogo, não apenas no treino.
Todos sabem da importância que dou à base, e como cobro que nossos guris sejam testados em campo, com os titulares, contra adversários de verdade, mesmo que combalidos após levarem 3.
E há uma grande diferença entre testar um jovem quando perdemos por 1×0, ou para segurar um resultado, ou mesmo em uma substituição necessária. Na adaptação dos guris, o melhor é que ingressem no time com tranquilidade, e tenham segurança de que qualquer erro não prejudicará o time.
Só que faz muito tempo que segurança no placar não está presente nos jogos, e é sintomático que em nenhum jogo do gauchão isso tenha ocorrido, e que a torcida só esteve tranquila no jogo contra o Princesa de Solimões.
Espero que a chegada de Guto seja o começo de uma mudança de mentalidade, que caminhemos para o fim dessa doutrina unitária que tanto nos prejudica.
p.s.: ignorando o resultado, a desclassificação e o próprio desempenho, o jogo contra o Palmeiras foi um jogaço de futebol, principalmente o primeiro tempo.