85 – 41
Durante a semana rolou uma estatística com os números do Inter com e sem Damião. Talvez com algum arredondamento, 85% dos pontos com Damião, e 41% quando ele não joga.
Damião não é craque, nunca foi, aprendeu a jogar, mas é relativamente alto, forte, e tem demonstrado muita vontade no Inter. Não repete aquelas campanhas que o levaram à seleção, nem os gols, nem mesmo as lambretas e bicicletas. Prefiro assim.
Dunga tentou modernizar Damião, e ele não quis, passou por uma fase ruim, que se seguiu nos times onde andou, no banco, na seca. Logo depois da fama iniciou, ainda o Inter, uma fase de cavar faltas, e não leva jeito pra isso.
A volta ao Inter motivou o atacante que se joga na área adversária, que chama a torcida, que erra gols e faz alguns. Mas o post não é sobre Damião.
Mais do que Damião, o Inter se tornou um time que só joga de uma forma. O nome da vez é Damião, mas foi Jô, foi Rafael Moura, Brenner e Ariel. Quando não tinha um aipim fincado na área, inventava um, como fez com Vitinho e Sasha.
Na verdade , não foi Guto que encontrou uma forma de jogar, mas foi Guto que retomou a forma que a direção quer que o Inter jogue, e que Zago não conseguiu com Roberson e Brenner
Classifiquei Guto por mais de uma vez como insuficiente, exatamente porque não oferecia ao Inter uma forma alternativa de jogar que não fosse cruzar bolas para a área. Sou contumaz reclamão da falta de infiltrações, das jogadas com laterais e de meias e volantes perto da área adversária.
E sempre culpei o treinador pelo fato de o Inter não jogar pelo meio. Mapas de calor identificavam isso.
Parece que o furo é mais embaixo, ou mais encima mesmo. Fazendo um retrospecto, excetuando Aguirre, o treinador com menos respaldo da direção que um clube já teve, os demais, com pequenas variações, jogavam da mesma forma quando se trata de um centroavante.
Até aí, tudo bem, o Inter não é o único privilegiado com dirigentes ultrapassados. Há outros clubes com pensamento semelhante, que buscam a referência do 9 dentro da área.
O que não compreendo é tratar a convicção dessa forma, trazendo jogadores ruins para a posição que reflete o seu modo de pensar futebol, ou sequer trazê-los para oferecer alternativas ao treinador.
Damião é o único atacante do Inter com as características idolatradas por essa e direções passadas. Temos Roberson, Carlos, Potker, Nico e Sasha, e devo estar esquecendo alguém, e nenhum pra jogar como Damião.
Se essa é a opção do clube, manifestadas por seus dirigentes, que tenham a decência de trazer, pelo menos, dois jogadores com o mesmo estilo, como fizeram empilhando volantes iguais e ruins no passado recente.
Acho que o mínimo que se pode cobrar é coerência.Particularmente, não gosto do centroavante aipim, acho algo ultrapassado e previsível, mas o único com as mínimas características similares ao Damião era o Joanderson, que pode mostrá-las em parcos minutos antes de retornar aos aspirantes, deixando órfã a posição quando Damião não joga.
Algumas coisas seguem difíceis de entender.