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A concentração e a mentalidade

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Há uma linha muito tênue que separa um time campeão e àqueles que ficam pelo caminho…

Muitas vezes a diferença é fruto de uma vitória a mais, um melhor saldo de gols, ou no nosso caso, derrotas inesperadas ou preciosos pontos perdidos pelo caminho em jogos contra equipes teoricamente mais fracas.

O que é necessário então para formar uma equipe vencedora?

Muitos são os fatores que influenciam, uma vez que as vezes milímetros de uma bola que bate na trave e não entra pode influenciar todo um campeonato. Entretanto destaco 2 aspectos que considero fundamentais, e os quais a nossa equipe tem pecado sistematicamente: concentração e mentalidade vencedora.

O primeiro, é fácil de explicar. A equipe nos últimos 6 jogos levou 9 gols. São 6 jogos seguidos sendo vazado, algo inédito até então (o recorde anterior era de 3 partidas).

Em 4 destes 6 últimos jogos estivemos na frente do placar (Chapecoense, Sport, Corinthians e Santos) e não conseguimos sustentar a vitória. Em todas estas 4 partidas, sofremos gols de desatenção, seja em jogadas de escanteio, em bola parada defensiva ou ainda pela completa falta de tato para simplificar, haja visto o lamentável gol de empate sofrido contra o Santos (um simples bico na bola teria resolvido tudo)

Basicamente, com a exceção do jogo contra o Santos (que melhorou muito com Cuca e tem a 2ª melhor campanha do returno, além de excelentes jogadores) tivemos preciosos pontos em nossas mãos contra adversários fracos ou desinteressados, e a falta de foco acabou por ser fatal. Time que quer ser campeão não pode, com todo o respeito, dentro das circunstâncias do campeonato, levar virada dos fraquíssimos Sport e Chapecoense, mesmo que jogando fora.

Já foi alertado que era necessário corda esticada os 90 minutos, e no momento que isto não é mais uma realidade, as deficiências de nossa equipe vem a tona. Alias, só Freud explica esse celeuma que temos em se complicar em jogos supostamente “fáceis”.

O segundo ponto é algo menos tangível, mas que certamente faz a diferença na derradeira hora que distingue-se quem vai colocar taça no armário ou não… Trata-se da mentalidade vencedora, aquele algo a mais que transcende a parte tática ou técnica, e que reside não somente nos jogadores, mas deve estar impregnada em toda a estrutura do clube, desde o presidente até o roupeiro…

É algo difícil explicar, mas a equipe de 2006 tinha esta aura que iria ser campeã a todo custo: não havia outra opção. Era como se fosse quase possível tocar a gana e a obstinação que aquele elenco tinha, e o resultado, todo sabemos. É óbvio que a construção desta mentalidade vencedora, esta fortaleza mental assim por dizer é um processo gradual, e que não se reconstrói da noite pro dia, mas em algum momento a partir de 2010 perdemos nossa essência vencedora,  e sem ela, voltaremos a fraquejar em momentos-chave.

Por mais doído que seja, é algo que parece neste momento não faltar ao coirmão. O jogo de ontem é a prova viva disso… Ou alguém acredita que um time com Leonardo, Cortez, Jael, Ramiro, Michel e Cícero poderia fazer frente a um Monumental de Nuñez lotado e uma equipe que não perdia em casa há mais de 30 jogos?

A naturalidade com que o coirmão enfrentou uma situação adversa, sem seus dois principais jogadores, foi assombrosa. É uma equipe cascuda, vencedora, e este é um processo que levou 15 anos para tomar corpo… Sai e entra jogador, alguns de qualidade técnica bem discutível, e continuam brigando lá em cima… O temor de ver o rival campeão novamente é real, apesar de nada estar decidido ainda.

É preciso a retomada da identidade vencedora, e não há espaços para retrocesso.

Num ano que as expectativas não eram muito favoráveis, uma série de acertos (Patrick, Moledo, Odair Hellman, etc) nos coloca em uma posição privilegiada de ter uma boa base, mas ainda carente de reforços pontuais; o maior deles, ao meu ver, o camisa 9, uma vez que Jonathan Alvez é uma decepção, Guerrero uma incógnita, e Damião pode não renovar.

Também não há substitutos confiáveis para Dourado e Edenilson, além da necessária oxigenação do grupo de jogadores, com a saída de atletas que não deram boa resposta.

No que toca a dificuldade que cada vez se torna maior de ser campeão, não é cedo para jogar toalha, uma vez que um empate ou mesmo vitória do Flamengo, aliada a uma vitória colorada contra o Vasco reabre o campeonato para nós.

Sem abrir mão do campeonato, já é necessário dividir esforços e começar a projetar 2019, ano que se anuncia com Libertadores e cuja expectativa de evolução, afirmação e ambições (e cobranças) mais arrojadas cairão sobre o clube que parece fadado a entrar em seu 9º ano sem títulos de expressão.

@Davi_Inter_BV

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