O ALQUIMISTA

O Fábio é o amigo mais Colorado que a vida meu deu. Exemplo de marido, pai, filho. Um Colorado apaixonado e com mais talento enquanto torcedor que eu, eis que sempre soube assimilar melhor as derrotas do Inter em campo, ao contrário desse que vos escreve que ainda está rancoroso com a partida da noite anterior.
O talento do Fábio também era (e é) evidenciado no campo profissional. Parecia até um alquimista, já que o que tocava “virava ouro”. Em suma, o que ele criava era sucesso e lhe rendera muitos frutos. Tudo dava tão certo que parecia que a sorte nunca lhe abandonaria. O que ele queria ou desejava ele tinha ou facilmente alcançava.
Até que um dia ele teve um problema de saúde. Nada muito grave para o contexto geral do que as pessoas entendem das doenças, só que o suficiente para abalar sobremaneira a mente do meu grande amigo Fabinho. Ele não estava acostumado com a ideia de não ter a sua vida e tudo aquilo a sua volta sob o seu total controle. Mesmo com os melhores médicos ao seu alcance, nem tudo se resolve com dinheiro.
A vida, enfim, mostrou-lhe que a humildade é, acima de tudo, uma razão de ser e não de estar.
Pois o Internacional perdeu sua primeira partida oficial no ano corrente, ontem, após uma sucessão de resultados positivos que pareciam tornar o time imbatível. Parecia, afinal, que seria assim para sempre, já que nem mesmo algumas más jornadas foram vistas desta forma; mas, sim e tão somente, espécie de estratégia do time que “se negava a perder”. Só que perdeu. Ontem. E para piorar um pouco o ranço aquele que comentei que tinha no início, dentro do Gigante da Beira Rio.
Uma nova má jornada, não necessariamente por falta de qualidade ou vontade, porém com excesso de confiança, talvez. Quem bate quase sempre esquece, contudo quem apanha jamais. De tanto bater sem apanhar um pouco de volta, acreditamos que jamais novamente haveríamos de ser suplantados em algum assalto. Com a graça de que a luta ainda não acabou e é a maneira de como vamos lutar na sequência que haverá de traçar o nosso destino no certame.
Tal qual a vida, o futebol não é uma alquimia em que a mistura de química, filosofia e misticismo irá gerar a “pedra filosofal” em forma de taça do mesmo campeonato em que já ganhamos três, mas isso foi há tanto tempo que muitas gerações já se passaram sem entender e conhecer de tal ciência.
O Fabinho logo superou aquilo tudo e entendeu que nunca foi ou será imbatível. E mesmo vivendo bem de vida hoje no Nordeste do Brasil, não deixou de estar ao meu lado quando mais precisei do seu ombro amigo. Choramos, caímos, levantamos e vencemos juntos.
E assim como o meu grande e fiel amigo não me abandonou quando eu mais precisei, eu também não irei abandonar o Sport Clube Internacional quando ele de novo precisa de mim. Com humildade e com aquela velha certeza que o próximo jogo é sempre o mais importante.
E que clássico não se joga, se ganha!
CURTAS
– Professor Roger é sempre pragmático na sua performance enquanto técnico. E talvez tenha sido até demais nos últimos dois jogos;
– Derrota dura, principalmente porque veio quando o time estava melhor na partida;
– Jogo de ontem lembrou um pouco aquele contra o campeão brasileiro do ano passado, na reta final do ano. Naquela vez sucumbimos e nesta também;
– Bernabei é um Senhor lateral, mas mesmo jogadores do seu quilate por vezes erram e comprometem;
– Devo ter dito aqui que Rogel detinha feiura e loucura que lhe asseguraram lugar no grupo. O problema é que o futebol não.
– E aí não adianta ficar achando que vamos algum lugar insistindo com o mesmo;
– Nada de terra arrasada ou com a ideia de já entregar os pontos. Mas que Valencia e Borré seguem devendo quando o “bicho pega”, é apenas não querer viver só de ilusão;
– Fernando tem 37, BH a caminho dos 36 e AlanPa a idade de Cristo. Ou colocamos alguém jovem e com pulmão na meia cancha ou perderemos o setor com frequência. Acreditem, de velho eu entendo bem;
– O tamanho da fome é que diz o que queremos, diria o Professor. Tá na hora de parar de viver de barriga cheia antes das partidas, logo;
– Na história do Internacional, com o “rei na barriga” nunca chegamos a lugar algum, é preciso reconhecer;
– Presidente Barcellos já parece ter apreendido o caminho. Ou compra a bronca contra o sistema, ou ano que vem ainda estaremos lamentando mais um título que tiraram de nós.
PERGUNTINHA
Qual a fome deste time do Inter?
Não importa se o rival está em crise. Vamos por nós. Vamo Inter!
PACHECO