Eu quero ser tetra!
Pode até parecer que não faz muito, mas a verdade é que o nosso último título brasileiro beira os quarenta anos. A julgar a expectativa de vida do povo brasileiro, já passa da metade de uma vida. É muito tempo, convenhamos. Já não se pode mais falar daquele timaço de 1979, o único que nunca perdeu, sem um ar pesado de nostalgia. Por isso que minha retomada falando de Sport Club Internacional, por aqui, não pode trazer outro tema senão o que dá vida ao título: eu quero ser tetra!
As conquistas continentais pelo coirmão criaram uma obsessão na mente de cada Colorado, chamada Libertadores da América. Seguimos por muito tempo perseguindo ‘La Copa’ e a simples conquista da vaga à Libertadores, aqui ressalvando o ano de 2005 onde o campeonato nos foi tirado sem qualquer cerimônia e vergonha na cara, passou a ser comemorada por nós como se título fosse. Mas não é.
Aí conquistamos a América em 2006, logo depois o Mundo, veio Sulamericana, duas Recopas, Copa Suruga, mais uma Libertadores e, ainda assim, voltar a conquistar a hegemonia do campeonato nacional não mais apareceu no horizonte do Sport Club Internacional. Vimos, nestes quase 39 anos, muitos clubes ganharem ascensão nacional, enquanto seguimos distante do Campeonato Brasileiro. Com a devida vênia, e proporção que merece, sequer campeões da segunda divisão nacional conseguimos.
Qual é a justificativa para não almejar mais o título do Campeonato Brasileiro nestes anos todos?
Respostas podem ser muitas, mas a principal a meu ver é a síndrome do coitadismo. Criamos, da diretoria até a torcida, a idéia de que vencer um campeonato brasileiro precisa de contornos épicos, quando a história recente, inclusive do ano passado, nos mostra que sequer é preciso ter o melhor time da competição. E é bem verdade que não temos o melhor time da competição, nem o segundo ou terceiro, mas a regularidade que conseguimos nas últimas rodadas antes da parada para a Copa do Mundo pode ser o suficiente, pasmem, para ser o primeiro colocado ao chegar da última rodada.
Dizia Dadá Maravilha, com propriedade, que feio era não fazer gol. Ora, ao nível do futebol brasileiro atual, feio não é ganhar aos trancos e barrancos, mas sim, não ganhar.
Não serei eu o profeta da ilusão, tal qual já referi aqui que não pretendo ser o do apocalipse. Mas como não me manifestarei antes da próxima rodada que marca a retomada do campeonato, julguei chegar o momento de abordar o tema de onde podemos e onde deveríamos, ao menos, querer chegar.
E eu quero chegar ao tetra campeonato.
Difícil? Claro! Impossível? Não! Imaginem se os jogadores da Croácia, finalista inédita da Copa do Mundo, pensassem em perspectivas quando o torneio começou. Pois sequer teriam passado da primeira fase.
Se o futebol tem dessas coisas e permite a cada nova rodada criar uma expectativa diferente, penso que é possível, sim, imaginar o Sport Club Internacional Campeão Brasileiro de 2018. Por isso me repiso: eu quero ser tetra!
Eu quero ser tetra!