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Cresci lá fora como já abordei do tema por aqui mais de uma vez. Tínhamos  um galpão de madeira com girau, algo que certamente deixou a obra da sua construção mais complexa. Obra, aliás, de meu avô, que derrubou uns pinheiros e na força do braço construiu aquela maravilha xucra da engenharia: grande, imponente e funcional. Colunas de mourões, vigas, travessas e tesouras tudo de madeira bruta. Ninguém sabe ao certo o ano, mas tenho para mim que fez tudo aquilo ainda na década de 1920; sem auxílio de ferramentas mais adequadas, ergueu o galpão na força do braço e com o auxílio de uma pua, um serrote, um formão, martelo, prego, machado e facão.

Eu já era adulto, morava na Capital e o Sport Club Internacional já era tri campeão brasileiro, quando meu pai resolveu reconstruir o galpão com pedra ferro e estrutura de concreto. Outra obra belíssima, ainda mais para aquele fundão de campo. Parte da madeira do velho galpão segue lá, dividindo seu interior e assegurando o velho girau que fez questão de manter, para a alegria da criançada que foi surgindo na família.

Lembrei desta parte da minha vida dias atrás assistindo um documentário sobre os castelos da Romênia. Isso, pois aquela gente construiu obras de arte num tempo que ferramentas eram precárias a se comparar com o dia de hoje, com agravante: na grande maioria erguidos sobre montanhas, picos. Verdadeiras pirambeiras. Não há como não comparar com os dias de hoje, quando se constrói de maneira industrial, praticamente, sem que para tanto haja beleza e muitas vezes até mesmo qualidade naquilo que se ergue do chão (quase sempre plano). Não critico nada e nem ninguém, apenas estou sendo nostálgico como sempre.

Até mesmo as edificações são efêmeras na atualidade, tal qual toda nossa vida.

O futebol não foge muito disso, é verdade, mas é uma das raras exceções que sempre podem fazer com que o time que nem tem o investimento mais significativo ou que tenha “industrializado” a prática de sua atividade fim, transforme o xucrismo em título. São diversos fatores envolvidos, emocionais, táticos, técnicos, físicos e até que se revestem de coisas subjetivas: as vezes basta um “alinhamento dos astros”. No creo en brujas pero que las hay, las hay. Logo, quem está mais perto de tudo isso ou mais “alinhado” pode vencer e surpreender.

O futebol do Internacional já não é mais surpresa para o restante dos times do campeonato, tampouco para os olhos dos “especialistas” do resto do país. Todavia, seria assombro até mesmo para o maior dos otimistas, posto em que me incluo, se chegássemos na última rodada do brasileirão, ali em dezembro, na primeira colocação. Só não seria surpreendente para o futebol e sua magia.

Com poucos recursos e com parcos conhecimentos de engenharia, meu avô ergueu seu galpão imponente no meio do nada e apesar do mau agouro da vizinhança. Nada é impossível se os astros estiverem alinhados com o nosso Inter, pois.

Da engenharia do time em campo o Professor Roger já detém o conhecimento, tanto que seu mecanismo tem funcionado e os resultados estão aí para não me deixarem mentir. Alternativas, tanto na forma de jogar quanto em material humano para mudar uma partida, também temos. O foco parece estar presente, igualmente. Jogadores, comissão técnica e staff em geral têm demonstrado trilharem do mesmo caminho. E o time em campo está feliz, assim como fora dele.

Logo, nos falta agora um alinhamento de astros para que possamos dar o golpe de misericórdia. Improvável? Sim. Impossível? Acho a resposta está no ato de coragem do meu avô que mostrou do seu valor a marteladas.

Coragem, Internacional!

 

CURTAS          

– Professor Roger Machado demonstrou de uma felicidade com a vitória no clássico que vai muito além duma conquista de treinador;

– Enviaram-me um vídeo da família do Borré, que agora tem um camarote personalizado no Beira Rio. Sem ser otimista demais, mas este tipo de história já conhecemos bem e seu resultado mais ainda;

– Alan Patrick está jogando o fino da bola;

– No campo técnico, nada supera a contratação do Fernando no primeiro semestre; e ao que se tem visto, de Bruno Tabata agora na parte final do ano;

– Bernabei é um lateral muito valoroso, ainda que a grande maioria das jogadas adversárias saem nas suas costas. Mesmo assim, fazia horas que não tínhamos um lateral esquerdo do seu quilate;

– A renovação com o grandalhão Ricardo Mathias foi a ótima notícia do início da semana. Nos renderá frutos dentro e fora de campo;

– Valdomiro Vaz Franco merece tudo isso em muito mais. Além de ter sido um jogadoraço, foi o maior Colorado que já tivemos nos representando dentro de campo. E o maior camisa 7 do Sul, sim. E ponto final;

– Contudo a cereja do bolo foi o vídeo do Sr. Airton Sakis, narrando da nossa história de 79 anos de paternidade em uma analogia com sua fidedigna existência. Vi a minha própria vida como Colorado passar diante dos meus olhos com esta obra prima do marketing do Clube e me emocionei. Esta terra tem dono. E muitos como eu que vivem desta paixão uma vida inteira.

 

PERGUNTINHA

Não falei que venceríamos?

 

Esta terra tem dono! E logo tomaremos o Brasil também. Coragem, Internacional!

PACHECO

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