442
442 é o número mágico do momento para o Inter, é onde tudo tem dado certo, ainda que com evidentes dificuldades.
Não assisti ao jogo de ontem, vi os compacto estendido do premier, com quase 60 minutos. Isso significa reduzir cada 45 minutos em 20 ou 25. Parece suficiente, mas ainda assim se perde muito do ritmo do jogo, da posse de bola e é focado no que eles entendem por melhores lances do jogo. Por isso, posso estar falando bobagens.
Do que vi, Odair iniciou no esquema que não vem dando certo, ou que tem encontrado muitas dificuldades para vencer os adversários. O 4141, com Nico aberto pela esquerda, e Pottker pela direita. Lá pelos 26/30 minutos, houve a troca entre Nico e Pottker. Até aí, jogo igual, embora o Inter com mais chances.
Pottker tem prestígio, empurrava qualquer outro jogador para qualquer outra posição. O lado direito era dele e ninguém mexia. Quando escalado como atacante centralizado, aguentou 25 minutos e trocou com Nico, contro o Ceará, e nada aconteceu.
Já tinha anotado que Pottker, no gauchão, antes da lesão, havia feito seus gols muito mais pelo centro e esquerda do que pela direita, onde acumulava uma ou outra jogada com resultado para o time. É curioso, porque era a posição onde atuava na Ponte quando foi goleador.
Bem, Pottker visivelmente decaiu de produção, e não vou discutir os motivos. Parece claro que o lado direito deixou de ser seu feudo, e, aos poucos, Odair o foi deslocando. Quando vi o início do jogo, fiquei meio decepcionado. Mas, lá pelo meio do primeiro tempo, houve a troca. Nico, claro, vem subindo de produção, ganhando prestígio, podendo escolher onde quer jogar.
Por favor, entendam essa escolha não como birra de criança, mas como uma conversa entre adultos profissionais que buscam o melhor resultado para o time.
Bem, Nico pela direita, e um pouco mais recuado, não como extrema, mas articulando as jogadas do time, apareceu mais, não só individualmente, mas para o time todo.
Pottker tem uma tendência irreversível de ir para a direita, é quase uma bússola procurando o norte, e isso fez com que entrasse na área sem a bola, coisa pouco vista no time quando atuava pela direita ou centralizado. E ainda foi ajudado por Damião, que deveria ser proibido de sair das cercanias da área quando o time tem a bola.
Por ali, Pottker fez dois gols numa só partida, pela esquerda, sem a bola. Notem, não é Pottker recebendo a bola nas intermediárias e correndo tresloucadamente até a linha de fundo e puxando para o pé esquerdo, é Pottker finalizando dentro da área, sem preparar as jogadas; Nico fez isso em um, e Fabiano cruzou noutro. Antes, uma bola no poste em que recebeu pelo meio e correu para a esquerda, e noutra, anterior, correndo pelo meio, vindo da direita.
Ou seja, espero que Odair tenha entendido que é possível que Pottker renda mais sem a bola do que com ela, e saindo do lado esquerdo em direção à área.
Além disso, a ocupação daquele espaço facilita a vida de Patrick e Iago, e do sistema defensivo.
Bem, com Nico jogando atrás dos atacantes mais agudos, o esquema deixa de ser o 4141, e passa ao vetusto 442, que parece coisa de velho, e por isso não é usado pelos jovens treinadores, mas me parece ser o melhor esquema para o jogadores que o Inter tem.
Bem, é importante considerar que quem retorna para fechar a segunda linha de 4 é Pottker, e não Nico, e essa inversão é muito boa, tanto pela surpresa que Pottker pode causar sem ficar aberto pela ponta o tempo todo, como porque Pottker tem mais velocidade que Nico, e mais chegada na área.
O terceiro gol é resultado de movimentação do ataque, tanto de Pottker que passa por Damião para o centro, como Nico, um dos poucos que invade a área sem a bola, e foi agraciado com um belo e imprevisível passe de Patrick.
Tudo isso merece um bom desconto por ser o Botafogo, desfalcado e com testes do novo treinador, mas o Inter fluiu mais do que em outras oportunidades.
É cedo para criar esperanças, nossas falhas defensivas apareceram com o novato Emerson e com Zeca, mas, aos poucos, e com uma lentidão impressionante, o time vai achando algumas soluções.
Pena que nossa tradição não seja de buscar os guris e adapta-los às necessidades do time; nesse contexto, Richard, Zé Aldo e até mesmo Sarrafiore (não vi nada dele no Inter ainda) poderiam ser treinados e testados na função do Patrick e Edenilson, principalmente deste último, para uma opção mais ofensiva sem descuido da marcação, e para uma alternativa à Patrick, que nitidamente o time não tem, e não parece querer que WS faça isso.
Enfim, feliz com uma goleada, 3º lugar, e 29 pontos ainda no primeiro turno, bem mais seguro que podemos pensar em ficar por onde estamos e não habitar a parte de baixo da tabela, sabendo, contudo, que ainda tem muita coisa para arrumar, mas há uma base que permite sonhar para o ano seguinte.