Planeta paralelo
Já foi bem dito por aqui que as pessoas que vem até o BV é para lerem sobre futebol, sobre Sport Club Internacional, perspectivas para o futuro da temporada do futebol e por aí vai. Mas a verdade, convenhamos, é que não dá para tapar os olhos para a realidade do mundo e o futebol não é um planeta a parte; jogadores não estão imunes e tem a obrigação de tomar posição responsável para com a realidade que não só se avizinha: ela está instaurada.
Pois, bem!
Até o presente momento não vi nenhum jogador brasileiro se apresentar e oferecer alguma ajuda ao combate ao coronavirus. A exceção de Taison (publicizado), que vem doando cestas básicas em Pelotas. Mas e abrir a carteira, quando vai acontecer? Jogadores dos grandes clubes do Brasil são privilegiados. Dispõe de salários que, na média, é 150 vezes (sim, estou sendo comedido) o que ganha um reles trabalhador e, no mínimo, deveriam ter um pouco mais de sensatez, contribuindo de alguma forma. Ainda que emprestando suas imagens, ao menos.
Ademais, que história é essa que não pode mexer nos salários? De novo a história do planeta paralelo. Incrivelmente, com tudo parado e com os clubes amargando um prejuízo fora do comum (dizem que o Inter já deixou de arrecadar pelo menos R$ 10 milhões tão somente pela ausência da renda dos jogos), ainda assim as “dondocas” (desculpem, não achei outro termo mais apropriado) acham que estão imunes, não necessariamente ao vírus, mas às suas consequências?
Sei que há casos e casos. Aqueles que não recebem em dia, certamente se preocupam com o efeito dominó, ou seja, piorar aquilo que já não está nada bom. Mas ainda assim, é de se convir, mesmo aqueles com salários atrasados estão numa condição bem melhor que a maioria, qual seja, nós pobres mortais. Eu sou um profissional autônomo. Privilegiado pois ainda tenho dinheiro para mais uns 10, quem sabe 15 dias. Mas e quem já não mais tem para passar a próxima semana, que é a maioria?
Portanto, é chegada a hora de se pensar um pouco mais no próximo e menos nos próprios caprichos. Falo, é claro, dos jogadores de futebol, mas isso vale para todos nós num momento como este. Aliás, aquele projeto (Bom Senso FC) que reivindicava melhores condições poderia voltar a existir agora, passando o chapéu entre os boleiros mais ricos (e acredite, não são poucos), para o fim de comprar respiradores para os hospitais espalhados pelo Brasil, ou ao menos para auferir algum tipo de renda aos jogadores desafortunados, que são a maioria neste país de gente pobre, vamos combinar.
Se o sol nasceu para todos, a tempestade também.
Criem vergonha na cara, boleiros. Desde já, me desculpo com as exceções que sabemos que existem, mas que seguem no seu trabalho sem divulgação e sem mídia. A todos vocês, nossos parabéns!
Reitero, por fim:
Vamos tentar evitar contatos desnecessários, resguardarmo-nos por mais alguns dias, ao menos. Ademais, preste atenção no que as pessoas sérias, que entendem realmente do que estão falando. Esqueçam os imbecis.
Boa sorte a todos nós.