O centroavante
Futebol como não é uma ciência exata, acaba por ser um eterno vai e vem de conceitos. Um exemplo disto: assisti pouco da Copa do Mundo, mas do que vi me pareceu um futebol mais pragmático, tal qual aquele praticado na década de 1990. Pode ser só impressão, é claro, mas foi o que acho que vi.
Não vai muito, li e ouvi em muitos lugares que a figura do centroavante dentro de um time de futebol restava em extinção. Que na dinâmica moderna dentro das quatro linhas não cabia mais a estirpe dum jogador estático, que não exercesse mais de uma função. Daí surgiram jogadores com características mais versáteis, a exemplo de Nilmar e agora mais recentemente o Gabriel Jesus. Não satisfeito, ainda veio a história do “falso 9”. Falso 9? Sempre aprendi que produto falso tem prazo de validade e é bem curto. Enfim.
Pois perdemos na sexta-feira um ícone da história do Sport Club Internacional. O grande Claudiomiro. Um camisa 9 nato. Centravantão raiz, que na frente do goleiro sabia o que tinha que fazer com a bola: tocar para dentro! Tanto que foi dele o primeiro gol do Beira-Rio. E não podia ter sido de qualquer outro. Muito pertinente a homenagem feita pelo Schroder. Tudo só aconteceu porque Claudiomiro marcou aquele gol…
Retomando, a verdade é que o futebol não está pronto para prescindir de um centroavante em campo. Ao menos o nosso futebol tupiniquim, que ainda detém um “que” de nostalgia. Com isso, chegamos ao que temos: Brenner, Alvez e Damião. Talvez não seja a melhor lista de opções, mas sem cão é com gato que temos de ir à caça.
Na ordem, Brenner ainda é jovem e parece ter alguns defeitos de base. O mais importante deles é o medo de fazer o gol. Talvez não tenha o preparo emocional para jogar num time do tamanho do nosso. E isso tende a piorar com a saraivada de crítica dispensada a ele. O Alvez é uma incógnita, é bem verdade. Mas me parece um jogador útil.
A questão maior, pois, é Leandro Damião.
O Arthur, meu irmão, prefere ver o anticristo a ter de aceitar Damião no time. Quiçá no grupo. Cabe a mim e ao meu primo Maicon, no grupo colorado familiar do whatsapp, fazer a defesa do jogador que, preciso admitir, muitas vezes é uma tarefa ingrata já que são apenas 4 gols nos últimos 8 meses. Mas é o que temos, repiso. E dentro desta realidade necessário é buscar algum grau de otimismo, seja lá onde ele esteja, se é que existe.
Sei que Damião nunca mais jogará como outrora, nos seus áureos tempos, porém, não é inimaginável que lampejos daquele período ainda podem restar presentes em 2018. Que ele consiga voltar a pensar em tão somente fazer gols, ao invés de viver tentando uma nova bicicleta ou lambreta.
Outro grande centroavante da nossa história foi Dadá, a quem dizem que mal sabia dominar uma bola. Mas sabia fazer gols como poucos. Como bem definiu, “feio é não fazer gol”. Claudiomiro, um centroavante nato, como já referi, sabia disso e não por menos é um dos grandes artilheiros do Inter.
Então, Damião, ainda que eu possa não seja o melhor conselheiro, te digo: feio é não fazer gol!
PS.: E se tu fizer 3, Damião, juro que me obrigo a assistir o Fantástico para ouvir tua música!