O senhor dos milagres
Diz a máxima do futebol que um grande time começa por um grande goleiro. E a verdade é que devemos tomar isso como uma realidade talvez absoluta. Ao longo de nossas glórias, sempre tivemos arqueiros de qualidade debaixo das traves e alguns deles, inclusive, figuram como mitos na história Colorada.
Pois Manga, possivelmente, foi o melhor goleiro que já vestiu a camisa nº 1 do Sport Club Internacional. Haílton Corrêa de Arruda, o homem por trás do folclórico e extraordinário guardião das traves, não à toa carrega a fama de “Manguita fenômeno”. Muitos também se referem ao paraguaio Benitez como um jogador de técnica refinada, talvez o maior que já tenha por aqui passado, e talvez até mesmo superior à Manga, quando em forma.
Mas, e creio que essa dúvida parece inexistente, o goleiro que mais venceu vestindo o nosso manto, na história recente, foi Clemer. Que, aliás, nunca foi um arqueiro fenomenal e por aqui chegou amargando a reserva do Flamengo. Porém, fora figura imperiosa aos nossos títulos recentes, quer debaixo dos paus ou na sua liderança de vestiário.
Nossa base ainda revelou Cláudio Taffarel, que por aqui não marcou seu nome em títulos, mas firmou o Internacional como fábrica de goleiros, ainda que após sua passagem, destacaram-se mesmo, e tão somente a meu ver, André Doring e recentemente Alisson Becker. Este último, hoje na titularidade da Seleção Brasileira e taxado como um dos melhores do mundo na atualidade.
Contudo, precisamos falar do que temos: Danilo Fernandes e Marcelo Lomba. O primeiro aqui chegou e logo alcançara o título de ídolo emergente. O segundo, muito criticando de início, vindo a ganhar o respeito da torcida na sequencia de suas atuações. Mas qual deve ser o titular, afinal?
Creio que esta discussão já fora, inclusive, tema de coluna por aqui. Volto a tocar no tema porque me parece relevante, a medida que o então titular, Danilo Fernandes, voltou aos treinamentos esta semana, momento em que Marcelo Lomba vem ganhando destaque por sua relevante participação nos últimos jogos. Inegável que Danilo Fernandes já viveu melhor momento com a camisa Colorada. Andou tomando gols bobos, dos quais o mais esdrúxulo para mim foi aquele sofrido diante do Vila Nova, na reta final do Campeonato Brasileiro do ano pretérito. Mas o seu crédito já terminou e ele merece ir para o banco?
Pois esta me parece uma questão controversa. A titularidade de um goleiro muitas vezes vem da cota de cargo de confiança do treinador ou mesmo da torcida, superando questões técnicas. Entretanto, não refuto em afirmar que quando surgiram boatos de possível venda de Danilo Fernandes, ainda no ano passado, eu me posicionei favorável, simplesmente por achar que nossa escola de goleiros pede passagem, o que se confirma pelos jovens titulares do time de aspirantes e da copa São Paulo de juniores. Com Lomba e Danilo, alguns deles sequer um dia irão fardar e tem dinheiro sendo desperdiçado aí (considerando que parece ser esse o objetivo do futebol brasileiro atual).
Fins de não me furtar ao debate, creio que (ainda) Danilo Fernandes é o titular, condição esta, todavia, que não pode ser vista como absoluta. Que a paridade de armas privilegie a disputa entre Danilo e Marcelo, sendo que o que se sair melhor deve jogar. E ponto final. Aliás, não termina aí: tem que fechar o gol! Goleiro, afinal, tem de flertar com a magia de operar milagres.
Por fim, não posso deixar de fazer uma referência a todas as mulheres, em especial a minha Mariana e às Coloradas, por este seu dia INTERNACIONAL.