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Futebol é simples e complexo, nós é que o complicamos. É muito simples porque seus conceitos são simples. Tal qual o xadrez, os movimentos das peças são fáceis de entender, assim como os movimentos dos zagueiros, goleiros, o chute, o domínio, o gol, o passe.

A complexidade está no adversário.

O xadrez tem modelos de jogo, táticas escritas, movimentos repetidos, e tem até o grande jogo da máquina contra o homem, o primeiro pelo Deep Blue, se não me engano.

Os modelos são conhecidos. Bob Fisher espantou o mundo ao sacrificar a rainha em 1979, ganhando um jogo memorável. Quem faz isso hoje, perde!

Falta ao Inter a compreensão da complexidade, e isso ficou muito claro contra o Palmeiras, no sábado.

O Palmeiras pressionou a saída do Inter, que tinha seus jogadores com capacidade de reter a bola bem marcados. Sarrafiore e Nico foram muito bem marcados, como Guerrero, e o resto ficou trocando passes até o balão.

Ainda assim, o Palmeiras só tem a bola parada, e o Inter viu a jogada se repetir, mas nada fez. Fora isso, uma outra chance na desatenção de Edenilson e Zeca.

Nosso problema está na complexidade que Odair não consegue ver durante a partida, exceto quando escancarada, como no grenal, quando teve o intervalo da hidratação para corrigir. Parece que sem intervalo, Odair não consegue interferir no time, e no intervalo dos 45 minutos, o time volta pior.

O Palmeiras foi dois, um até o gol, outro depois. Um marcou na frente, pressionou pela posse da bola, mesmo sem saber o que fazer com ela, o outro se retrancou apostando na velocidade do Dudu, e nas faltas e contenção do meio pelo povoamento. Felipão na veia, tal qual Bob Fisher sacrificando a Rainha, mas Odair não viu.

Tanto não viu que tirou Nico, e depois Sarrafiore, e o Inter secou no único item que teria para vencer um time retrancado com qualidade, o chute. Sim, convido os leitores a um pequeno exercício de memória, para lembrar quando Edenilson, Patrick, Lindoso, Iago ou Zeca chutaram a gol de média distância. Acho que só recorrendo ao Deep Blue.

D’Alessandro entrou bem, mas lhe faltou companhia. Odair viu na possibilidade do passe em profundidade para a velocidade de Parede uma solução, só que o Palmeiras já tinha fechado essa porta logo depois do gol, mudou o jogo e Odair não viu, ou achou que Felipão iria começar o segundo tempo como o primeiro. Errou duas vezes.

Aí veio Sobis, também de forma incompreensível, pois sequer finalizou, embora seja sua característica. O Inter se transformou no espelho do Palmeiras, jogando por uma bola parada, confiando em Guerrero. É muito pouco. A ideia de que a bola vai entrar no gol adversário sem ninguém direciona-la para lá ainda persiste.

O ataque com 3 jogadores é insuficiente, não é de hoje. A revolução moderna do futebol, a laranja mecânica do Holanda mostrava como um volante atacava, e o maravilhoso time de Telê Santana mostrou como os laterais viraram bispos em vez de peões, mas Odair insiste em forçar retrancas com volantes, esperando deles uma jogada de linha de fundo.

Essa filosofia de atacar com 3, defender com 7, consagra qualquer neófito de meio de tabela, nunca fará um campeão. Atacar com peões é mais difícil, o time precisa de mais cavalos, mais rainhas, mais bispos, mais futebol, independentemente da posição que ocupem; mas, sobretudo, precisa de um Bob Fischer, um Kasparov, um Mequinho, um Karpov, e não a primeira versão do Deep Blue.

De positivo, espera-se que uma lição tenha sido aprendida, e o desempenho de Zeca e Moledo, mesmo com as falhas isoladas. Perder para o Palmeiras não é um problema, ficar com 65% de posse de bola e não finalizar, esse é um grande problema.

P.s.: depois que o co-irmão comemorou a derrota contra o Santos, nosso infeliz diretor diz que mais passes certos deveriam valer vitória. Vale só o registro, pois comentar levaria a palavras impublicáveis.

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