4.3
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No meu primeiro post no BV, dada a véspera do grenal, preferi me ater na mudança que o colorado deveria ter na postura para a partida, e acabei não me apresentando.

Sou gaúcho lá da Fronteira (Sant’Ana do Livramento), advogado e residente na Capital há mais de 15 anos. Sou de família 100% colorada. Minha mãe é colorada fanática, não usa roupa azul e é fã incondicional do Falcão. É tão colorada que decorou a casa da chácara com temas alusivos ao SCI (quem chega dá de cara com uma placa com o símbolo do Inter e a frase “Seja bem vindo … mas não fale mal do meu time”), e meu pai é daqueles que muda toda a rotina para assistir aos jogos do Inter; daqueles que já esteve até em pronto-socorro depois de uma derrota sofrida em grenal por causa da pressão alta. Nascido na década de 80, cresci escutando meu pai e meus tios (todos colorados) contarem as histórias do timaço da década de 70. Chegava a sonhar com o Beira Rio lotado. Gostava tanto de escutar as histórias que depois ia direto ouvir discos de vinil (aqueles produzidos pelas rádios da época) com as narrações contando os jogos históricos do nosso Colorado. Mesmo nas sofridas décadas de 80 e 90, jamais deixei de usar a camisa vermelha e acreditar em dias melhores. E foram esses anos que me forjaram um colorado de verdade. O que veio nos anos 2000, com o crescimento e organização do clube e os inúmeros títulos foi o prêmio para o longo período de sofrimento combinado com sonho e esperança. Nos últimos anos, depois que o Clube deitou em berço esplêndido pós Yokohama (vou usar a expressão ‘berço esplêndido’ pra não ter que falar de todas as cagadas cometidas), permitindo que tempos sombrios nunca antes imaginados pela torcida viesse a acontecer – e que culminaram no desastre de 2016, muitas vezes dito e premeditado em diversos textos aqui do BV -, mantenho firme o pensamento das décadas passadas de que dias melhores chegarão.

Feita minha apresentação, gostaria de agradecer ao Schroder pela oportunidade em trazer meus pensamentos para este local de encontro de colorados de todos os cantos do planeta. Estou aqui, não tanto porque acho que tenho coisas relevantes para dizer, mas principalmente porque sou leitor assíduo do BV desde 2005, achando fantástico o formato do blog em que as coisas são ditas exatamente como pensadas, sem qualquer ‘rabo preso’ com ninguém. Foi com isso que mais me identifiquei, e acredito que é com isso que se identificam todos que vem aqui. Ao ver o chamamento de que o blog necessitava de mais colunistas assíduos, não poderia deixar de dar minha singela contribuição, pois minha principal intenção é motivar outros colorados a dar vida longa ao BLOG VERMELHO, em especial por ver um cara que está lá nos EUA vive o SCI como se morasse na frente do Gigante e percorresse os corredores do clube diariamente.

Dito isso, ainda quanto ao grenal ocorrido no último sábado, eu sei – o mundo sabe, e os quero-queros do Beira Rio sabem – que o time está em formação; que o Coudet está em PoA há pouco de mais um mês; que está sendo implantada uma nova filosofia de futebol na equipe; que o clube contratou novos jogadores; mas porra, não poderíamos ter perdido o jogo daquela forma, em que ficamos um tempo inteiro sem chegar perto do gol adversário. Mesmo que a postura medrosa adotada quando Odair era o técnico tenha mudado completamente.

E também não posso aceitar a lorota de que o grenal não apresentava valor prático algum.

Fui para o Beira Rio acompanhado dos mais de 30 mil colorados na esperança, e por que não dizer com uma certa euforia de que uma vitória convincente viria ao final dos 90 minutos. Tanto eu vi a torcida animada, que quem ouvia as opiniões no rádio escutava placares de, no mínimo, 2×0.

Mas não foi o que se viu. Pelo menos não foi o que eu vi. Em menos de 10 minutos a maioria vermelha do estádio viu que estávamos empolgados demais com o time. Mesmo que o segundo tempo tenha sido promissor, devemos considerar que o GFPA, além de ter uma equipe melhor encorpada, tenha tido outro ritmo por estar com um jogador a mais.

E temos que admitir, o Guerreiro está mal. Sei que o cara é matador e tal, e que volta e meia fica isolado, mas sempre que precisamos dele em decisões ele não está aparecendo para fazer o que mais sabe fazer. Tá chato ver ele brigando, resmungando e choramingando por que não consegue jogar. Como se os zagueiros adversários fossem se comover. Tá na hora de parar com essas cenas e voltar a jogar de verdade. Tá faltando vontade, foco e tranqüilidade. Diversos lances no meio que poderiam resultar em ataques foram perdidos de forma desleixada. E quando a bola chega na área ta faltando ‘tempo de bola’ (espero que seja falta de ritmo neste início de temporada). Alguém tem que chegar no cara e dar um toque. Por sinal, acho que essa história do assédio do Boca foi só para renovarem o contrato e aumentarem o salário dele, gastando mais uma grana do nosso já raspado cofre.

Se a vitória tivesse acontecido, provavelmente estariam dizendo que o Coudet era um cara de culhão, mas também é preciso dizer que a troca do Moledo pelo Bruno Fuchs num jogo desse calibre, foi assumir um risco por demais desnecessário, que inclusive pode ter ocasionado problemas internos referentes a administração do grupo. Mesmo que Moledo não tenha apresentado, até o momento, a característica solicitada pelo técnico de saber sair jogando, ele passa segurança para os demais companheiros, especialmente por não deixar o lateral desprotegido. A derrota no grenal passa pelo técnico e pode causar a perda de todo o planejamento ‘tranquilo’ para o restante do primeiro semestre, o que não aconteceria se vencêssemos o clássico. Se avançarmos na LA, a coisa não será fácil até maio. Se fosse outro técnico teria levado um pé na bunda.

O lance da expulsão do Musto é digna de dispensa por justa causa. Não se pode aceitar que uma cara que chegou com o cartaz dele – indicado como cara de confiança pelo próprio técnico – faça aquela falta amadora que ele fez. Merece um tempo no banco. Até para que se ache outro companheiro que faça o Lindoso jogar o que sabe, a exemplo do ano passado. Está faltando um cara com mais criatividade. Foi irritante ver troca de passes improdutiva e sem criatividade no primeiro tempo. Eu testaria o Nonato.

Ainda to na dúvida do melhor lugar do Dale jogar nesse novo esquema; mas pelo desempenho no segundo tempo, acho que ele deveria voltar para o meio, onde sabe como ninguém ditar o jogo e organizar a equipe.

E, por fim, não gosto de ser definitivo, mas os nossos laterais não têm condições. Moisés e Rodinei não apresentam qualidade mínima para serem jogadores do Inter. Se quiserem ganhar algo nesse ano, terão de ser buscados 2 laterais de qualidade. Os outros times candidatos a algo têm. Inclusive, tenho duas perguntas a fazer. Qual foi a última vez que tivemos 2 laterais de qualidade jogando juntos??? Quando deixaremos de tomar gol em bola aérea??

Espero que a derrota não tenha abalado a equipe para o jogo decisivo da Colômbia, onde torço por uma vitória.

PS: Sei que o tema é mais amplo, mas acho importante comentar que me senti assaltado por ter que pagar R$ 6,00 num copo dágua ‘quente’ na arquibancada, num calorão de 40°C.

PS2: Vou fazer o possível para os próximos textos serem mais curtos.

Saudações coloradas.

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